Na vida, há várias situações onde nos deparamos com limites muito tênues entre opostos.

Entre a vida e a morte, por exemplo, a diferença pode estar em um passo a mais, se este passo levar da calçada à rua e estiver vindo um veículo em alta velocidade.

Entre a estupidez e a lucidez, onde podemos escolher bater no filho que pintou a parede da sala, ao invés de sentar-se com ele e ensiná-lo a pintar em cartolina.

O Atlético vive hoje esta linha tênue, que divide o descenso da permanência na série A.

Lê-se, então, que estas duas possibilidades estão em lados opostos desta linha tênue.

Nós, normais torcedores vemos desta forma. Nossa diretoria não.

Nossa diretoria vê, segundo palavras do presidente garoto de recados (parecido com o Sílvio Santos na foto da furacao.com) que este descenso que se acena possível não é vergonhoso.

Ao fazer esta brilhante declaração, nossa diretoria ignora dois elementos, opostos e distintos, separados por uma linha tênue: ser lógico ou ser incoerente.

Como pode uma diretoria que ao invés de pregar títulos ostenta faixas de top of mind e balanços em dia pode dizer que cair não é vergonhoso?

É vergonhoso sim, mas parece ser somente para a instituição Atlético Paranaense e para sua apaixonada torcida.

Deveria também ser vergonhoso para o tal projeto que se iniciou em 1995.

Deveria significar no mínimo uma chamada à introspecção, à auto-avaliação. Mas, segundo palavras, nada será mudado para 2009.

Para qualquer diretoria que tenha a estrutura que temos deveria também ser vergonhoso, porque significaria milhões a menos em cotas televisivas, publicidade, visibilidade, tudo!

Será que a queda é demonstração de grandeza?

Perfeito, Petráglia! Cair não é vergonhoso. Afinal, Corinthians, está lá, Palmeiras, Botafogo, Fluminense e outros também lá estiveram.

E eu, mero torcedor, indago:

Você não tem vergonha, diretoria?
Eu teria. Se fosse incoerente com meu próprio projeto.

Se eu tivesse feito tudo que fiz, privado o futebol de investimentos por uma década, privado a torcida de títulos visando o incremento do patrimônio para que este um dia se reverta para o futebol, ficaria muito, mas muito envergonhado.

Talvez, concluísse até que não levo jeito pra coisa.

Não é demérito pra ninguém ser incompetente para realizar algo. Basta ter a noção exata de que não se pode fazê-lo mais, aí nenhum erro será repetido.

No Atlético, tem gente brincando de futebol, e isto, é vergonhoso.

Não sei o que é pior. Brincar com o que não é brinquedo ou ser incompetente.

Fleury, também lamentamos o fato de que algumas peças não estão rendendo. Não somente dentro do campo.