19 fev 2010 - 1h22

Malucelli fala sobre negociações, Petraglia e Arena

O presidente Marcos Malucelli concedeu entrevista à Rádio Transamérica na noite desta quinta-feira, momentos antes do jogo do Atlético contra o Engenheiro Beltrão. Malucelli foi entrevistado pelo apresentador Marcelo Fachinello e pelo comentarista Airton Cordeiro durante o programa Transamérica Esportes.

A entrevista durou aproximadamente 30 minutos e nesse período o dirigente rubro-negro falou basicamente sobre os seguintes assuntos: o investimento em chuteiras, a negociação do jogador Alex Sandro, o relacionamento com o ex-presidente Mario Celso Petraglia, as atividades do agente FIFA e ex-funcionário do Atlético Alexandre Rocha Loures, patrocinadores, Arena Atletiba, conclusão da Arena da Baixada, reajuste do valor das mensalidades dos sócios e contratação de reforços para esta temporada.

Durante o programa, o comentarista Airton Cordeiro leu um e-mail que teria sido enviado por Marcos Malucelli a Mario Celso Petraglia na semana passada e que, segundo ele, chegou até a Rádio Transamérica. Malucelli confirmou o teor da mensagem.

Confira abaixo a transcrição na íntegra da entrevista exclusiva concedida por Marcos Malucelli à Rádo Transamérica nesta quinta-feira:

Marcelo Fachinello: presidente, qual é o balanço que o senhor faz do primeiro ano de gestão e desses dois meses iniciais, de como o senhor pegou o Atlético e de como o senhor vê o Atlético hoje e projeta o Atlético para o futuro?

Tecnicamente, evidentemente que não foi como nós planejávamos e como nós esperávamos que fosse. Mas será melhor este ano de 2010, não tenha dúvida, embora a repercussão um pouco pessimista neste início de ano. Nós temos que ver que o Atlético não está sendo preparado única e exclusivamente para disputar o Campeonato Paranaense de 90 dias. Nós vamos seguir com Copa do Brasil e principalmente com Campeonato Brasileiro até o final do ano. Então, não se pode exigir de imediato que o time inicie 100%. Mas está crescendo e crescerá e fará sem dúvida um grande Campeonato Paranaense. Vamos brigar pelo bicampeonato e faremos também um bom Campeonato Brasileiro no segundo semestre, que é quando as equipes mais se reforçam, em função até mesmo do período de transferências da janela internacional de julho/agosto.

Marcelo Fachinello: a gente recebe toda hora que o time vai mal aquela frase do senhor: “Vamos investir mais em chuteiras e deixar um pouquinho os tijolos de lado”. Por que é que isso não pôde ser colocado em prática, pelo menos no ano passado?

Eu vou discordar um pouquinho de você. Foi colocado em prática, sim. Nós não investimos absolutamente nada em tijolos. Nós concluímos o primeiro anel da Arena, que já tinha se iniciado na gestão anterior, do presidente Fleury. Aquilo se iniciou em outubro, novembro, e nós demos prosseguimento ao primeiro anel e concluímos em julho, agosto. Foi o único investimento em tijolos que fizemos, porque já havia se iniciado. Não fizemos mais absolutamente nada. E fizemos investimento sim em chuteiras, como não? Nós temos hoje 17 jogadores no profissional que vieram das categorias de base. Esses jogadores todos foram investimentos que nós fizemos com renovação de contratos, sem que perdêssemos qualquer deles por falta de renovação de contrato ou por estar na iminência de se vencer. Perdemos, aliás, um deles: o zagueiro Ronaldo, que lamentavelmente não conseguimos chegar a um acordo com os procuradores dele, por coincidência ex-funcionários nossos.

Marcelo Fachinello: têm ligações com o ex-presidente Mario Celso Petraglia os procuradores?

