Larguei os bets
Já vi tantos textos anteriores com títulos tipo: ‘joguei a toalha’, ‘desisto’, ‘é o fim’, que tive que apelar para essa expressão ainda inédita por aqui para acrescentar minhas lamentações ao coro dos descontentes. E estamos ficando sem opções de títulos para os textos…
Eu não sei se competência e capacidade profissional estão acima de preferências clubísticas, mas eu acho que chamar um monte de não-atleticanos para trabalhar lá dentro do clube (só porque possuem ‘mestrados’ e ‘especializações’ em marketing, em gerência esportiva e não sei mais que blá-blá-blá) em nome da tão propalada ‘modernidade’, é um sinal de que o tal investimento em chuteiras é só balela. O que vale é saber trabalhar, como o recém-falecido Hélio Alves que, com seu galhinho de arruda atrás da orelha e sem os pomposos títulos de doutor ou pós-doutor, fazia verdadeiros milagres no relacionamento entre diretorias e jogadores na década de oitenta. A matéria-prima dele era gente, não números. Sua arte era a da conversa, não a da enrolação através de números, apresentações de power point e gráficos de excel que não refletem nem de longe essa triste realidade que está diante de nossos olhos.
O pessoal lá está é de olho na tal da copa do mundo. E nos benefícios pessoais que cada um conseguirá extrair dela.
Conversando com meu irmão ontem ao telefone chegamos à conclusão que o investimento em chuteiras foi uma grande compra do referido calçado em várias cores vistosas, para que esse elenco de cabeças-de-bagre desfile sua incompetência pelos gramados do Brasil, envergonhando a história e o nome (sem falar na torcida) do Atlético. Isso porque enquanto falávamos ao telefone o nosso ‘escrete’ (eu gostaria de mudar as duas últimas letras E dessa palavra para O, mas minha raiva ainda está submetida à minha razão) levou dois gols em seis minutos. DOIS GOLS EM SEIS MINUTOS!!! Meu irmão reclamou dos cinquenta reais jogados fora pelo pague-para-ver e eu concluí a conversa dizendo que eu precisava desligar o rádio pois não queria estragar ainda mais meu domingo.
E foi exatamente o que eu fiz, esqueci do jogo, aproveitei meus momentos de lazer em companhia de minha família e só fui resignadamente confirmar o que eu já sabia após o fim da rodada. E o que eu já sabia até que foi menos do eu imaginava. Eu já imaginava que tomaríamos logo uma meia dúzia de gols, mas quatro até que ficou barato.
A cada ano o time vem batendo recordes negativos, pior início de campanha, pior saldo de gols, pior defesa, etc. No fim do campeonato a cordinha sempre aguenta o tranco e acabamos ali, pendurados à beira do abismo mas sem cair. Será que esse ano a tal cordinha, já tão esgarçada e judiada vai aguentar? Meu natural ceticismo me diz que não. E ele tem me servido muito bem para aguentar esse time nos últimos anos. Ao invés de tecer expectativas ingênuas (título? quá-quá-quá! libertadores? esqueça! sul-americana? pra que? Que tipo de campanha faremos nessa competição esse ano com esse elenco?) eu prefiro imaginar que conseguiremos fugir da segundona.
Em tempo: eu gostaria de saber o autor da idéia ‘brilhante’ (pra não dizer idiota) de fazer um DVD a respeito da ‘fuga’ da segunda divisão no ano passado. É pra isso que usam o dinheiro do clube? Então promovam logo uma fogueira em praça pública e queimem o dito cujo. Pelo menos pensarão que a diretoria é formada por loucos e não por… deixa prá lá, meu fígado já está azedando demais.