Além do horizonte…
Pois é, crianças (como diz a tigresa e menestrel Maura Alonso, a nem tão popular mas bastante cosmopolita violeira carioca, da porção descolada do Youtube: uma boa recomendação para quem gosta de boa música, feita com as coisas do coração)…
Aqui, neste devaneio de fim de feriadão sem estrada, viajo estático ao som de maurindaa, singing Waiting in Vain/Bob Marley, e começo a imaginar – na verdade delirar – sobre algo que vez em quando bate à porta lateral do meu hemisfério direito, tipo uma vez a cada dois anos… e me dou asas para este assunto sem tomar Red Bull, cerveja ou componente lisérgico qualquer. Uma ideia que certamente muitos tiveram, mas pouquíssimos comentaram durante nossas vidas. Mas com absoluta certeza, TODOS estariam de pleno acordo.
Sem prejuízo de nossas outras necessidades de momento, que levarão mais alguns anos para se satisfazerem, apresento-lhes aqui um pensamento, que não é exclusivamente meu, não. Lógico que, para ser viabilizada sua materialização, teríamos que aguardar a tão falada Copa 2014. Suponhamos então, a médio prazo.
Clube Atlético Paranaense. Clube de Futebol, obviamente. Mas por que não um CLUBE sócio-recreativo? Que tal em algum lugar desta cidade ou mesmo na região metropolitana uma considerável área para os atleticanos se esbaldarem em lazer, diversão, entretenimento e o escambau? Simples é falar não… e por que não sermos um pouco mais complexos? Por acaso Arena e CT do Caju nasceram de ideias simples?
Imagine você, sócio Furacão, pagando sua mensalidade compatível com suas cadeiras na Arena e de quebra (facultativamente) ser membro pulsante (nem tanto) de um belo, parnasiano e aconchegante Clube Social/de Campo, podendo usufruir dele das mais variadas formas possíveis. Garanto que, devido à nossa índole e caráter, jamais seria oneroso ou deficitário como dizem que é o CT, tal a nossa estimada adesão em massa. Um Clube auto-sustentável, cujas mensalidades dos associados gerassem renda extra para o próprio futebol. Duvido que fosse dispendioso a ponto de não trazer benefícios a TODOS. Quantos milhares de sócios teríamos? Dez mil não seria o suficiente? Exemplo: a R$100,00 mensais por família (titular e dependentes), totalizaria uma receita bruta de um milhão de reais. Quanto disso seria necessário para manter a sede campestre… 5 a 10%? O que poderia ser feito com o restante, mesmo que fosse 50% do total? Infelizmente, não tenho acesso a números deste porte, não sou desta área, mas sei que alguém que está lendo isso poderia colaborar e fornecê-los, alguém que manje deste setor administrativo, dos clubes sociais. Este que poderia também estipular o valor das jóias, é claro.
Logicamente, terreno e infraestrutura têm o seu custo. Mas por sua vez, agregar-se-ia ao invejável patrimônio do CAP. E quem duvida que um CLUBE de primeira categoria, qualidade, gabarito, grandeza (como são as coisas feitas pelo CAP) iria trazer mais sócios e mais torcedores para nós? Se a contrapartida não seria positiva? Encho estas linhas de perguntas, só porque a idéia que faço das respostas que eu teria não são desfavoráveis. E imaginar não custa nada. Penso que um dia alguém imaginou a Arena… e o CT do Caju!
E vamos seguindo… quem sabe uma estrutura semelhante não digo igual porque precisamos preservar e estimular nossa originalidade ao Clube Santa Mônica de Campo. Bosque, lago, campos de futebol de grama, oficiais, futebol 7/suíço, quadras poliesportivas, quadras específicas, piscinas, quiosques (muito bem equipados com churrasqueiras), lanchonete, bar, restaurante, uma sede social com salão amplo para eventos, atividades ecológicas, trilhas e caminhadas, promoção de saúde, salas de ginástica, musculação, um complexo de sinuca, recreação para crianças, espaço da mulherada… enfim, tudo do melhor que a criatividade nos permitisse, claro que com um toque de personalização, a ser desenvolvido pelo pessoal do ramo. Podia até ter quadras de tênis, para quem gosta. Mas com o requinte de uma Arena… de um CT do Caju!