Dizem que sim, eu não posso afirmar. Eu não posso afirmar, eu não posso dizer que têm ligação. O que se comenta é que eles têm ligações com o Mario Celso Petraglia, mas não serei eu que farei essa afirmação. Eles próprios poderão até, quem sabe, falar a respeito disso. Mas a verdade é que perdemos um único jogador, que foi o Ronaldo, que teria o contrato para se vencer agora em 1° de maio. Para nós não o perdermos totalmente, fizemos um acordo, ele foi para o Internacional e nós ficamos com 20% dos direitos econômicos dele. Foi o que conseguimos fazer. Então, não perdemos totalmente. Então, fizemos investimentos sim em chuteira. Trouxemos jogadores do gabarito de Claiton, Alex Mineiro e Paulo Baier, que duvido que alguém fosse contra quando nós anunciamos a vinda. Se depois não deu certo, o próprio Alex por problemas físicos, o Claiton porque se machucou no segundo dia de treino, é uma circunstância do jogo, faz parte, foi uma pena. Mas o Paulo deu certo, certíssimo, aliás. Trouxemos ainda o Marcinho no início do ano, em janeiro, que não começou bem, depois no Brasileiro subiu de produção e foi um dos responsáveis por nós termos permanecido na primeira divisão. Então, fizemos investimentos em chuteiras. Não fizemos mais porque a situação financeira que nós recebemos o clube não era aquela que nós esperávamos que fosse – que foi aquele balanço que nós apresentamos em fevereiro, que vou apresentar novamente na próxima semana ou depois, vocês vão ver que os números são bem diferentes daquela época. Não tivemos mais aquela loucura de jogadores desembarcando no CT a toda semana, nós trouxemos pouquíssimos jogadores.

Airton Cordeiro: o Atlético parecia um balcão de negócios, né?

O Atlético, da forma como estava sendo conduzido, até parecia. Não era, mas até parecia um balcão de negócios. Era gente entrando e saindo o tempo todo, isso nós acabamos. Isso tudo terá repercussão mais à frente. Nós não podemos esquecer que estamos lá há um ano. Mario Celso Petraglia, que tanto fala mal da nossa gestão, ficou 14, dos quais praticamente seis anos e meio sozinho.

Airton Cordeiro: sozinho porque ele mandou o povo embora, né?

Sozinho porque ele brigou com todos os companheiros dele. Depois da Libertadores de 2002, ele ficou sozinho. Saiu o Enio Fornéa, saiu o Marcus Coelho, saiu o Ademir Adur…

Airton Cordeiro: será que ele tem companheiros?

Eu não sei, faz mais de ano que não tenho conversa com o Mario Celso, eu não sei mais da vida particular dele, não sei se ele tem companheiros. Acho até que se tiver são poucos, porque quando nós estávamos ainda na gestão anterior, da qual eu fiz parte no departamento jurídico, nós já éramos em poucos. Na verdade, tinha o Mario, o Fleury, o Mauro Holzmann e eu. Porque os demais todos já tinham se afastado no ano de 2008.

Marcelo Fachinello: só para esclarecer aquela questão, o senhor disse que acha que há gente ligada ao ex-presidente Mario Celso Petraglia trabalhando com o jogador Ronaldo. Tem outros atletas da mesma empresa ou desses procuradores dentro do grupo? O Atlético continuará trabalhando com eles?

Tem, essa é uma coisa muito errada que aconteceu no clube. O Alexandre Rocha Loures era funcionário do Atlético e agente FIFA. Ele trabalhava no departamento de relações internacionais. E nessa condição de agente FIFA, ele obteve, por indicação do Atlético, diversas procurações de jogadores, notadamente os jogadores da base. Esses jogadores davam procuração para ele não porque ele era o Alexandre Rocha Loures, mas porque ele era o funcionário do Atlético que atuava nessa área. Quando ele saiu do Atlético, logo que nós assumimos, ele lamentavalmente levou com ele esse acervo todo, esse estoque de procurações, de maneira que esses jogadores, que tinham como procurador um funcionário do Atlético, passaram a ter como procurador um agente de jogadores que passou então a agenciar a carreira desses jogadores. Isso num primeiro momento poderia se pensar que ele era do Atlético, ele sai, leva as procurações, bom para o Atlético. Não, não foi bom para o Atlético, não. Nos atrapalhou, e muito. Ele tem sim procuração de diversos atletas nossos, eu não sei nem a quantidade exata, mas isso é fácil de verificar no clube. Evidentemente que ele, quando saiu, deveria ter deixado.

Airton Cordeiro: faltou ética, pelo menos.

