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26 out 2009 - 7h23

O tamanho da derrota

Que saco! Perdemos mais uma! E nos descontos do segundo tempo! Pronto. Formou-se o cenário da depressão inevitável. Meus olhos se cristalizaram em frente à tela da TV e um gosto amargo quase me invadiu o estômago. A cabeça se preparou para latejar, como que à procura da fórmula que controlasse o tempo e mudasse o destino cruel. Mas parei por aí, refletindo sobre o significado da derrota. Àquela altura do jogo, poderíamos, no máximo, somar um ponto. Um ponto foi o que deixamos de ganhar, objetivamente. Nenhuma tragédia, nenhum motivo para desespero. Consolado por essa singela equação, continuei atento ao domingo esportivo. Acompanhei a sessão das dezoito e trinta. Findo o espetáculo, desliguei som e imagem para me largar no descanso merecido.

Nos próximos dias, porém, o meu distanciamento não será possível. Mesmo que não queira, serei bombardeado pela imprensa “falada, escrita e televisionada”, que não economizará adjetivos e firulas para descrever a aventura épica dos verdes (?). Os vexames do centenário, cujo ápice foi o festival brega que substituiu programações apoteóticas jamais saídas do papel, serão relevados. Tudo se transformará em festa inigualável, em reação “histórica” de um vovô caduco. Como ainda existe sangue circulando em mim, sentirei nojo. E raiva por não termos enterrado de uma vez por todas a mentira movida a jabá e mediocridade que sustenta a assim chamada crônica esportiva – a mentira que coloca nas alturas um clube de tradição local que luta para não ser rebaixado pela segunda vez em quatro anos. Perdemos a chance de desmascarar os calhordas e bocós, eis o significado subjetivo da derrota. Mas não há de ser nada… outros outubros virão.

Respeito a alegria dos coxas. Vencer um clássico quando as cortinas se fecham tem sabor especial e é motivo para comemorar. Nada contra. Nós faríamos o mesmo e muito melhor, com muito mais paixão. Lamento, apenas, termos dado sobrevida ao inimigo moribundo, ao invés de enviá-lo para o inferno de uma vez por todas. Mesmo assim, um leve sorriso se desenha em meu rosto, no canto da boca, quando percebo que o ÚNICO objetivo de vida deles, hoje, é nos derrotar em partidas de pouco ou nenhum valor. Essa existência minimalista, conformada e burra parece ser o que restou do lado de lá. Sigam em frente.

O que me preocupa, na verdade, é o nosso futuro. Temos que sair da letargia em que nos embrenhamos nos últimos quatro anos. Qual é o “projeto” que nos move, afinal? Olho para o nosso time e enxergo juventude, a juventude do domingo. A que nos fez levar um gol logo depois de abrirmos o placar. A que expulsou Alex Sandro de campo, num lance violento e desnecessário na lateral do campo. A juventude que deixou Marcos Aurélio completamente sem cobertura para desempatar aos 92 minutos. O que fazer para dar experiência à juventude? Não tenho a resposta, mas sei que nos falta ambição. Dispomos de um material humano entre o razoável e o bom. Por que, então, não retomar o caminho da formação de equipes vencedoras e dignas da estrutura do Caju?

Espero terminar este ano sem sustos. Que a derrota no clássico não se transforme em terra arrasada. Que encaremos com dignidade o que resta do campeonato. É o que nos cabe, no momento. Será até razoável, desde que, no próximo ano, o futebol seja levado a sério no Clube Atlético Paranaense.



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