A culpa a quem tem culpa… e vice-versa
Primeiro é preciso esperar a poeira tomar assento.
Observâncias após o clássico, posso tecer comentários sem tanta afetação e com o distanciamento necessário do calor da decepção.
Há fatos inegáveis que nos levaram a essa derrota anunciada.
Entre eles o fato de que Wallyson não pode ficar de fora do time titular, não porque é um jogador sensacional, mas simplesmente porque se porta bem melhor dentro de campo e é bem mais eficaz que Júlio César. Além da qualidade que demonstrou ter nas ínfimas chances que teve.
Julio dos Santos pode e deve ser o jogador do meio, pois é o único armador de verdade, contudo, se ele estiver ali, precisa de um volante que saiba ser volante, ou seja, que marque, mas que também saiba sair jogando. Com essas características no elenco, só Chico e Renan (aliás, não à toa, o rendimento do time começou a melhorar quando Renan ali foi posto). Sem isso, nosso meio campo é demasiadamente vulnerável. Jairo é esforçado, mas é rança toco.
Chico deveria ter assumido o meio há tempos. Isso foi corroborado pela partida que jogou na casa do ABC. Inexplicavelmente Geninho, no jogo subseqüente, voltou a colocá-lo na zaga.
Falando em zaga, com Chico no meio, Gustavo ou Rafael podem assumir essa posição sem maiores problemas e ter o mesmo ou melhor rendimento, com o benefício de que ganharíamos no meio, com a entrada de Chico.
Raul tomou conta da ala (embora, na minha humilde e limitada opinião, não tenha ido bem contra o coxa). Todavia, não tenho dúvida que ele só está jogando porque tanto Zé Antônio quanto Alberto estão lesionados. Do contrário, seria relegado a 3ª opção. Sem dúvida não há justificativa pra ficar no banco.
Quanto a Netinho, não adianta querer crucificar um cara que notadamente tem qualidade, que já mostrou isso aqui mesmo, no Atlético. A culpa de enfiá-lo recorrentemente na posição que não é a sua, mesmo com ele jogando mal, não é dele. Nessa posição, certamente Márcio Azevedo é a melhor peça. Netinho, por sua vez, pode ser uma boa opção pro meio no segundo tempo.
Enfim, são coisas fáceis que devem ser corroboradas por 8 de cada 10 atleticanos, imagino. Todavia, Geninho, por quem devoto enorme respeito e reconhecimento, tem insistido em não ver.
Nosso técnico tem errado insistentemente e inexplicavelmente. Não há como entender porque jogadores que entram e jogam melhor que os supostamente titulares são preteridos e ficam no banco. Isso parece doença, da mesma doença que sofrem quase todos os técnicos de futebol ao querer contrariar o óbvio, ou a solicitação inequívoca da massa, ou seja, de que quem joga bem tem que ficar no time. Parece tão difícil fazer o fácil no futebol.
Quanto ao Atletiba, não adianta querermos culpar o bandeirinha que viu um impedimento que eu, assistindo do lado oposto do campo, tive certeza que não foi. Não foi o bandeirinha que levou quatro gols, ele apenas nos impediu de fazer um. A culpa é nossa, de um time mal escalado, mal postado e mal preparado para a rivalidade desse clássico.
Quanto a raça, descordo de boa parte da torcida que jogou essa suposição nesse espaço. Não faltou raça. Tanto não faltou que empatamos de forma espetacular, entretanto, o jogo foi perdido no 1º tempo, não no segundo. Empatamos porque fomos pra cima e, logicamente, a escalação que já havia demonstrado vulnerabilidade ficou pior lá atrás. Não há como cobrar mais futebol de jogadores que não tem mais do que dão.
Quanto a Tribuna, também fiquei demasiadamente ofendido com a capa, exacerbadamente humilhante, entretanto, fosse o contrário, estaria gargalhando. Assim, devíamos realmente usar isso em nosso benefício, como fez o rival ao ver NO SITE OFICIAL nosso time campeão antes de vencer o campeonato. A Tribuna não preparou a capa com antecedência, também não escalou os jogadores, não foi ela que assistiu os azeitonas mandarem no primeiro tempo, foi nosso time que deu esse mote a ela, ao perder de goleada. De outra forma, a Tribuna, devido a seu baixo nível e péssimo gosto, nunca contou com meu ralo dinheiro.
Quanto a perda do clássico e ao possível caneco na Baixada, prefiro o caneco na Baixada. Amanhã a empolgação de vencer o clássico acaba. O que fica é o caneco do centenário. Isso deixará marcas indeléveis na história: Atlético campeão do Centenário. Mas pra isso, primeiro, precisamos vencer o último jogo. Até lá, somos o derrotado no clássico, que por hora é o consolo do time verdão de meias cinzas, que não depende de suas forças pra ser campeão no ano do centenário.
Nosso escrete tem mais uma chance de mostrar vergonha na cara, e eu, sinceramente, espero que Geninho afixe nas paredes do vestiário inúmeras capas da tribuna do último domingo.