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29 jan 2009 - 13h53

Se é pra xingar, xinguem os coxas!

Leio neste espaço todo tipo de textos. Há os mais românticos, os saudosistas, pessimistas, os futuristas, enfim, cada um dos autores tem suas manias, virtudes e defeitos que na verdade fazem a vida ter graça.

E por sermos diferentes, mesmo tendo o mesmo ideal, como no caso do Atlético, podemos nos envolver em divergências envolvendo um mesmo tema, afinal, pensamentos distintos, mesmo que objetivem um mesmo fim, podem passar por meios diferentes.

A causa maior de qualquer atleticano é o Atlético, seja você da situação, oposição, sócio, não sócio, rico, pobre, empresário, desempregado, bêbado, petraglistas ou anti-petraglistas (detesto estes dois últimos termos, mas eles existem).

Em qualquer clube do mundo, o dirigente é cobrado voraz e ferozmente por torcedores, sejam eles organizados, associados, “avulsos”, e também pela imprensa. Isso é uma cultura histórica e passa longe de ser apenas nacional.

Ocorre que o torcedor, um ser comum, cujo romantismo de outrora lhe cedia a alcunha de amante do futebol ou doente por seu clube, está passando por uma transformação muito grande, tendo que, agora, além de amar seu clube, viver sob sérias e rígidas normas de comportamento e atitude.

A cultura do torcedor brasileiro resumia sua participação a comprar camisas e ir aos jogos. Hoje, apenas isso não é necessário para ter um time campeão. O CAP adotou a mesma política de co-irmãos vencedores e hoje se encontra passos a frente de outros, pois estamos à pique de ter uma Arena lotada em 100% dos jogos.
Mas, será que está proibido apenas “torcer”?

Todos queremos resultados. No futebol tudo é efêmero, nas vitórias e nas derrotas. Tudo é passageiro e o que está por vir é de fato o mais importante. Daí acho injusto quando vejo pessoas defenderem ferrenhamente a diretoria e criticar fortemente aqueles que assim o fazem, como se não tivessem todos o direito de cobrar algo ainda melhor.

O Atlético de 1995 pra cá criou uma nova história pois, embora se orgulhasse de seu passado, queria um futuro melhor. Conseguiu, está conseguindo e conseguirá mais ainda.

No ambiente atleticano se criou a cultura de cobrar a torcida e lhe imputar significativa parcela por fracassos. E parte desta torcida, parecendo estar em um estado de gratidão incessante a diretoria pelos feitos na última década acaba inerentemente sendo direcionada por muitas pessoas ou situações a dar indulgência eterna as lambanças no futebol cometidas pela situação nos últimos anos.

É com isso que não concordo! Criticar não é e nunca foi pecado, sobretudo quando se fala de algo tão apaixonante e longe da razão como o futebol. Será que não podemos cobrar nossos dirigentes, criticá-los, pedir mais? Será que não existem mais torcedores comuns? Aqueles que só torciam, cornetavam, aplaudiam, xingavam?

Será que são os tempos modernos do Atlético que reduziram a palavra torcedores aqueles que financeiramente contribuem, sentam-se bonitinhos, não xingam ninguém, amam a diretoria e não falam nada que sugira crítica?

A crítica, a ira, a cobrança, o desejo por vitórias, a falta de lógica ou razão e a paixão são a essência do torcedor.

O que quero dizer, meus amigos, é que parece que muitos de nós esquecemos esta essência de ser um torcedor de futebol. Buscar vitórias, saborear um título, tirar sarro dos adversários, fazer os comentários antes e pós-jogo.

Hoje parecemos um bando de advogados julgando causas próprias, posturas que julgamos absurdas. Muitas vezes leio textos e pareço estar em um tribunal, onde julgam-se atitudes e trejeitos. Por vezes, muitos de nós não parecemos torcedores.

Hoje, quando se critica, logo levamos uma invertida do tipo: “Você participa?”… ou ainda; “Quantas cadeiras você tem pra ter o direito de falar?” … ou pior; “Você já esteve lá dentro pra saber como é?”

Ora, somos apenas torcedores!

Existem muitos simples torcedores por aí que não querem ser obrigados a assumir maiores responsabilidades senão amar o Atlético. Muitos que assim o fazem não podem participar financeiramente, muitos outros sequer querem saber o nome do presidente, outros não querem assumir um lugar de um ou outro lado do muro não por covardia, mas por simplesmente ignorarem sua existência. Muitos, são apenas torcedores que querem apenas títulos.

O Atlético, e muitas de suas rodas de discussões parecem ter virado uma seita, um grupo fechado muito chato, onde se discutem ferozmente pormenores e mesquinharias de pessoas que assumiram um lado de um muro que sequer deveria existir, que hoje separa por ideologias distintas atleticanos de outros atleticanos.

Todos os atleticanos têm o direito de falar do Atlético, cada um da sua maneira, cada um com seus defeitos e virtudes.

Hoje somos a maior torcida da capital e a segunda do estado. Somos a segunda devido existir a aberração Corinthians, que nossa autofagia e atitudes mesquinhas como segmentar o Atlético em dois ou três, como muitos de nós insistimos em fazer, ajudam a construir.

Querem uma sugestão?

Proponho que toda a energia canalizada acerca das discussões sobre que tipo de atleticano você é seja direcionada para convidar um parente seu ou um amigo do interior (hoje moro no interior) a conhecer melhor o Atlético, tornar-se fã do Atlético, a vir à Baixada, a comprar uma camisa.

Assim, de fato você estará contribuindo, e muito.

Pra mim, todo atleticano tem QI elevado. QI baixo tem quem torce pra outros times.

E viva o Atlético, que por mais que existam divergências de idéias, é e sempre será de todos!

Lutem pelo Atlético, mas não pelo Atlético disso ou daquilo. Nosso Furacão, por mais que muitos tentem dividi-lo, é um só! E é de todos!

Pronto, desabafei!

É que cansei de ver atleticanos ofendendo atleticanos. Xinguem os coxas, porra!



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