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26 ago 2008 - 13h17

Passei a régua

Pediram, voltei pois. Então tentarei uma síntese do ano 2008, que se acaba antes do fim. Melhor falar agora, porque depois será muito mais fácil encontrar as ‘explicações’ do nosso lado ou as ‘desculpas’ do lado deles.

Sim, porque há alguns anos se evidencia explicitamente e também se reforça a cada campeonato a dicotomia entre torcida e diretoria, a partir desta, é claro. A estrutura louvada e qualificadamente erigida tornou-se a própria testa de ferro destes homens-enigma, cuja beleza material (daquela) pode e hoje parece esconder o mais podre dos desejos.

Como reclamar, diante da imponência do melhor estádio do país? Ou do melhor CT das Américas? E a projeção internacional alcançada? Injustiça falaciana aos que se insurgirem contra este estado de coisas perante a modernidade patrimonial adquirida? Mal agradecimento, desrespeito ou galhardia?

Nada disto. Chegou-se num ponto hoje, em que o questionamento do establishment é obrigatório. A ponto de todos (deste lado) estarmos perguntando sobre a relação custo/benefício. Se vale a pena termos um magnífico teatro grego, mesmo com os atores que lá se apresentam, o fazendo em peças indubitavelmente envergonhantes, dignas de fechar a cortina no começo do segunto ato, levantando da cativa ou desconectando o cabo.

Então nasceu 2008, cuja gestação iniciou-se nos idos de 2005. O que fazer para impulsionar a empresa? A segunda meta foi cumprida: o RECORDE. Coisa para americano ver: o povo de Dallas City deve ter chegado ao clímax. Arrendamos o american way of life. Não importa de que maneira, e sim as vitórias: we are the champions, eternity. Dane-se se os artilheiros eram os zagueiros, se as goleadas vinham de bolas paradas, quando não do aposentado Marcelo Ramos dentro da pequena área, a fuzilar a meta dos goleiros sem luvas de Rio Branco, Engenheiro Beltrão, Paraná, Matsubara, Urano Club ou Jandaia’s Team: o grande campeonato paranaense, o onairevesco referencial do mundo da bola.

O placar dizia tudo e ninguém via nada. Bastava prestar o mínimo de atenção, que podia se concluir facilmente sobre a morosidade do compasso da primeira meta, a MANUTENÇÃO DO TÉCNICO Ney Music Franco.

-‘Dá-lhe, dá-lhe dá-lhe ô, ô ô, dá-lhe Atlético!’

Cantar era preciso, embora a ilusão fosse a partitura. Onde a clave de sol ofuscava a realidade: leigos, a entonar melodias sobre a falsa tablatura. Mexeram com o subconsciente das pessoas, tal qual determinadas religiões fazem para agregar fiéis. Cantai-vos, irmãos, antes da próxima sacolinha! O discurso foi capaz de levar à comoção, cujas lágrimas banharam os corações de todas as gerações no dia da festa.

Chorávamos, mas não sabíamos verdadeiramente por quê. Os olhos focavam a estrutura. Respirávamos o ar do futuro, escutando o sofisma da transformação. Podíamos quase tocar a identidade, mas, caros expectadores: sem o gosto dos títulos. Inverteram-se os valores, o principal passou a ser descartável, diante do opulente esplendor do Cavalo de Tróia.

Apelaram a eles (os verdadeiros Atleticanos da história), trazendo-os ao campo. Outros vieram do ceú para ficar ao redor. Nós nas arquibancadas (nosso lado), montados no cavalo de J. J. Benitez. Compramos cubos de açúcar e o alimentamos. Cada sócio-furacão e cada pay-per-view correspondeu a 1 kg de alfafa. Somando talvez, creio eu, mais de 22 mil Kg por mês, o que contabiliza algo assim em torno de 1 milhão de reais, mensalmente.

-‘Ainda é muito pouco! O Inter tem uma receita quase duas vezes maior!’ – disse alguém do lado de lá.

Tivemos a boa-fé. A depositamos (ou depositamo-la: me ajude prof. Rafael Lemos) nas mãos deles. Começava a se atingir a terceira meta: ADESÃO de SÓCIOS.

Isto conquistado, era hora de anunciar a mão da diretoria: depois de tanto darem o braço a torcer (bandeiras, bateria, etc), chega o momento de mostrar que ela existe: a mão esquerda deu thau principalmente para Ferreira e Claiton. Ou seja, com a direita, enfiaram um dedo em nosso cú. Sem avisar. Hoje pensar…será que era momento de sacrificar o time em causa financeira? Alguém aí na linha ainda não tem esta resposta?

Mas a fila anda. Mudaram os campeonatos. O time virtualmente ótimo começou sua derrocada. Danilo capitão. Gol dos coxas, em mais uma presepada sua. E tem gente ainda que mete a culpa no Vinícius. Outra incógnita? por que diabos Danilo e Alan Bahia são intocáveis até do lado de cá? Alguém aí tem esta resposta?

Copa do Brasil. Coitado, Ney precisa de reforços. Pede, eles vêm, mas pro time B, nem banco dá. Ney recua. Gol dos Gambás de Maceió. Estranho.