Não tenho a menor dúvida. Esses mandatos conferidos a ele na condição de funcionário do Atlético, a partir do momento em que ele deixa de ser funcionário: “então, olha, não foi mais funcionário, para quem vocês querem que eu substabeleça a procuração?”.

Marcelo Fachinello: isso juridicamente não pode ser revertido, presidente, de alguma forma?

Eu não tenho o menor interesse, sabe, em ficar conflitando. Isso deve prevalecer a consciência de cada um, sabe? Se a consciência dele e dos companheiros dele é de que isso não traz malefício ao clube, que isso é correto, que isso é legal, fica por conta deles. A análise que eu faço é que está errado. Eles é que decidam.

Airton Cordeiro: presidente, nós recebemos aqui, na Rádio Transamérica, e eu tive o cuidado de lhe perguntar antes do programa se esta carta aqui é autêntica, e você nos confirmou que ela é autêntica. É uma carta encaminhada ao ex-presidente Mario Celso Petraglia, pelo presidente do Atlético Paranaense, Marcos Malucelli, que está aqui conosco. Eu vou tomar a liberdade…

Eu só gostaria de dizer…isso não é uma carta, é um e-mail que eu mandei para ele na semana passada. É verdadeiro, eu só não sei como é que isso foi chegar às suas mãos.

Airton Cordeiro: veio por e-mail.

Marcelo Fachinello: ele deve ter distribuído para a imprensa, certamente, ou para pessoas que jogaram a carta na imprensa.

Airton Cordeiro: nós tivemos até o cuidado aqui, veja bem, de cortar o cabeçalho do e-mail, porque identifica a pessoa que mandou, mas nós temos aqui a diretoria da Rádio Transamérica. Então, escreve Marcos Malucelli:

“Mario Celso: foi com supresa que recebi no e-mail de meu escritório cópia de sua mensagem a um conselheiro do Clube Atlético Paranaense sob o título “Negociações”. Pensava que você tivesse excluído o meu endereço postal de sua caixa, como eu fiz em relação ao seu, afinal há mais de ano rompi publicamente com você e não há qualquer motivo para que a antiga amizade seja reatada. Peço-lhe que não me envie qualquer outra mensagem, e muito menos forneça meus e-mails sem minha expressa autorização a quem quer que seja. Não lhe dou esse direito. A propósito de sua mensagem ao conselheiro, como sempre elaborada com pitadas de intenções subliminares e desrespeitosas aos atuais dirigentes do CAP, ao menos serviu para me dar a oportunidade de constatar que mesmo afastado do clube você tem informações internas (não tão precisas, é verdade) sobre nossas negociações com os procuradores (coincidente, todos ex-CAP, como dito por você) do atleta Alex Sandro, por ocasião da renovação de seu contrato no final do ano passado, e de verificar que você mantém o hábito de não se revelar por inteiro. Ora, você também poderia ter dito ao conselheiro que a negociação desse atleta, do qual o Atlético detinha apenas 70% dos direitos econômicos, pois os outros 30% pertencem ao CAPA (associação desportiva à qual você, em passado recente, abriu as portas do Atlético para esse tipo de copropriedade de jogadores) foi intermediada por ninguém menos do que você próprio, que se apresentou como representante de um grupo de investidores estrangeiros dos quais sequer quis fornecer os nomes. Essas suas atitudes reforçam e legitimam a sua postura de estar acima do bem e do mal, de exercício de narcisismo, que leva uma dissociação psíquica perigosa, hábitos que vêm me saturando pelo excesso, que pode chegar à ordem da loucura, com blagues que você sabe tão bem articular quando se pretende sedutor, em uma campanha obscena como a que você patrocina em seu site, fazendo-se agora de cordial, gentil para os torcedores incautos, como se há pouco tempo não tivesse declarado que esses mesmos torcedores atleticanos não eram mais do que uma falácia. Suas críticas à atual administração do Atlético, veladas ou expostas histericamente em um site de mau gosto e que se preocupa antes de mais nada a difundir o culto ao indivíduo de personalismo onipotente, não alcançarão a finalidade por você projetada. Você tenta fazer um arremedo pobre de l’État c’est moi, mas ele era o Rei de um país e não um ditador barato, que não suporta o lugar que todos nós ocupamos, vez ou outra, circunstancialmente, temporariamente, de coadjuvante, posição tão digna para quem a sabe ocupar como a do ator principal. Vá brincar de ser Deus com seus crentes, tementes e dementes. Aqui na diretoria do Atlético, somos todos adultos, autônomos e independentes. Assumimos e respondemos por todas as nossas atitudes e escolhas. Terminou o seu mandato. Suporte. Aguente, que tudo termina. Adestre a sua vaidade doentia, e não incomode. O inexorável e incontornável envelhecimento não impede de mantermos o frescor da mente, coisa que em alguns está tão comprometida”.