Imagine você pegar sua família sábado de manhã, passar no açougue e levar aquela costelinha borboleta especialmente cortada como você pediu, assim como a picanha que você reservou na véspera e vai temperar como quiser (ouviu essa, Dr. Ricardo?) e se mandar para o Clube Atlético Paranaense de Campo (pode ser o Ziquitas Garden ou Casal 20 Campestre ou Sítio do Furacão Vermelho e Preto, Associação Bucólica de Atleticanos, Eldorado Ferreira, sei lá). Chegando lá, você iria para aquele (um dos muitos) quiosque transadíssimo, coberto de sombra e água fresca, com uma baita churrasqueira com grelha e espetos, pia e balcão, frigobar, pontos de luz, mesa típica, bancos de churrasco, banheiro próprio, em meio às árvores, com redes preguiçosas para deitar… você só precisaria pedir para o bar trazer mais cerveja e carvão, que nunca faltariam, pois se você esqueceu ou acabou, tem mais ali, carvão pedaçudo e cerva trincando. Ou compre seu barril de chope direto no Clube, que fez uma parceria com a distribuidora X. De casa, só rango, pratos e talheres. Ah, os seus convidados pagariam R$10,00, coxas R$20,00 e paranistas R$5,00.
Lá você encontraria seus amigos atleticanos, arrumaria as coisas. Deixa a patroa com a patroa dos amigos destilando o veneno da semana das novelas e vai bater uma bola. Joga uma hora e meia de futebol, toma uma ducha e volta para o quiosque, para fazer uma coisa proibida na Arena: devorar aquela estúpida (cerveja)! Ou começar com uma caipiríssima de Steinhaeger, petiscando… até sair a carne. Lá pelas três da tarde você tira um cochilo na rede, acorda às 15:30 e dá uns mergulhos nas piscinas, para em seguida começar a beber de novo… até que vem a surpresa:
A galera toda se reúne num super-quiosque, onde tem um telão enorme para assistir o jogo do Atlético das quatro da tarde ou das dezoito e trinta. Não tem preço. Depois da festa, dá a chave do calhambeque pra Alfa-1, recolhe as crianças e última forma para o seu lar. De novo: não tem preço.
Domingo, a mesma coisa. Ou aproveita mais o Clube quando não for dia de jogo aqui ou quando não for na Arena.
Imagina só reunir Furacao.com, MAMF e até o cap4ever num ambiente só… TODOS eles (nós) assistindo e torcendo pelo mesmo Clube do coração… sem ideologias, partidarismo, politicagem, maniqueísmo, divisão ou coisa parecida… todo mundo conversando e trocando ideias JUNTOS, em prol do CAP! Outra vez: não tem preço! Chega de torcer reservadamente, trancafiados nas casas dos pay-per-view sofrendo com os Jassons da vida, limitados ao espaço dos botecos ou, para quem não gosta, sempre obrigado àquele mesmo lugarzinho na Arena: variar é preciso, assim como navegar. Só eu sei por que eu não fico em casa. Se você não gostou da idéia, vai ser gauche na vida.
Solte sua imaginação e acrescente mais coisas no seu Clube de Campo. Se não quiser beber, leve bons livros e detone-os na tranquilidade das redes sob as árvores. Se não quer boi, tire umas tilápias do pesk-pag e asse no lugar (se bem que isso é coisa mais de paranista). Talvez um espaço cultural para reuniões, palestras, lançamentos de livros, debates, vernissages, exposições de quadros, artistas plásticos, apresentações musicais, roda de viola, etc. Podia até ter pagode para quem gosta. Mas com o requinte de uma Arena… de um CT do Caju!
Que tal Silvio Toaldo, Juarez Villela, Carlos Antunes, José Henrique de Faria, Luciana Pombo, Toni Casagrande, Doc Laertes Fanchin, Rafael Lemos, Ricardo Barrionuevo, Elias Cordeiro, você e eu sentados no mesmo quioscão, ligados na mesma emoção, tudo é um só coração, esperando o próximo jogo do Atlético fora de casa na TV? Sem as vestes da ideologia, os logotipos do partidarismo nem a limitação dos egos, mas sim TODOS com as camisas do Clube Atlético Paranaense! TODOS almoçando numa outra filial do Mauro Singer, quem sabe. Sexta do Carneiro, Sábado da Feijoada, Domingo do Barreado ou Feriado da Costela! Apareçam! O que poderia sair destes papos descontraídos, em plena liberdade da mãe natureza, que não seria enriquecedor para nós mesmos e para o nosso amado Atlético?
