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11 maio 2009 - 22h24

Metástase

A ilusão que se dissemina a partir dos campeonatos estaduais fatalmente contamina em ritmo de “influenza” as competições vindouras do corrente. Há muito esta prática contagiosa se confirma com significante prejuízo dos nossos sentimentos então novamente adoecidos.

Esta doença se espalha, mas paulatinamente mascarada é pelo placebo do discurso, método sofisticamente empregado pelos mandatários sob o qual se procura justificar inoperâncias, desviar focos e responsabilidades, transferindo para o torcedor estórias fictícias no lugar da realidade. Apresentam amontoados de verbos e substantivos no coreto da praça somente em dois momentos: ou quando a dois passos do abismo, ou quando se esgotam as desculpas oferecidas à torcida.

Deveras tardia a explicação de que os juniores não podiam ser escalados em virtude da possibilidade de supervalorização na renovação de seus contratos: isto nada mais é do que o bla-bla-bla administrativo que nós não merecemos, não depois da hora. Temos colaborado com o CAP, cada qual à sua maneira, e a contrapartida assim se faz obrigatória, senão financeiramente, ao menos por respeito. Pergunta: se o Clube é uma empresa, porque os sócios ainda não têm acesso à verdade?

Num segundo plano, afeta a idéia e conseqüentemente o modus operandi da comissão técnica (supondo-se que ela trabalha independentemente dos interesses comerciais da Diretoria, que é brasileiramente órfã do Mercado), interferindo na escalação, quando tenta-se ocupar espaços no campo com jogadores explicitamente mal improvisados, pelo fútil pensamento de que deslocar volantes de suas posições originais, faça render algo de positivo, pois todo volante, em tese, sabe marcar, portanto é melhor do que os reservas, ainda que juniores.

O problema é que é muita tese para pouco resultado. Zé Antônio, Netinho, Chico e até às vezes Julio dos Santos são os inventados ‘polivalentes’ coutinianos obrigados a trabalhar fora de seu locus, o que não gera surpresa alguma o péssimo rendimento destes atletas quando convidados a atuar ectopicamente, pois futebol é conjunto, e conjunto não se forma com 3 muito menos 4 improvisações. Ou seja, não se consegue criar um sistema eficaz. Pergunta: qual o verdadeiro critério para a titularidade?

Terceiro. Como o time poucos gols marca, os iludidos se apresentam aos microfones e aos teclados, concluindo febrilmente que ‘precisamos de atacantes’. Somente após a dispensa de um limitadíssimo coitado e de outro reserva razoável, é que se vem a público com esta enfática retórica, síntese absurdamente intempestiva. Será que Patrick ou Marcelo ainda não têm condições de assumir as posições referidas? Se a bola mal chega lá na frente, é em função de algumas razões. Volantes não sabem sair jogando, meias jogando sozinhos, ora um ora outro (Marcinho e dos Santos)…

A alegação de necessidade de ”mais atacantes” encobre a real carência de bons volantes e meias reservas de qualidade. Pergunta: por que não se faz um diagnóstico correto da equipe?

Por último e principalmente, alerto aqui que o setor mais frágil da equipe não é o ataque nem a meia cancha: é o setor defensivo! O Atlético notabilizou-se nos últimos anos pela sua velocidade. Com pode então jogar com 3 zagueiros lentos e 2 volantes lerdos, inda mais agora que possui 2 alas de ofício?

Este contra-senso impede de mover o time na direção do gol, também porque falta mais um homem para tocar a bola no meio, ou seja, não podemos jogar no 3-5-2. Há de se reconhecer que Antônio Carlos, Chico e principalmente Rhodolfo não têm gabarito para jogar aqui. O legado de Danilo os faz ficar plantados no chão olhando a bola passar, seja por cima ou por baixo: há troca de passes em nossa área.

Outra coisa é a questão dos goleiros: há tempos a preparação deles é deficiente, tanto nas bolas paradas quanto na ausência de saída do gol. Galatto, o salvador de 2008, desaprendeu resumindo-se à pequena área, está hoje sofrivelmente sem condições de ser titular, falhando feio nos Atletibas, na Copa do Brasil e agora no Brasileirão. Pergunta: por que não renovam a zaga e o gol?

São dúvidas que pululam nossa imaginação, na tentativa de buscar respostas para situações cotidianamente repetitivas e fruto da teimosia caseira. Geninho é um bom técnico, mas não pode abusar da lógica. É de bom alvitre respeitar as ciências da Matemática e da Estatística.

Sugestão diferenciada, tragam de volta a velocidade ao Atlético, adotando o esquema 4-4-2. Não há necessidade de mais contratações (exceto Rafael Miranda/volante que saiba sair jogando e um zagueiro). Apenas olhar adequadamente para a despensa de casa, onde há remédio caseiro suficiente para montar um elenco competitivo.

Por outro lado, cai bem a dispensa de Galatto, Vinícius, Antônio Carlos, Rhodolfo, Chico, Jairo, Renan, Pimba, Douglas Maia e Júlio César (ainda não foi). A bola que estes jogam não condiz com as excelentes contratações de Marcinho e Wesley, nem com a manutenção de Geninho, menos ainda quando comparados aqueles à qualidade dos juniores de hoje.

Não tenho a pretensão de descobrir a fórmula, mas sou apenas um torcedor que vê os jogos, com os olhos do coração e alguns goles de racionalidade. Portanto, modestamente me permito imaginar um plantel só com 27, em função da $ (momento) e da consciência, a transpor obstáculos inerentes à “falta de prevenção à saúde”, afastando discursos e estórias, chamando Futebol, mais nada além disto:

Gol > Santos
Alas e zaga > Raul, Rafael Santos, Carlão e Márcio Azevedo
Volante > Fransérgio (ou Valencia ou o Rafael Miranda se vier)
Meias > Marcinho, Julio dos Santos e Wesley
Ataque> Wallyson e Patrick

Revezamento no banco:
Gol > Renan Rocha e um reserva contratado do interior (quem sabe do Nacional)
Alas > Alex Sandro, Denis e Nei
Zaga > Manoel, Bruno Costa, Gustavo e outro zagueiro contratado
Volantes > Valencia ou Fransérgio e Zé Antônio
Meias > Díaz e William (dos juniores)
Ataque > Rafael Moura, Marcelo e Kamali

Àqueles que se preocupam em “queimar” garotos, apenas um exemplo: Careca foi campeão brasileiro pelo Guarani com 17 anos. Mais: o Flamengo só foi mengão depois de Zico, Andrade, Adílio, Júnior, Leandro e CIA, terem sido promovidos dos juniores: aquilo não foi noite de São João, mas trouxe muita luz para a Gávea, durante muitos anos. Hoje, coitados, também sofrem eles de sua variante viral.

O risco de ser ateado está mais para índios circulantes em Brasília e cidades-satélite. E jogadores de futebol, apesar de itinerantes, estão muito longe de serem mendigos, pois ganham muito mais do que nós, os que os sustentam complementar e indiretamente. Mendigos precisam de assistência social e inclusão. Jogadores precisam de amor à camisa, o que não se vê no mundo orgânico moderno. Dirigentes precisam de transparência. Comissão Técnica, de ousadia.

Inventar sim, elucubrar jamais.



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