Esse é o e-mail que eu mandei para ele, é verdade. Não deveria ter chegado aqui, mas mandei para ele com cópia a esse conselheiro que reclamava para ele da venda do Alex Sandro – que tinha sido vendido, que não deveria ser vendido, que atleta que surgiu agora, que ele se surpreende, que ele estava reclamando para o presidente do Conselho, Geara, que iria reclamar para mim e para o Enio, mas que o faria em assembleia etc, etc, etc. Ele respondeu ao conselheiro, dizendo que ele também faria o mesmo negócio que nós fizemos, porque deveria ser vendido, mas que o problema não era a venda, o problema era que nós não valorizávamos os pratas-da-casa, que esse jogador só ficou no Atlético porque os procuradores do jogador – e aí ele diz “ex-CAP”, e por isso eu citei no e-mail a ele, porque a menção é dele mesmo aos procuradores -, ele dizia que porque esses procuradores insistiram é que nós ficamos com o jogador, porque na nossa avaliação, e ele coloca esse termo no e-mail dele, esse jogador teria “micado”. Quer dizer, é um absurdo uma coisa dessas. E que nós pagávamos pouco para renovação, que demos R$ 50 mil de luvas, em duas parcelas de R$ 25 (mil). É parcialmente verdadeiro isso, porque demos uma luva maior porque tiramos mais R$ 50 mil desse CAPA, que fizemos o CAPA dar ao jogador. E que o jogador iria sair, que iria para o Santos. Eu não sei nem como ele sabia que o jogador iria para o Santos. Nós do clube não sabíamos disso. Nem sei se vai ou se foi para o Santos. Nós vendemos para um clube do Uruguai. E que esse jogador deveria sair mesmo, porque ganhava pouco, era pouco valorizado, e que essa era a forma que a administração atual avaliava o patrimônio do clube. Ora, isso não é verdade! Ele sabe muito bem o quanto nós sofremos para renovar o contrato desse jogador, antecipamos inclusive a renovação e demos R$ 100 mil de luvas – fizemos o CAPA pagar R$ 50 mil e o Atlético os outros R$ 50 mil. Parcelamos o do Atlético em duas vezes de R$ 25 mil para não onerar o clube, e onerar sim o parceiro, que entrou de gaiato nisso, com 30% que tem de direitos sobre esse jogador. O Atlético só detém 70% de direito sobre o jogador. 30% é do CAPA. Esse CAPA é um clube que o Mario Celso levou para dentro do Atlético. E todos os nossos jogadores da idade de infantil foram passados para o CAPA, porque o Mario Celso resolveu que não teríamos mais o infantil dentro do CT. Esses jogadores foram para esse clube chamado CAPA, que passou a ser proprietário de 30%. Então, o Alex Sandro foi para o CAPA, menos de um ano voltou para o Atlético com o carimbo de 30%. Por isso, o CAPA tem 30%.

Airton Cordeiro: isso é altamente grave.

