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3 set 2009 - 19h45

Não é o aumento, é a falta de argumento!

O Atlético Paranaense aumentou as mensalidades dos sócios em 40%. Como nada mais tinham para vender em termos de cadeiras, a diretoria entendeu – como sempre – que o torcedor é que tinha que pagar o preço. E vai ter que pagar. A partir da próxima mensalidade, cada cadeira terá um preço de R$ 70. O que isso significa na prática é que os valores não serão majorados em muito. Vale o espetáculo os R$ 70. Mas é justa a medida?

É justo que o torcedor pague pela administração equivocada, pelos salários altos pagos a estagiários baixos, pelas contratações que não dão resultado, pela falta de uma política de aluguel de salões, campos para jogos de executivos, patrocínios em portais que geram uma trafegabilidade de mais de 500 mil acessos? É justo que a valorização se dê de forma a desvalorizar o torcedor, sem chamá-lo para opinar, sem plebiscitos, sem enquetes vistoriadas, sem reunião do Conselho Deliberativo?

Numa primeira análise, existe uma clara violação do direito de opinar de cada atleticano – que poderia até concordar com a diretoria, desde que ela ratificasse seu compromisso com as promessas de campanha: como investir no futebol e fazer do Atlético sempre um dos três maiores times de todas as competições nacionais ou estaduais, investir na Arena para deixá-la apropriada para receber grandes eventos, colaborar com a Copa do Mundo. No entanto, na primeira entrevista prolongada de rádio, o presidente Marcos Malucelli diz que as promessas de campanha foram retóricas.

Retóricas? Ele não se elegeu com o atual Deliberativo por conta dessas promessas e da figura de Mario Celso Petraglia, ao estender sua mão para cada dono de camarote com direito de dez ou 30 votos?

Se olharmos então o Código de Defesa do Consumidor (CDC) veremos que o Atlético Paranaense, através de sua diretoria atual, vem ferindo vários artigos. O artigo 6º do CDC trata dos direitos básicos do consumidor e no item V diz que a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou a revisão em razão de fatos supervenientes que tornem excessivamente onerosas são uma afronta ao consumidor. No artigo 51, vemos que são nulas de pleno direito as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa fé ou a equidade; autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração; ou estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor.

Somente com esses artigos, qualquer atleticano poderia entrar com uma Ação Coletiva de Consumo, postulando a nulidade de aumento abusivo. Mas a atual diretoria não dá ponto sem nó. Antes de pensar em aumentos fora do padrão contratual, modificou no ano passado o Estatuto, fazendo com que os torcedores sócios atleticanos não pudessem ao menos recorrer a Justiça quando se sentissem lesados. Nós somos vítimas, não credores dos diretores – acreditem vocês ou não! Somos vítimas porque temos que nos dispor a pagar uma conta, seja ela qual for, sem ter direito a questionar ou podemos ser excluídos arbitrariamente do grupo de sócios – perdendo direito de votar e ser votado nas eleições – agora apenas em 2011.

E se recusam a falar com os sócios. MM, presidente atual, diz que não sentará para conversar com o Movimento Atlético Mais Futebol (MAMF), do qual sou presidente eleita – apesar de ter indicado outro nome e não querer concorrer no dia da eleição da mesa diretora. Temos todos direito de sermos ouvidos, ou não temos? Será que pedir uma informação é ingerência – como sugeriu Malucelli, em sua entrevista à Band News? Será que é querer saber demais perguntar os motivos de se dizer que não queremos a Copa do Mundo ou de se aumentar os valores das mensalidades dos sócios? Para Malucelli, querer saber já é pecado.

A prova? Depois de tantas, o email que acabo de receber da diretoria dizendo mais uma vez que as explicações todas sobre as mensalidades foram dadas à imprensa. E nós, atleticanos? Ninguém nos dá explicações?

Acabo pensando como Davi: “Elevo os meus olhos para os montes, de onde me virá o socorro”? Que o socorro para o nosso Atlético seja o equilíbrio dos desequilibrados, a inteligência dos que não prezam pela competência, a solução para os que buscam os desencontros!

Sigamos em frente!



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