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20 out 2009 - 9h12

Pay per feel

Tranquilo, calmo e sereno, na majestade do meu sofá, aguardando o próximo evento rubro-negro. À frente, uma Bravia LCD 46’’. À direita, um frigobar hospedando exclusivamente algumas Bohemias trincáveis: é, porque não acredito na propaganda que anuncia o produto que desce redondo, pois para mim aquela desce triangular, transita quadrada e sai decagonal. Realmente, às vezes me sinto um babaca por desacreditar em modelos de comportamento. Voltando… antes, por cabo, agora o sinal vem pela antena, mais nítido, com imagens e sons melhorados. Será? “Depende” (a melhor resposta para um monte de coisas).

Não discuto a qualidade da imagem, nem a do som. Mas chega às raias da condenação a apresentação das imagens, das vozes nem se fala. Por isto eu saio lá do sofá e venho até aqui no teclado solidarizar-me com aqueles que escolheram assistir os jogos do nosso amado e idolatrado Clube Atlético Paranaense na paz do seu ‘lar doce lar’. Lógico, pois se ficamos por aqui, é porque temos motivos para não ir ao estádio, cada qual na sua realidade, plenamente justificável. Mas não pensem que isto não tem um preço, um sacrifício. É este o tema de hoje, que certamente aflige boa parte de atleticanos como eu, quer dizer, ‘que nem’ eu.

O avanço da tecnologia, com o advento dos sistemas digitais de transmissão ao vivo via satélite, é percebido cada vez mais distanciando-se do fator humano, em sua condição de componente, mesmo que obrigatório, a integrar o programa televisivo. Aquele cresce em progressão geométrica, enquanto estes “homens” da ‘comunicação’ explicitam involução. A distância é ululante, tanto quanto o choro de um presidente diante das câmeras internacionais numa preliminar de um evento esportivo mundial quando comparado ao choro de uma criança que não consegue adoção mofando sua infância num dos orfanatos da União.

Não digo que paga-se caro pela “regalia” traduzida em conforto e outras vantagens domiciliares. Do mesmo modo que não penso ser caro o pacote anual de sócio-torcedor ‘in loco’ – e trata-se aqui de um determinante totalmente relativo (preço), sendo difícil portanto homogeneizar opiniões. O que não significa que estes planos não necessitem ser revistos, pois a nossa sociedade ainda é constituída por famílias, que são reuniões de sujeitos unidos por laços consangüíneos e/ou afetivos, as tradicionais “células mater” desta sociedade, compondo neste caso o tecido rubro-negro, que por sua vez há de ser melhor “confeccionado” para 2010, em vários sentidos.

Mas há algo que tem preço, em face da PRECARIEDADE do seu ‘modus operandi’, ou seja, a transmissão propriamente dita, no que tange à sua NARRAÇÃO e à sua edição de FILMAGEM, isto é, aquilo que sai no alto-falante e que aparece na tela. A cada fim de jogo, fico me perguntando por que razão os veículos de comunicação que detém os direitos de transmissão dos jogos, não prezam pela QUALIDADE da apresentação destes programas. Não é caso de se mergulhar em especulações tentando adivinhar estes motivos, mas sim de combater seus bastantes efeitos, quero dizer, defeitos.

Quanto às imagens. A pluralidade de câmeras no jogo de futebol não traduz-se em qualidade de transmissão, pelo contrário, sua única justificativa aparece apenas nos reprises dos gols. Só. Porque não são todos os lances de impedimentos que são repetidos logo após acontecerem, bem como os chutes a gol, o que falar das faltas. E quando isto acontece, a bola já está rolando do outro lado, enquanto eles repassam em câmera lenta, sem nexo algum, um escanteio, ou torcedores na arquibancada, ou ainda o jogador andando para um lugar qualquer – na maioria das vezes cuspindo (haja catarro). Neste meio-tempo, passam-se vários segundos, fazendo parecer narrativa de rádio, apresentando um comercial de pneus, materiais de construção ou telas pré-fabricadas. Quando a gente vê, a bola já atravessou o campo e os lances e as jogadas já se perderam. A insistência nesta prática, sua demora e o seu descaso para com o público de casa, simplesmente dão NOJO. Somos obrigados a torcer para que o jogo volte no seu tempo real, e seja “restabelecido” o sinal direto, sem lacunas débeis mentais. Nos colocam praticamente fora do ar, em tempo e espaço. Mais vale mostrar para o país inteiro um sinalizador queimando no gramado do que o contra-ataque do time da casa. Este “foco”, já não tem mais suspeitas: é pura passionalidade.