Eu considero. Essa é uma forma de você desvalorizar o patrimônio do clube. E depois, ele não menciona para o conselheiro, a quem ele quis se fazer de gentil e cordial, como eu digo no meu e-mail, que ele Mario Celso foi quem levou essa transação para dentro do Atlético. O Mario Celso foi quem entrou em contato com o Enio Fornéa, nosso vice-presidente, através do seu filho, Mario Celso Filho (sic), dizendo por telefone que o pai tinha uma negociação para o Alex Sandro, que era um grupo de investidores estrangeiros, que era interessante, que achava que deveria fazer, e se o Enio não entraria em contato com o Mario Celso. O Enio me trouxe essa notícia, eu a princípio devo mencionar aqui que não gostei, porque já havia recebido uma proposta pelo Alex Sandro, passada por um Gustavo Arribas, que é um agente FIFA, fazendo uma proposta em nome de um clube chamado Clube Atlético (sic) Maldonado, de 2 milhões de euros por 100% dos direitos federativos e econômicos. Eu não aceitei essa proposta, em 19 de janeiro. Para surpresa minha, volta em 26 de janeiro o filho do Mario Celso, em telefonema com o Enio, para dizer que o pai dele tinha uma proposta. O Enio me trouxe a notícia, eu disse: “Bom, talvez uma segunda proposta, porque eu já tenho uma aqui que eu recusei, do Gustavo Arribas. Fale com o Mario, veja o que é essa proposta”. O Enio ligou para ele, ele Mario disse que estaria intermediando uma proposta de um grupo estrangeiro de 2,5 milhões de euros, que poderia quem sabe chegar a 3 milhões por 100% dos direitos econômicos do Alex Sandro. Eu confesso que não me entusiasmei pela proposta, eu preferia que o Alex ficasse conosco, pelo no mínimo mais um ano, mais esse Campeonato Brasileiro. O Lopes estava descobrindo uma nova posição para ele de meia, eu achava, e acho ainda, que ele seria um bom meia, mas nós temos compromissos. O Enio é quem toca nossa parte financeira e ele sabe mais do que eu quais são as nossas necessidades e as premências do clube em relação às suas obrigações. Ele achava que esse dinheiro em caixa, e à vista, como eles se propunham a pagar, seria interessante porque teríamos o caixa tranquilo praticamente até o final do ano, e isso traz uma tranquilidade, porque vocês não sabem o que é administrar, como nós administramos ano passado, sem dinheiro, com dívidas. O problema que é! O Enio ficou à frente dessa negociação, em primeiro lugar porque o Mario não me procurou, porque ele sabe mesmo que eu não falo com ele, que eu dificilmente o atenderia por telefone. Segundo porque eu estava à véspera de ir para a Arábia para acertar a questão do Marcinho e do argentino que estava nesse mesmo clube e veio para o Atlético. Então, o Enio ficou comandando isso e fechou o negócio. Eu cheguei a falar com esse Arribas para ver se nós conseguíamos um valor maior, ele subiu um pouco etc, e acabamos chegando no valor que interessa ao Atlético, mas só dos nossos 70%, porque os 30% pertencentes ao CAPA o represente do CAPA disse que eles não queriam vender.

Airton Cordeiro: vetaram a venda.

Vetaram a venda da parte deles, mas eles não podem vetar a venda porque nós vendemos a quem nós quisermos e quando nós quisermos. Não tem um jogador do Atlético atual que qualquer empresário venha dizer: “Não venda porque eu não quero”. Não, quem vende é o Atlético. Depois, como somos de boa fé, repassamos para eles o percentual que eles têm nos direitos econômicos. Mas ninguém vai chegar lá e dizer: “Não, vocês não vendem porque eu não quero”. Não senhor, aqui quem manda é o Atlético. Vendemos os 70% por 2 milhões de euros à vista, e aí fomos comunicados que a venda se faria por 2,2 milhões porque 200 mil teriam de ser pagos aos intermediários, aos empresários, aos agenciadores.

Airton Cordeiro: o Petraglia era um dos intermediários?

O Petraglia foi quem propôs a negociação. Possivelmente, ele fosse o representante desse grupo, porque ele fala e a negociação se concretizou, então sem dúvida que ele era o representante desse grupo. Não sei se para aquele momento, para aquele ato, mas a verdade é que ele foi o representante. Ele trouxe essa notícia e não comunicou ao conselheiro que ele quis agradar. Isso ele não falou. Por isso eu fiquei pasmo com a atuação dele, embora eu passei a conhecê-lo melhor e sei que ele faz essas coisas, mas resolvi colocar isso num papel, para ele, para ele saber que não era bem isso. E copiei esse e-mail ao próprio conselheiro, que eu não menciono o nome, hein? Copiei ao conselheiro, porque ele respondeu ao conselheiro e teria de saber o que eu falei. Então veja, a participação dele foi essa. Então, 200 mil euros nós temos que pagar para quem? O clube é esse Maldonado, do Uruguai, nos mandou o dinheiro e nós já recebemos 2,2 milhões euros, dos quais 200 mil euros nós vamos repassar aos empresários indicados por ele Mario Celso Petraglia. Teremos que repassar 130 mil euros a uma empresa chamada Profi, que pertence ao Carlinhos Sabiá, que foi jogador do Atlético, e mais 70 mil euros à empresa dos nossos ex-CAP. Os ex-funcionários do Atlético receberão 70 mil euros mediante uma emissão que eles deverão fazer de uma nota fiscal para nós, e nós vamos pagar os 70 mil euros, conforme foi acordado na transação. Essa é a realidade. Esses são os fatos verdadeiros. Essa é a verdade mesmo. Tudo o que se disser em contrário é mentira. Essa é a verdade e eu posso demonstrar a quem quer que seja. O que eu não posso é aceitar insinuações, como o próprio Mario tem feito nesse tal site que ele se propôs agora a propagar aí.

