Não sobrará espaço para os atleticanos
Tempos atrás ouvi a seguinte frase de um grande amigo atleticano: Existem os Petraglistas e os Malucellistas; não vai sobrar espaço para os atleticanos. Cada vez mais acredito nisso.
Petraglia foi um dos maiores dirigentes da história do futebol brasileiro, todos os atleticanos sabem bem as realizações que um grupo de pessoas conseguiu dentro do Atlético, com grande participação do ex-presidente. Malucelli sempre ajudou o clube do coração com seus conhecimentos específicos, combinou que seria o presidente da situação, representando Mario Petraglia, e agora lá está. Os dois brigaram, e cada um defende sua versão. Para Malucelli, Petraglia queria mandar muito mais do que estava combinado; para Petraglia, Malucelli é um traidor. Quem tem razão? Muitos já devem ter ouvido versões de ambos os lados da história e fica difícil tirar conclusões.
Fato é que Petraglia ainda pode ajudar muito o clube, se não como presidente, justamente nas áreas onde tem aptidão, o que não deve ocorrer com o desentendimento do atual com o ex-presidente. Quem perde? Só o Atlético. Mas quem afinal falta com a verdade a respeito da briga? Malucelli não queria ser um fantoche e tem razão? Ou Petraglia quis mandar além do que havia sido combinado e ele mesmo criou toda essa situação?
Malucelli, com ou sem o apoio de Petraglia, foi eleito presidente democraticamente nas eleições do clube. Ocupa o posto de fato e de direito ao qual concorreu e venceu. Mas se há alguma situação com a qual Malucelli não convive na gestão do Atlético Paranaense, é tranqüilidade. Além da complicação normal da administração de um clube de futebol, o atual mandatário convive diariamente com uma sombra, e não se trata de um Fantasma de Ponta Grossa (que não tomou conhecimento do time do Atlético em plena Baixada), mas sim da sombra do ex-presidente, Mario Celso Petraglia, a sombra do sucesso e dos grandes feitos.
Petraglia comandou o clube por muito tempo, e com certeza o balanço de sua administração é muito positivo. Acertou muito mais do que errou durante este período e como todo dirigente que permanece por muito tempo no poder, atingiu uma fase de decadência; sua última gestão deixou a desejar dentro das quatro linhas. Os erros apagam seus acertos? Jamais.
Era tempo de mudanças, talvez não de nomes, mas de filosofias. Malucelli foi eleito como sucessor de Petraglia, mas deu esperanças à torcida de que daria prosseguimento ao projeto vencedor do antecessor, mas com a correção dos erros que vinham sendo cometidos no futebol. Mil maravilhas, na teoria. Na prática, os dois se desentenderam, Malucelli mudou algumas coisas no clube (nem tantas assim, como choram os Petraglistas), mas os resultados dentro de campo no primeiro ano de sua gestão foram muito semelhantes aos da última gestão Petraglia (2006-2008). Por ser o primeiro ano de seu mandato, muitos atleticanos (como eu) resolveram dar um voto de confiança ao presidente eleito, evitando críticas exageradas e dando tempo para Malucelli trabalhar, administrar o clube ao seu jeito. Tal qual Petraglia, a conclusão foi que o atual presidente também acertou e errou, todavia onde a torcida atleticana mais esperava mudanças, o futebol, não houve êxito até o presente momento.
Malucelli, agora com mais experiência, teve a chance de mudar a história a partir desse início de 2010, montando um elenco vencedor para um ano memorável, como adjetivou o presidente do Deliberativo, Gláucio Geara. Porém o que vemos são os mesmos equívocos sendo cometidos, que tendem a resultar em mais um ano pífio para o Clube Atlético Paranaense. Os Malucellistas acham que é cedo para começar a criticar Marcos Malucelli. Entendo que não é cedo, nem tarde, estamos no momento certo de questionar os erros da atual diretoria. Qual o objetivo de tecer críticas, afinal? O bem do nosso Atlético. (Acho que isso vale para a maioria dos torcedores que criticam, não?). Não temos outra intenção na crítica aos erros, que não o desejo que se transformem em acertos.
O bate-chapa da última eleição tinha tudo para ser extremamente saudável ao clube, mas o que se vê é um fanatismo centrado em outros ideais e não no Atlético. Vários torcedores se prestam ao serviço de defender a atual administração com unhas e dentes (os Malucellistas), enquanto outros e em maior quantidade criticam quando e onde devem e não devem a atual administração (os Petraglistas). Com o embate entre Malucellistas e Petraglistas, só não sobrará para os atleticanos. Aqueles que torcem pelo bem do Atlético seja qual for o mandatário, que criticam com o intuito de que a diretoria encontre o rumo certo, já estão perdidos em meio a esse fogo cruzado.
Bom seria ver todos os Marcos, os Marios, os Enios, os Nelsons, os Joãos, os Josés, e todos os outros atleticanos trabalhando juntos pelo bem do nosso amor maior, o nosso clube do coração. Bom seria deixar os erros do passado pra trás. Bom seria ser só atleticano.