Ney vai cantar n’outra freguesia. A bem de sua filosofia, trouxeram um sujeito animalesco para ser revelação, já que o CT não despontava ninguém para aproveitar no time principal, a não ser para vender no mercado, na feira internacional. O (ir)responsável pela contratação de Bob se escondeu atrás do escudo ‘diretoria’, da decisão colegiada. Pior do que isto, foi a manutenção do mesmo. Gionédica estratégia para caminhar à segundona: 17 rodadas persistindo no erro, no maior exemplo de ignorância já visto nas cercanias do trezentino palanalto paranaense.

Tudo em nome da arrogância, da teimosia, do nariz empinado que atrapalha o foco dos óculos pequenos, dos fios do grecinado cabelinho chanel que o vento balança atrapalhando a vista sobre a gravata verde. Mas todos em uníssono:

-‘Estamos fazendo o melhor pelo Atlético!’ – disse o Maculado sobre o empenho dele e de seu departamento.

Departamento? Podia se chamar assim? E o que dizer do Departamento Médico? Era este sim um estaleiro, e o primeiro uma estalagem. Na real, eram dois ‘Sepultamentos’: gente remunerada pra fazer cagada. Isto é modernamente empresarial? Funcionários aprendizes? Diretores que desprezam o risco? Que ignoram as consequências em prol das causas próprias? Onde esta você, Roberto Justus? Eliana não mais lhe estendeu os seus dedinhos. Pois enfiou todos em nossos cús, again.

Além cúmulo, o fracassado volta para Timbuctu. E a terceira meta ergordando, paradoxalmente. Olhar para as arquibancadas e nos escutar, seria positivo? Não, tanto que o Positivo foi para os coxas. Tanto que não foi preciso nem patrocinador principal. Nem renovar naming rights: a auto-suficiência imperou. Porque a terceira meta engordava sem parar: o negócio dava certo.

Veio outro deles. Outro filosoficamente partidário da incapacidade. Com o velho lema da inovação, chega carpegianemente às raias do absurdo, dentro de um ritmo tipicamente vadânico. Era tudo o que eles queriam. E por que?

Porque há uma QUARTA META. Desejo obscuro e insaciável dos homens-enigma. Das profundezas do consciente lhes emerge, mas ainda não vem á tona, esta misteriosa libido, onanisticamente secreta, principalmente para quem tem viseiras.

Mas há um cheiro ruim no quarto. No banheiro e na sala. Em todo o teatro. O jardim está proibido. Imaginar o que vaza por lá.

E o véu se desfez, para todo aquele que raciocina sobre o CAP. Quem não reflete, é porque tem medo, então de ficar sem o ‘comando’ da diretoria, que tanto bem lhe trouxe. Sustenta os desmandos, elogia o passado e assina embaixo o presente. Presente de grego, pois é o cavalo de Tróia como já disse. Apoiá-los, é fugir da realidade, é sentir-se anjo discípulo do intitulado deus MCP, para mim Inri Cristo das araucárias, auxiliado agora pelo fundamental hominho de Nazareth.

É não reconhecer a doença incurável, é trotar equinamente pela auto-estrada, andar de carro pelo centro com o vidro aberto, é passear na vila Zumbi, é fazer amor sem camisinha. Isto é, é a negação do óbvio. No popular, são as ‘mulheres de malandro’: mais tomam, mais querem. No american stile, são os baby-faces: carinhas de boneca, linda bonequinha sem pilha. Que torcem pelos jogadores do mais novo time de bonecas do sul: as bonecas passivas, que transexualmente aparecem nos gramados para dar o rabo para os adversários. Só que dão um rabo que não é deles.

Enfim, resta a todo Atleticano decifrar o que seja A QUARTA META. Se chegamos ao ponto de especular, é porque o negócio é uma negociata, muito mais sério do que se pensa. Eu já tenho opinião formada: a ‘crise’ é proposital, objetiva algo relacionado à REDE TV! Se eles tem direito de bizarrear por estarem diretores, tenho dever de manifestação por ser Atleticano, o que somos mais do que qualquer um que lá esteja.

Um é pouco, dois é bom, 3 demais. Não atenderei a mais solicitação de escritos. Isto porque já me encheu o saco falar a mesma coisa. E porque já passou da hora de todo mundo saber o que ocorre. Pena que também passou da hora de tentar arrumar, consertar, curar.

Passei a régua: noves fora, saldo negativo. A responsabilidade da dívida não é minha. É daquele ‘deus’ e de sua tribo que o venera.

A diferença é que a turma da tribo não tem o escudo da diretoria para se esconder. A diretoria irá não apocalipticamente embora, eles ficarão.

Passearão pelas ruas marcados. Escrito na testa, os fiéis do caparanaense.com. Os co-responsáveis pelo time.cu. Os torcedores de segunda categoria. Os adeptos da filosofia gionédica. Os petraglistas, ou os verdadeiramente FALSOS ATLETICANOS.

Em dezembro, quando a barriga do cavalo se abrir, falecerão suas consciências. Pela conquista da QUARTA META. Ou seja, a SEGUNDA DIVISÃO.

Saúde a todos. Principalmente aos componentes da nova chapa, ora dormentes.

-‘Erguei-vos, revolucionários: ataquem, e sem qualquer ternura!’

Errata: até 2010.



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