Airton Cordeiro: aliás, ele gosta de propagar factóides. Neste momento, vamos ser muito claros, ele está no ostracismo na vida do Atlético. Ele se auto-colocou no ostracismo pelo temperamento dele. Então, ele vem com essa história da Arena Atletiba, é uma coisa completamente despropositada. Primeiro ele trouxe uma ideia, através da Revista Ideias. Essa segunda agora eu não dei nenhuma importância, porque ele requentou o prato e ele quer fazer um estádio novo. Agora, o que me chamou a atenção na entrevista que ele deu à Gazeta é que ele disse: “nós temos que cuidar dos nossos negócios”.

Nossos negócios dele, não do Atlético.

Airton Cordeiro: dele. Puxa vida, isso me deixou pasmo. Ele está declarando publicamente que ele está fazendo negócios às custas do Atlético Paranaense, ainda. Então, eu imagino o que acontecia quando ele estava lá dentro.

Marcelo Fachinello: como andam as negociações com patrocinadores? O Atlético está como todo seu potencial comprometido ou ainda não?

Não, não, não, não. Ainda temos muito o que vender, as tais propriedades, como o pessoal da área de marketing chama. Nós temos muitas propriedades a serem vendidas. Não temos nem patrocinador master ainda!

Marcelo Fachinello: aquele patrocinío com a Ambev que se falou no início do ano…

Esse patrocínio com a Ambev não é patrocinador master. Eu já disse na época ao jornal Gazeta do Povo: era um patrocínio pequeno, envolvia a Copinha São Paulo, mas que não evoluiu como deveria ter evoluído. Eu até acho que não fecharemos com Ambev.

Marcelo Fachinello: a Arena pode voltar a ter um naming rights?

É o que nós mais queremos: que ela tenha um naming rights, e que isso traga receita para o clube. Já há interesse, o problema é nós chegarmos a valores, porque o mercado nosso do Paraná, infelizmente, é fraco. Você veja que não temos uma empresa sequer paranaense ou instalada no Paraná que se proponha a patrocinar o clube da capital, o clube dos paranaenses. É triste. Nós não temos. Quando tivemos, há pouco tempo, foi uma exceção, a empresa que nos patrocinou até dezembro, que não renovou contrato porque, embora toda a exposição que teve, acham que não é suficiente e queriam pagar agora menos do que no ano passado. Quer dizer, é um absurdo…

Marcelo Fachinello: sobre essa questão da Arena Atletiba, que nós nem falamos da segunda vez que foi colocada na imprensa pelo ex-presidente do Atlético, o que o senhor tem a dizer sobre isso?

Arena Atletiba, eu fico com o Airton: é mais um factóide criado pelo Mario. Isso não tem a menor possibilidade. Isso é uma opinião dele, não é uma opinião do Atlético, não é a opinião da atual diretoria do Atlético, e duvido que seja consenso entre os torcedores do Atlético, entre os nossos vinte e tantos mil sócios e o nosso milhão e meio de torcedores.

Marcelo Fachinello: como estão os andamentos para a conclusão ou adaptação da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014?

Isso está andando melhor. Está andando melhor. Nós já exterioramos explicitamente aos Poderes Públicos, estadual e municipal, principalmente o municipal, que a Copa é da cidade, que o Atlético dentro daquilo que havia projetado de conclusão da Arena, independente de Copa do Mundo, independente de caderno de encargos da FIFA, nós faremos, com ou sem Copa. Nós completaremos. Já fizemos o primeiro anel e concluiremos o segundo e estaremos com o estádio pronto. O excedente a isso tem que ter investidores, terceiros, sem ônus para o Atlético.

