Há 20 anos, Atlético se sagrava campeão paranaense
Neste 30 de julho, completam-se 20 anos de um memorável triunfo do Atlético: o título estadual de 1988, conquistado diante do extinto Pinheiros.
E como recordar é viver, segue transcrito o registro histórico desta Furacao.com, para fazer bater mais forte o Coração Atleticano, sempre voltado aos feitos do presente e às glórias do passado.
1988 – O último título com a camisa em listras horizontais
O goleiro Marolla estava de volta. E com ele sua estrela que já brilhara no Santos e no próprio Atlético três anos antes.O Atlético vinha se reerguendo, após sérias crises financeiras dos anos anteriores. Seria a primeira vez que o rubro-negro colocaria em campo jogadores oriundos das categorias de base e formados nos campos do PAVOC, onde treinavam juvenis e juniores, bem orientados pelo competente treinador Zequinha.
Todo o esforço do presidente Valmor Zimermann, do diretor Osni Pacheco, aliada a competência do novato treinador Nelsinho foi recompensado após o time vencer o Pinheiros nas finais, depois de três partidas.
Durante a competição o Atlético fez uma bela campanha, inobstante derrotas inesperadas como as contra o Iguaçu, de União da Vitória e para o Apucarana, no final do primeiro turno. Mantendo a regularidade e contando com tropeços dos principais adversários, o Atlético foi às semi-finais, quando segurou um empate heróico com o Colorado na Vila Capanema e acabou vencendo no Pinheirão, com um gol do então veteranos Assis, que, com seus 32 anos voltou à Baixada para vestir mais uma faixa de campeão.
Liderados por Carlinhos, o Atlético sagrou-se campeão no Estádio Pinheirão..
Nas finais, enfrentando o Pinheiros o Atlético teve muitas dificuldades. Aliás, o Furacão ainda não havia vencido o time da Vila Guaíra durante a temporada. Na primeira partida, realizada na Vila Olímpica do Boqueirão, um sonolento Atlético deu brechas para que o Pinheiros fizesse 1 a 0 e tivesse várias chances de gol. A torcida, que tomava conta de mais da metade do campo adversário começou a gritar ATLÉTICO descompassadamente e assim, na base do improviso acabou nascendo um dos gritos mais característicos da nação atleticana. Mãos ao alto, socando os céus, gritando devagar A-TLÉ-TI-COOO.
O time entendeu o recado e pressionou o Pinheiros até que o pequeno ponta esquerda Vilson cabeceou e empatou a partida, no fim do jogo. No segundo jogo, com o Pinheirão transformado em um mar vermelho e preto, o Atlético fez uma boa partida, sofreu pressão do Pinheiros no início da segunda etapa, mas soube se impor e teve um pênalti assinalado sobre Manguinha aos 43´da etapa derradeira. O craque Carlinhos bateu, mas o goleiro Toinho defendeu. Tudo ficou para a última partida.
Enfim vitória sobre o Pinheiros
A ousadia em tirar o meia de contensão Roberto Cavalo e pôr Luis Carlos Oliveira, bem como arriscar com Manguinha desde o começo tinha seu propósito. Segundo o treinador Nelsinho Batista, o Atlético poderia até perder, mas empatar não, porque o Pinheiros estava entalado na garganta.
E o resultado prático foi o esperado. O Atlético tomou conta do jogo, e principalmente o craque Carlinhos, que havia chorado copiosamente após perder o pênalti da partida anterior, fez uma de suas melhores partidas. Com lances bem orquestrados pelas duas laterais, o Furacão fez com que o folclórico goleiro Toinho, do Pinheiros, até se esquecesse de provocar a torcida atleticana, um de seus esportes favoritos.
O placar poderia ter sido movimentado logo aos 5´da primeira etapa. Após escanteio batido por Serginho, o zagueiro Adilson cabeceou para belíssima defesa de Toinho. O Pinheiros só chegava em chutes de longa distância de Dirceu Pato e o perigoso artilheiro Dadinho era bem marcado, além de estar muito isolado no ataque.
