Confesso que chorei
O Atlético me emociona.
Ontem, emocionei-me muito ao ver o novo setor, repleto de torcedores, pelos lados da Brasílio Itiberê.
Lembrou-me, muito, da reta oposta às sociais, do velho Joaquim Américo, que era mais ou menos do mesmo tamanho.
Era a reta que tinha o quartel nos fundos, além de muitas árvores, e onde nos sentávamos em apertados degraus de tijolos. Com sol ou com chuva, no calor ou no frio.
Bons tempos. Ficam as saudades na memória.
Muitas vezes, neste domingo, me transportei ao passado, quando com o meu pai, o Onha (que jogou no CAP), assisti a centenas de jogos e aprendi a amar o nosso Atlético.
Neste domingo mágico, lembrei da velha Baixada, lembrei muito do meu querido pai e, como ele, fiz três figas com os dedos de cada mão, o jogo todo contra os bambis do São Paulo.
Figas apertadas, de doer os dedos no fim da partida.
O jogo foi tenso, disputado, duro.
Vibramos vaiando o mau-caráter que nos deixou para jamais brilhar na paulícéia. Aquele guri que aprendeu futebol no rubro-negro e foi ingrato com o clube que o aprimorou e sustentou nas suas tantas contusões.
Mas ele não merece ter seu nomezinho citado. A torcida atleticana acabou com ele neste domingo. Tadinha da mamãe dele…
A emoção de ver a nova reta oposta só não foi maior do que o gol perfeito do Paulo Baier, que tomou a bola dos bambis, carregou, serviu o menino Gabriel Pimba que fez um cruzamento mais-do-que-perfeito para a cabeçada mortal do mesmo Paulo Baier – nosso maestro e líder positivo deste time.
Gritei, fechei os olhos, vibrei e, confesso, meus olhos se encheram de lágrimas, coroando aquela tarde mágica.
Por certo, meu pai também chorou de emoção no Paraíso – como juntos fizemos, muitas vezes, desde o primeiro título que comemorei com ele, em 1958.
Pois é… estou ficando velho – e mais chorão.
O Atlético me emociona.
Como é bom ser atleticano!
Sempre. Muito além da eternidade.
E nossa torcida foi um show, ajudando a matar os bambis mais uma vez.