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5 ago 2008 - 9h56

Tensão máxima

A corda esticou e esticou. A paciência da torcida com o investimento em patrimônio ainda não trouxe o retorno esperado. O jeito é equilibrar as ações, investindo em jogadores e também em patrimônio.

Com a palavra, o Presidente Petraglia: “Chega! Já investimos demais prejudicando o futebol. Até hoje, foi de lá que tudo saiu. Esta maravilha de Arena, nosso CT e todas as contas pagas, foram algumas de nossas conquistas ao longo destes anos. Agora vamos reinvestir todas as rendas na própria ‘bola’. Chegou o momento do retorno dos sacrifícios e investimentos”.

Acredito que os investimentos em patrimônio foram até o limite da paciência da torcida. É louvável a visão empresarial do presidente em querer formar uma infra-estrutura perfeita para depois obter o retorno. No entanto, há que se conjugar vários interesses, dentre eles, o lado empresarial e o da paixão futebolística.

O Atlético Paranaense já consolidou um patrimônio considerável. Além de, orgulhosamente, ter suas contas em dia.

Agora, está na hora da “segunda fase” do projeto. Se você fosse empresário e construísse uma fábrica de sapatos, o que faria? Obviamente, venderia sapatos, investiria na qualidade do material, avaliaria as necessidades dos consumidores, investiria em marketing. E o que você faria se fosse empresário e construísse um clube de futebol? Sem dúvidas, venderia futebol.

A fábrica do futebol atleticano já está construída. Há setores que ainda necessitam de equipamentos melhores, existem também, os projetos de ampliação. Todavia, chegamos a um ponto que a empresa quer expandir, ao mesmo tempo que deve manter a qualidade de seu produto. Essa tensão, entre ampliar a fábrica e melhorar o produto, pode conduzir a empresa ao fracasso. Não adianta querer aumentar a fábrica e descuidar da qualidade do produto, pois não se conseguirá sustentar a fábrica. O contrário, também se verifica. Não se pode investir maciçamente no produto perecível e deixar a fábrica de lado, pois a fábrica precisa de reparos para manter a qualidade do produto e se adaptar às necessidades de um mercado competitivo.

Além disso, o produto futebol é instável. Às vezes, todos os cuidados são realizados, mas o resultado não é tão bom quanto se espera. Para esse tipo de risco, é necessário que a empresa esteja saudável e bem estruturada, enfim, preparada para enfrentar épocas de crise.

A estrutura da fábrica e a qualidade do produto devem andar de mãos dadas. Um não pode se afastar do outro, sob pena de ambos desaparecerem.

O consumidor do futebol é diferente dos demais consumidores. Ele é um torcedor. É alguém que escolheu aquela empresa e quer consumir o produto por ela fabricado; não por ser o melhor, mas por ter escolhido aquele produto e aquela empresa. É fiel. Não se desvincula. Não existe outra forma de melhorar as coisas, a não ser acreditar naquela empresa, porque o produto customizado, só ela pode fabricar. Ninguém mais.

Isso é mais do que consumo. É amor. Não se diga que é paixão; paixões não duram a vida inteira, nem atravessam gerações. Os torcedores querem que as coisas melhorem. Querem um motivo para confraternização, querem acreditar num mesmo sonho. E continuarão a ser torcedores, mesmo que a qualidade técnica do time seja ridícula. Serão torcedores até o dia em que a esperança findar.



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