Marcelo Fachinello: o senhor descarta aquela possibilidade que Inter e que São Paulo chegaram a ventilar de empréstimo junto ao BNDES, o Atlético pode pensar nisso?

Dentro do nosso limite, do projeto anterior, que seria praticamente uma terça parte do custo, do qual já gastamos uma parte do primeiro anel, o que nós precisamos para o segundo anel, se for necessário recorrermos a um empréstimo, recorreremos. Ao BNDES? Pode ser sim, porque o dinheiro não é caro. Da mesma forma que recorremos a um empréstimo para fazer o primeiro anel com a Caixa Econômica. Recorremos à Caixa, obtivemos R$ 4,5 milhões, pagamos uma prestação hoje de R$ 126 mil por mês, e temos uma receita de R$ 150 mil das cadeiras. Passou a ser então um investimento. Nós investimos na Arena e estamos pagando com ela. E faremos o mesmo com o segundo anel. O excedente, eu repito, o Atlético, na minha gestão, não pagará e não arcará com esse ônus em hipótese alguma. Se chegarmos ao extremo de para tanto não ter Copa, não terá Copa.

Marcelo Fachinello: presidente, existe plano de reajuste de sócio, existe modificação nos pacotes de sócio? Isso aconteceu no ano passado e até gerou uma certa chia (sic), não até pelo reajuste, mas por não terem sido comunicados com antecedência.

Eu me penitencio. Eu acho que não foi bem conduzido aquele aumento, sabe? Quando passamos de R$ 50 para 70. O aumento era relativamente insignificante, mas nós não nos comunicamos bem com o associado. Nós não teremos o aumento surpresa. Nós teremos agora aumentos anuais, a cada setembro. Como tivemos no ano passado, teremos setembro de 2010 e em setembro de 2011, de acordo com esses indexadores da economia, não mais que isso. Evidentemente, se a assembleia quiser alguma coisa além, e os sócios aceitarem, poderemos ir além, porque quanto mais receita para o clube, melhor será o retorno que nós poderemos dar ao associado. Mas não terão não o aumento surpresa, eu asseguro. Teremos mais dois aumentos: setembro de 2010, setembro de 2011, nada além dos índices, quem sabe com o arredondamento para cima, sempre visando o clube, na questão da mensalidade.

Marcelo Fachinello: o clube ainda pensa em reforços para o Estadual ou vai deixar para adequar para o Brasileiro? Qual é o planejamento que o Atlético tem para fechar o seu time?

Para este Campeonato Paranaense não há qualquer interesse em trazer jogadores. Até pode acontecer de trazermos, veja bem. Isso não significa que está fechado. Pode até trazer, em uma oportunidade ímpar que surja. Para o Brasileiro, sim. Nós temos que pensar bem porque teremos ali [na Copa do Mundo] 45 dias de inatividade, e isso tudo é ônus para o clube. Nós temos que pagar as contas. Os jogadores têm que receber, o FGTS nós temos que depositar, o INSS nós temos que recolher. E não haverá receita. Então, nós não podemos nos precipitar e ir atrás de gritos de torcedores, e gritos de sites que ficam com essas bobagens que eu acabei de falar no e-mail que eu passei para o Mario Celso, nós não podemos ser guiados por isso. Temos de ser guiados pela realidade do clube. Nós não faremos loucuras, isso o torcedor tenha absoluta certeza: eu não vou deixar o clube endividado, não vou deixar o clube desprestigiado e sem crédito. O Atlético entregue na minha gestão será muito melhor do que o Atlético que nós recebemos do Mario Celso. E olha que eu cito o Mario Celso, e o presidente era o Fleury.

Airton: o Fleury sumiu, né?

O Fleury não sumiu, Airton. Eu tenho tido contato com ele, ele tem nos ajudado, sabe? Tem nos ajudado no anonimato. Esses dias ainda precisei dele numa questão jurídica, no Clube dos Treze, ele tem nos ajudado. O Fleury é farinha de outro saco.



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