Trocar ideías com Emanuel, Niclevicz, Macaris, Peterson Rosa, Boesel, Dalton Trevisan, Cristóvão Tezza, Julião, Rato e tantos outros ilustres? Última vez: não tem preço.
Identificação, debate, participação, tudo isso junto com lazer, diversão, entretenimento e o escambau. Uma ótima pedida repito, a médio prazo que, por exemplo, HOJE nos faria muitíssimo bem. Se bom seria hoje, é porque é quase fundamental para depois de amanhã. Se já fosse assim ontem, talvez nosso amanhã estivesse bem mais perto do tempo presente. Sem que nós tivéssemos que viver do passado. Entendeu, entendeu?
Talvez algum visionário inteligente apareça por aí, e banque o desafio desta ideia, tresloucando e alocando recursos para agregar condições e viabilidade, proporcionando a junção do útil ao agradabilíssimo, o bem estar para nossa Torcida, a qual nunca deixou de colaborar. Não que outrora eu tenha tido (perdão, prof. Rafael) inveja do Paraná Clube, mas eu sempre fiquei cabreiro pensando por que é que a gente não tem sede social, por que é que a gente não tem um CLUBE. Hoje me respondo que é por questões de prioridade. Coisas que o tempo resolve.
O porte do investimento, seguramente seria menor do que aquilo que já foi construído. E ainda seria mais seguro o retorno financeiro – se erroneamente formos comparar – haja vista a dificuldade de se manter um CT e um estádio com esses jogadores jogando o que estão boleirando. Dar um tempo na Estrada da Graciosa, na Ouro Fino, Parque Barigui, shoppings, clubes do momento, restaurantes rurais, balneários distantes, caminho do caqui, rodovia da abobrinha, casa da sogra, apartamento do cunhado, cavas do Iguaçu (sic) e etc. Prestigiar algo NOSSO. NOSSO canto para viver mais o Atlético. Puro sentimento de pertencimento.
Então não me custa imaginar. Mas eu sou só um. Um sarna que insiste em revelar um sonho, de um dia ser associado do CLUBE Atlético Paranaense de Campo. Mas com o requinte de uma Arena… de um CT do Caju! Um sarna que insiste que isto, isto NÃO TEM PREÇO (saideira)!
-Acorda, lazarento! Levanta e vai fazer o café! Que o dia já vem raiando e a Polícia já está no Uberaba! disse a amada às 06:15 desta terça-feira pós feriadão.
-Vamo! Tava sonhando com que com essa risadinha aí no canto da boca, hem? Só pode ser com uma mocréia qualquer! Ou então com aquela Lorena Calábria que te revira os zoinho no jornal da manhã, pensa que eu não sei? reiterou minha cônjuge.
-Não, amor… bom dia para você, querida, thuthuquinha, momosa, fofa… hoje eu sonhei foi com a permanência na 1ª divisão para 2010… justifiquei maritalmente meu maroto e matinal sorriso do despertar.
(em off: com Lorena foi na noite anterior…)
Olha o breque: vou plagiar o final de uma coluna minha mesmo enviada ao site mais novo. Mas que tem tudo a ver com o fundamento deste texto desatualizado, sobre este eterno sonho, loucura, devaneio ou como queiram chamar. Ou nem chamem, ignorem. Porque loucos também são visionários. Foram loucos que um dia imaginaram a Arena… e o CT do Caju! Um verdadeiro e maravilhoso CLUBE: quem dera eu soubesse que alguém assim quisesse e que isto Faria…
[…De Gregório de Matos Guerra empresto então um trecho de um poema (Ao Braço do Mesmo Menino Jesus Quando Appareceo), que sintetiza adequadamente as coisas do nosso Atlético:O todo sem a parte não é o todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo
]