Quaisquer incidentes ocorridos na Arena são transformados em manchetes dignas de tribunais, ante a relevância declarada que dão às nossas ‘coisas’, inventando e induzindo a passíveis criminalizações: a narrativa já vem pronta em forma de denúncia, devidamente enquadrada nos códigos desportivos, cujas penas são animadamente decantadas em prosa e verso em todos os veículos da frota daquela rede FDP de comunicação. As bombas que explodiram no Couto, ou os policiais que apanharam de torcedores na saída do jogo da superlotação gionédica, os depredatórios atos de selvageria e covardia, até os assassinatos cometidos pela facção verde, estes todos não têm lugar na mídia. Mas nosso copo de papel precisa ir ao STJD, devidamente comprovado pelas imagens da RPC. Porque para eles o Atlhético tem que se PHUDÊ.

Quanto ao som. O som ambiente do estádio repassado para nós das poltronas, é relativamente normal. Mas reparem que sempre há um microfone perto de Antônio Lopes, bem na tocaia para que ele seja incriminado por suas palavras (nada mais do que seu próprio trabalho, pois ele não é nenhum Waldemar Mudo da vida), captadas a cada lance em que ele se manifesta. Tentaram exaustivamente usá-las naquele caso do mafioso Vuaden: Moro não demorou a livrá-lo: este sim é Profissional (exceção). Não bastasse isto, a atuação dos narradores e comentaristas chega a causar ânsia digna de um Plasil intramuscular. Não se pode nem baixar o som da TV para ligar o rádio, porque o tempo não é o mesmo: o rádio chega antes.

Mas o despreparo profissional dos caras é de dar dó dos coitados. Trocam o nome dos jogadores, desconhecem a procedência dos atletas, gritam que a bola dos outros passa bem mais perto que as nossas, vibram quando nossos adversários chutam em nosso gol, são paupérrimos desconhecedores da língua portuguesa, são péssimos improvisadores e horríveis registradores de cenas, usando os mesmos e pouquíssimos chavões de sempre, além de recorrer ao fraco imaginário, aflorando sua subjetividade tentando passar “emoção” ao espectador…os comentaristas, além de repetir o óbvio, literalmente dão SONO, digno de um cochilo pós-prandial.

Principalmente, demonstram que não são profissionais: são funcionários deslocados de outras áreas para cobrir os eternos buracos das transmissões. Incomum hoje é a figura do narrador imparcial, isento, objetivo, inteligente, profissional.

Tudo isto me dá muita vontade de abandonar a sala da frente, abrir mão da cerveja e daquelas vantagens domiciliares e voltar ao campo. Mesmo com todos os problemas das numeradas, como ter que remover estranhos da cadeira, assistir de pé vez em quando, agüentar vizinhos incautos, não ter trânsito livre, tudo em face da setorização equivocada que obriga ortodoxamente o sujeito a sentar-se naquele lugar, ordem que também deve ser repensada para 2010.

Não sei o que farei ano que vem. Só sei que vou “apertar start” e deletar esta mediocridade de transmissão padrão Global, cujos mandantes são declaradamente coxas e cujos paus-mandados “trabalham” literalmente nas coxas, sendo vergonhosamente sofríveis de escutar. O que poderia ser uma excelente alternativa para acompanhar o Atlético, transformou-se na mais pobre manifestação de clubismo e incompetência profissional. Infelizmente, Petraglia estava certo quando barrou esta corja marrom das dependências do CAP, estando errado apenas por causa das raríssimas exceções, os quais todos conhecemos, que são aqueles dois ou três repórteres, mais nada além disso.