Com saídas rápidas de Carlinhos pela direita e Serginho pela esquerda, o Atlético cadenciava o jogo, até que aos 22´do segundo tempo, quando a torcida já começava a contentar-se em soltar o grito de campeão mesmo com o empate, o contestado atacante Maguinha escorou cruzamento de Serginho e completou para o fundo das redes, marcando seu sétimo gol na competição e dando à torcida rubro-negra a alegria de sua 15º conquista estadual.
Final – Paranaense – (30/07/1988) – Atlético 1 x 0 Pinheiros
L: Pinheirão; A: Tito Rodrigues; G: Manguinha, 22´do 2º.
ATLÉTICO: Marolla; Odemílson, Fião, Adílson e Luís Carlos; Cacau, Wilson Prudêncio e Oliveira (Dicão); Carlinhos, Manguinha e Serginho. Técnico: Nelsinho Baptista.
PINHEIROS: Toinho; Dirceu Pato, Newmar, De Rossi (Pacheco) e Dionísio; Roberson, Adalberto (Sílvio) e Marinho; Geraldo Touro, Dadinho e Valbert. Técnico: Cláudio Duarte.
A Campanha
27 jogos: 11 vitórias / 10 empates / 06 derrotas / 21 GP / 16 GC
Primeiro turno
Atlético 1 x 0 Grêmio Maringá
Platinense 0 x 1 Atlético
Atlético 1 x 2 Cascavel
Pato Branco 2 x 0 Atlético
Atlético 2 x 0 Coritiba
Atlético 3 x 1 Matsubara
Pinheiros 1 x 0 Atlético
Iguaçu 0 x 1 Atlético
Atlético 2 x 1 Colorado
Londrina 0 x 0 Atlético
Apucarana 2 x 0 Atlético
Segundo turno
Grêmio Maringá 2 x 2 Atlético
Atlético 0 x 0 Platinense
Cascavel 0 x 0 Atlético
Atlético 1 x 0 Pato Branco
Coritiba 1 x 1 Atlético
Matsubara 0 x 1 Atlético
Atlético 0 x 0 Pinheiros
Atlético 2 x 1 Iguaçu
Colorado 1 x 0 Atlético
Atlético 1 x 0 Londrina
Atlético 0 x 0 Apucarana
Semifinal
Colorado 0 x 0 Atlético
Atlético 1 x 0 Colorado
Final
Pinheiros 1 x 1 Atlético
Atlético 0 x 0 Pinheiros
Atlético 1 x 0 Pinheiros
Personagens
Carlinhos: para o técnico Nelsinho, ele foi o grande jogador da conquista de 88. "O Carlinhos era considerado o craque do time", conta o treinador, que apostava tanto as suas fichas em Carlinhos que acabou deixando o consagrado Assis no banco. Foi um ponta-direita rápido e driblador. Ele sempre encantou a torcida com suas jogadas ousadas.
Marolla: mais uma vez um goleiro destacava-se numa conquista do Atlético. Assim como em 1985, Marolla fez sua estrela brilhar, ajudando o Furacão em mais uma conquista. Naquele ano, Marolla liderava uma defesa comandada pelo jovem Adilson, que foi muito aconselhado por ele. Nas partidas decisivas, Marolla mostrava sua frieza, caracterizando-se como um goleiro que além de muita técnica, contava com bastante sorte.
Manguinha: mesmo longe de se tornar ídolo da torcida, Manguinha entrou para a história rubro-negra. Esse mineiro, que na época tinha 25 anos e já havia rodado por diversos clubes, foi preterido do Guarani por sua documentação ainda não estar regularizada, dando chance a um garoto recém promovido dos juniores. O nome do garoto? Evair, que marcou dois gols na estréia e não saiu mais do time. Manguinha acabou vindo para o Atlético como contrapeso na venda de Pedrinho Maradona e Marcão para a equipe campineira e aqui fez o gol do título de 1988.