A força da torcida
Eu era um corintiano até 1987, quando então assistindo a um Atletiba na televisão. Vi a torcida do Atlético cantando na íntegra durante o intervalo do jogo a música ‘Festa para um rei negro’ e fiquei encantado porque era diferente de tudo que se via e ouvia nos estádios, que no geral eram cantados apenas coros populares. Então, através da torcida, eu passei a dar mais atenção ao nosso Furacão. Em 1995, virei a casaca de vez, após acompanhar pelo rádio as transmissões horríveis devido a distância de Curitiba para o norte do estado, a campanha vitoriosa da série B, e vendo a noite os melhores momentos pela TV. E de lá pra cá notei que a torcida cresceu juntamente com o clube, que se transformou em clube moderno, de vanguarda, assim como a sua torcida, sempre á frente do seu tempo e com uma originalidade e impolgação dignas das grandes torcidas argentinas.
Mas ontem, após assistir a vitória suada diante do Corinthians, percebi que, infelizmente, não só o time caiu devido a falta de qualidade técnica, mas a torcida caiu também. Ô gente, pelo amor de Deus, nós, e eu me incluo também, apesar da ausência física no estádio, não podemos ficar cantando incessantemente aquele manjadíssimo coro: “Lê lê ô, lê lê ô, lê lê ô Atlético”. Essa é forma mais minimalista de incentivar um time. É tão triste ver uma torcida, que até pouco tempo atrás era temida pela sua força e originalidade nos cantos, ficar cantando esse maldito coro que é cantado em gincanas de escolas do ensino fundamental. Ô gente, nós ainda somos respeitados no Brasil, não podemos ficar para trás da torcida do Grêmio, Inter, dos times do Rio, Minas e São Paulo e até da torcida do Sport, acreditem! Essas torcidas renovaram as suas posturas, os seus cantos, enquanto nós continuamos com esse lê lê ô, lê lê ô. Vamos voltar a ser aquela torcida de vanguarda, vamos levantar nossas cabeças, reconhecer nossos erros, vamos fazer as outras torcidas nos copiarem e, acima de tudo, termos o orgulho de ser ATLÉTICO!