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8 jun 2009 - 17h17

O cálice

A costumeira insônia da passagem do domingo para a segunda, hoje infelizmente está repleta de vozes que, além de não querer calar na calada da noite em que me dano, imploram por sair do pensamento feito grito desumano e cair no mundo. Melhor, no mundo ao meu redor, que é o mesmo aonde você pisa.

A força estranha derrubou Caetano. Mesmo sendo o próprio autor da música, sofreu seu impacto. Geninho acaba de passar por algo muito semelhante: não caiu, mas se atirou, em meio aos seus próprios e repetidos erros. Mas não pense o menor dos ingênuos que isto se deveu a uma causa só. A “força”, ela vem de várias direções: possui diversos vetores, os quais juntam-se numa resultante que acaba fulminando sempre e quase somente no técnico.

Tenho minhas idéias, como você tem as suas. Mas elas não se restringem à superficialidade da derrotas ou dos “resultados negativos”, como referiu-se o nobre Presidente. Basta mergulhar um pouco mais nos fatos, que aparecerão com mais clareza os destroços da situação vergonhosamente recorrente (leia-se 4º ano consecutivo).

Partamos de um ponto: o campo. Entendimento meu, há novamente no rol de jogadores uma determinada facção, que decide na penumbra sobre seus interesses, ou mais provavelmente a mando dos interesses alheios, a orientar suas “condutas” ou comportamentos à luz do dia, justo na nossa cara. Penso que o dourado centroavante tem a liderança deste grupo, auxiliado pelo pequeno colega ontem expulso, o pó de arroz da defesa e o lombálgico no DM: estrategicamente, um comando em cada setor da equipe, tal como se faz nos pavilhões penitenciários do cárcere.

Ameaçados de perder suas cadeiras cativas na titularidade pela ascensão dos novatos juniores, em face do quase nada que jogam, resolveram se organizar e tentar canalizar, transferir o mal para o treinador: voavam nos treinos, mas empacavam nos jogos.

Estranho? De maneira alguma. Tudo maquiavelicamente armado. As pífias atuações são a maior prova disto. Virou rotina os poucos que sabiam, pararem repentinamente de jogar. E não me venham falar em “motivação”, pois a questão fundamental é tipicamente de (ir)responsabilidade profissional. O sujeito entra no campo e ignora a torcida, fazendo somente o que ele quer, do modo que quer, com quem quer e quando quer. Não tem a consciência de que mal pode fazer o necessário, por limitação de recursos individuais, das mais variadas naturezas, da cultural à técnica.

-“Para que passar para alguém melhor posicionado, se posso chutar em cima do adversário? Numa dessa a bola passa e… não se esqueçam das palmas para Netinho, ele merece!” – pensava e depois cobrava da torcida o “cérebro” do bando.

O grupo mantido, devido ao “sucesso” da campanha do ano anterior por ter escapado da degola, realmente teve seu valor. Mas um valor ínfimo, que não permitiu o descenso em virtude de apenas um miserável ponto. Ou seja, o Atlético foi “melhor” apenas do que os rebaixados. Um ponto a mais do que eles. Apostar naquele time, foi verdadeiramente não mais do que uma mera aposta, de mesmo cunho dos jogos de azar, acrescentando a este descaso um caráter no mínimo displicente. Mas tudo em nome da economia, posto que o dinheiro no CAP é como dismenorréia: ora some, ora surge do nada.

Galatto, Vinícius, Antônio Carlos, Rhodolfo, Chico…gente que nunca teve a mínima condição de ser titular, apresentam-se bizarramente tomando freqüentes goleadas esdrúxulas e foram sim os responsáveis diretos pelo fim da “mística da Arena”. O próximo adversário que vier aqui e disser que é muito difícil jogar contra nós aqui dentro, tem de ser algemado, enquadrado e encarcerado, numa espécie de ‘crime contra a opinião pública’. Fizeram do melhor estádio do Brasil o Hopi Hari dos visitantes: maravilhoso e divertidíssimo, tratando-os como verdadeiros clientes. Até Celso Roth dá de goleada aqui.

Num outro ponto, Messias, após ter admitido que sua presença no Clube nos levaria à bancarrota ano passado, engendrou seus discípulos na presidência, sob o discurso do “renovar”. Nada adiantou em termos de evolução, pois todos eles seguem a mesmíssima filosofia de trabalho, o que para mim torna completamente impossível acreditar em cisão, oposição e o escambau neste sentido. Agora, o movimento dos seguidores daquele se manifesta, clamando pela sua volta triunfal. Uma verdadeira lavagem cerebral, posto que “esqueceram-se” de tudo de podre que ocorreu no comando do Atlético nos últimos 4 anos. O Brasil é mesmo um país sem memória.