Pague para ver, mas não se meta a besta querendo sentir algo. Cérebro e coração são duas coisas completamente distintas, tal qual o choro dos órfãos abandonados nos orfanatos e o choro dos idosos abandonados nas filas do INSS.

Pensei uma vez numa rádio alternativa para transmitir os jogos do Atlético junto com um canal via internet, com narração e comentários de pessoas do povo, torcedores, mesmo sem diploma de Jornalista, porque já não é mais moda, agora é oficial, liberou geral. Os interessados que me respondam, quem sabe encontremos algo de melhor para nós mesmos. Indubitavelmente, melhor do que Jasson, Lestar, Dida, Rogério Tavares & CIA. O problema restaria às filmagens, isto é, à edição delas. Pensando bem, nem tanto, pois como é muito difícil seguir o script e achar um símio de óculos adestrado para editar o que bem lhe convier, poderíamos substituí-lo por alguém humano, imparcial, isento, objetivo, inteligente, profissional, podendo ser Jornalista.

Àqueles que não tiveram ainda a percepção suficiente para notar a diferença de tratamento: gravem o Atletiba, e depois revejam o que sai da boca dos “homens”, e o que eles não mostraram direito, ou seja, a verdade. É só prestar um pouco mais de atenção, como por exemplo devem fazer os dependentes da “Vênus platinada”, na hora do “Bom Dia Brasil”, quanto aos CABELOS: Renata Vasconcellos, aiaiai uiui. Mas os de Miriam Leitão e Zileide Silva…quanta diferença: uma verdadeira zorra total.

Às vezes me sinto um babaca, em falar sobre coisas óbvias, que todo mundo vê. Só não querem reconhecer o que acontece no green hell. Concluo então que é mais uma determinante causa para a diretoria, apesar de não ser de sua praxis: tomar partido, posição, providências, medidas e atitudes. Pois QUALIDADE é bom e todo mundo merece. Também porque não há ninguém chorando por nós, pois as Olimpíadas não serão aqui. Aqui só a Copa, caso a RPC não consiga seu objetivo. O novo monumental já era. E não vai dar tempo de reinventarem o Pinheirão, aquele elefante que foi morto por aquela avestruz.

Quem sabe uma reviravolta a la Malutrom? Uma mudança de nome, porque caráter daqueles nunca muda. Será que isto já não está acontecendo? TERÃO ELES JÁ SE TRANSFORMADO NO SÃO PAULO PARANAENSE? Aguardando apenas o aval jurídico para a próxima competição? Pois já houve troca-troca de gestão e know how bambi: primeiro foi Miranda…depois veio Jamelli…aí foi Marlos…agora mandarão os Paraíbas…e provavelmente virá Ricky. Tem Vovô aqui, lá tem Rogério Ceni…aqui vestiram camisas deles e soltaram foguetes na Libertadores em 2005…soberba…lista horizontal sobre os mamilos na camisa…enfim, professor Ledo: semelhanças mil, identidade mais ainda. E cuida senão vão acabar representando os bambis na série B em 2010! Será o ‘São Paulo B’, B de Belfort. B de filho do Lêla.

Às vezes me sinto um idiota. É quando vem a fatura da TV. É quando atiro longe e acabo depois de tempos sabendo que tinha acertado na cabeça. Mais do que uma sugestão, esta mudança de rótulo tem indícios de realidade. Fumaça…vem lá no alto da glória…incêndio? Não! Acho que acertei no chifre!

[…Eu sempre temo comprometer com meu aspecto ridículo o pensamento e a idéia principal. Eu tenho gesto sempre oposto, e isso provoca o riso e humilha a idéia. Tampouco tenho senso de medida, e isso é o principal; é até o mais importante… Sei que para mim é melhor ficar sentado e calado. Quando teimo e calo, pareço até muito sensato, e ainda por cima pondero….] – trecho da obra “O Idiota”, de Fiódor Dostoievsky.

ps: Por favor, para alusão é somente este trecho: não sou canhoto!



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