30 ago 2008 - 23h45

"Alberto voltou", por Maurício do Vale

Alberto voltou. Talvez para a geração Arena, esta notícia não cause "aquele" impacto. Porém, para os que acompanham o Furacão há mais tempo, a boa nova deve ter trazido excelentes recordações. As lembranças são inevitáveis, valendo citar algumas.

O sucesso de Paulo Rink e Oseás

Em 1995, a dupla de atacantes Paulo Rink e Oséas tirou o Atlético da sarjeta da 2ª Divisão, após árdua disputa contra times hoje inexpressivos, tais como Goiatuba, Barra do Garças e Central de Caruaru. Em 1996, era necessário mais do que apenas dois bons atacantes para permanecer na elite. E surgiu Alberto. Cruzamentos milimétricos para a área adversária, onde dois cabeceadores impiedosos aguardavam apenas para empurrar para o fundo das redes. E foi assim, contra um Palmeiras que tinha Djalminha arrebentando e, até então, líder invicto do Brasileirão de 1996, que Alberto tirou o zagueiro Clebão para dançar e cruzou para Oséas determinar a primeira derrota do verdão original. Após o Brasileirão de 96, Oséas foi vendido para o próprio Palmeiras por um caminhão de dinheiro na época, sendo que Paulo Rink alçou um vôo maior e foi parar na Alemanha, por uma outra boa quantia. Com a venda dos dois artilheiros, sonho da Arena começou a surgir. Mas uma boa parcela do sucesso da dupla de avantes é devida a Alberto, um dos melhores laterais-direita que já passou pelo Furacão.

A vergonha das Laranjeiras

Ainda no Brasileirão de 1996, um episódio que manchou a história do futebol ocorreu nas Laranjeiras. O tricolor carioca (das três cores que traduzem tradição) estava mal naquele campeonato. E o Furacão passeava em campo, com Ricardo Pinto fechando o gol rubro-negro. Perto do fim do jogo, após inúmeras provocações de ambos os lados, os torcedores do Fluminense invadiram o campo e massacram o arqueiro atleticano. Era massa ensandecida capaz de meter medo em qualquer pessoa. Menos em Alberto. O lateral-direita não hesitou em defender o companheiro Ricardo Pinto e partiu pra cima dos inimigos naquele campo de batalha. O goleiro (e também ídolo) teve vários ferimentos, sendo o mais grave deles um traumatismo craniano. Posteriormente, Ricardo Pinto seria transferido de helicóptero para Curitiba. Não fosse a valentia de Alberto (que distribuía "voadoras" em quem chegasse perto do caído e inconsciente Ricardo Pinto), talvez o arqueiro não houvesse sobrevivido à selvageria ocorrida no Rio de Janeiro.

A Bola de Prata de 1996

O lateral-direita Alberto esteve soberbo naquele ano de 1996. O Atlético conseguiu permanecer na primeira divisão, conseguindo inclusive se classificar para a fase eliminatória do campeonato (que teve o Fluminense como um dos rebaixados). Infelizmente, após milagres do goleiro Taffarel, o Furacão não conseguiu passar pelo Galo mineiro, encerrando sua participação naquele Brasileirão. Mesmo assim, Alberto foi eleito o melhor lateral-direita da competição pela revista Placar, conquistando a Bola de Prata.

A "matada" de costas

Era um Atletiba. E para variar o clima não era dos melhores entre os dois times. Ainda mais porque o Furacão vencia no Couto Pereira. Aos trinta e poucos minutos do segundo tempo, a inebriante torcida rubro-negra gritava olé e via os rivais indo embora, reconhecendo a superioridade rubro-negra. Foi quando o lateral-esquerda inverteu uma bola para Alberto, que estava na reta da Mauá. A bola alta veio vindo e o lateral-direita estufou o peito para dominá-la. Eis que senão quando, num lance inesperado, Alberto se vira de costas e "mata" a pelota de costas. Delírio foi pouco para descrever aquele lance. A torcida parou de gritar olé e comemorava que se fosse gol. Pouca gente se lembra que depois a bola acabou saindo pela lateral. Contudo, a moral dos coxas foi sepultada naquele "matada", sepultando qualquer chance de reação.

Jogador de fibra

A grande repercussão gerada pela coluna do Dr. Marçal Justen Filho, principalmente no que se refere ao comprometimento do atleta com o clube, parecia antever a contratação de Alberto. O lateral-direita gosta do Atlético de verdade, segundo relatos de Gustavo Rolin, colaborador da Furacao.com. Gustavo conta que numa visita ao CT do Caju, entrevistou Alberto que, todo orgulhoso, exibia a todos sua filha, pois ela já sabia cantar o hino do Atlético. Na sua última partida pelo Atlético em 1999, Alberto chorou ao deixar o campo, tamanha a identificação com o Furacão.

Estilo de jogo

Quem leu até aqui é porque realmente se interessou sobre Alberto. Quem já viu seu futebol, sabe que não seria exagero falar que o Alberto de 1999 tinha a raça de Marcão, a irreverência de Claiton e a velocidade de Nei, apenas para mencionar jogadores que recentemente jogaram pelo Furacão. Mas este era um Alberto de 10 anos atrás. Agora com 32 anos, espera-se um jogador mais experiente, com passagem pelo futebol europeu, um preparo físico condizente com sua idade e um senso tático mais apurado. A marcação nunca foi o forte deste estupendo lateral-direita. Não foram poucas as vezes que a torcida gritava "Volta, Alberto!", e ele, sorrindo, apenas trotava de volta para a defesa. Nove anos no futebol italiano devem ter sido suficientes para lembrar o velho Alberto que a marcação é tão importante quanto o apoio. Como o sistema do técnico Mário Sérgio privilegia o setor defensivo, um 3-5-2 com Danilo ou Rhodolfo cobrindo as subidas de Alberto devem ser suficiente para a torcida rubro-negra voltar a sorrir.

Agradecimentos

Gostaria de agradecer meu irmão Daniel, e meus amigos Gustavo Rolin e Marçal Justen Neto pela inspiração para escrever este texto.

Ficha de Alberto na Furacao.com

Lances de Alberto – último gol, com passe de Alberto:

Lances de Alberto – último gol, com passe de Alberto (vídeo com baixa qualidade):

Lances de Alberto – cruzamento para o gol:

Maurício do Vale é colaborador da Furacao.com. Entre em contato com o autor do texto.



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