O semblante de Geninho espelhava a dor de cada coração rubro-negro: quem viu sua última declaração, reconheceu ali tristeza, vergonha e indignação de um lado, de outro respeito, resignação e amor pelo Atlético. Ele mesmo havia anunciado sua saída, dias atrás. Não estava bem, é verdade. Mas Bob Fernandes ficou 14 rodadas. Ele permaneceu 5. A ausência de critérios também se faz presente no campo da tolerância, das chances e do oferecimento de condições para uma recuperação.

Agora, despencarão do alto de seus egos os seus opositores, aqueles mesmos que não admitem serem menores que ele, a vomitar as máximas “eu te disse, eu te disse…não falei?”. São as sanguessugas animalescas, os morceguetas hematófagos, os parasitas larvários da tragédia alheia, corvos em volta da carniça. Os quadrúpedes enviseirados que só pensam na reta final, desprezando o caminho até lá. Usarão o “em nome do Atlético” para exteriorizar seus interesses escusos, estes que se acham também os “imortais” donos da verdade. Gostaria que viessem á mídia neste dificílimo momento – no qual o CAP perde um ídolo que errava por ser humano, principalmente por confiar na pior defesa (que lhe ofertaram) da vida do Atlético e nos 3 mentores intelectuais amotinados do bando referido, garanto que sem saber do plano, não indo embora antes de conhecê-lo – e apresentassem a sua solução.

Conspiração. Mais nada além disto. Marcinho chutou a nossa honra, não o jogador do Galo. Moura nunca soube chutar. Antônio Carlos e Chico dá pena de ver em campo. Rhodolfo dava raiva. Os goleiros são meros rebatedores de bola. Juntos, somam mais de 60% dos titulares. Assim, ninguém agüentaria suportar tamanha excrescência. Geninho não agüentou. Errava em cima do que já veio errado. Além do quê, vítima do nepotismo, foi muito mal assessorado pelo auxiliar técnico, pelo preparador físico e também pelo treinador de goleiros. Assim, fica tudo normalmente mais compreensivo. Mas é necessário reconhecer que os jogadores colaboraram fervorosamente para a derrubada do técnico.

Há meses não há ninguém na chefia do departamento de futebol. Há anos não há ninguém bastante competente para tal função. Em 2008, o Advogado do Clube assumiu este departamento. Depois tornou-se Presidente. Isto é, não há identificação ou especialização alguma com a função exata a ser exercida. Aqui não cabem suas intenções, se é bonzinho ou terrorista. É só questão de profissionalismo. Numa empresa, ou você serve o cafezinho ou lava o chão. Não há como conciliar funções tão diferentes, é preciso respeitar a capacitação de cada um.

Resumindo, há 4 anos o Atlético não vê um PLANEJAMENTO decente na ‘empresa’ que ainda não é por eles encarada como Instituição. Por isto todo ano o Paranaense vai nas coxas, a Copa do Brasil é literalmente desprezada e no Brasileirão seja o que Deus quiser. Sul-Americana é supérflua. Ninguém lá dentro é suficientemente corajoso para barrar quem não está jogando nada. É o time do “let it be”.

A força já não é mais estranha, porque de muito gorda a porca já não anda. Ela só passeia dentro de campo. Atordoados, permanecemos atentos na arquibancada…sem ter a mínima idéia do que poderá emergir da lagoa. O momento, que não será qualquer, talvez ocorra somente nas próximas eleições.

Os outros pontos são pontos cegos, a todo aquele que não quiser ver. Que os conselheiros sejam iluminados, e votem à luz do dia.

p.s.: não recrimino a atitude daqueles que vedaram com suas bandeiras as imagens da TV; outrora, ainda quando o CAP mandava seus jogos no Belfort Duarte, fiz um apoio com meu bandeirão na tentativa de pular o alambrado para bater num juiz que nos roubava escandalosamente: o policial soltou um pastor alemão em cima de mim, tentativa frustrada > quando a indignação extrapola o limite racional, não há mais controle, não há mais PLANEJAMENTO.

Guardadas as devidas proporções, o Atlético não precisa da Polícia, muito menos de cães raivosos, mas fundamentalmente de um procedimento que nada mais é do que a mesma necessidade que “urge” a 4 anos, ou seja, uma boa AUDITORIA.



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