Empurrando com a barriga
No final de novembro do ano passado, após a heróica vitória sobre o Botafogo que nos livrou mais uma vez do rebaixamento (que tem sido o principal objetivo do Atlético desde 2005), o Sr. Bolicenho afirmou em entrevista para as rádios que o planejamento atleticano já havia começado e que os torcedores poderiam esperar um time forte para 2010, com contratações de impacto.
O que aconteceu depois?
Alguns poucos e bons jogadores que haviam se destacado na campanha que livrou o Atlético da segundona foram embora (Nei, Marcinho, Wesley) e a impressão nítida que deu é que outros só não foram ou porque não houveram propostas ou elas não foram muito interessantes para o clube. Caso contrário, teriam ido.
Alguns jogadores vieram, mas destes apenas o Tartá até agora mostrou alguma coisa e que pode evoluir ainda mais.
Nas primeiras rodadas deste tenebroso Campeonato Paranaense, o Atlético era uma verdadeira maçaroca tática e o resultado disso são os quatro pontos que nos separam dos vândalos.
Cadê o planejamento?
Vejam o exemplo do São Paulo: tão logo terminou o Brasileiro, já contratou reforços dentre os melhores do Campeonato Brasileiro e não se cansam de reforçar o time. Querem ser os melhores sempre, querem estar no topo, tem fome de títulos. Essa é a razão de ser do futebol: ganhar jogos, ganhar títulos e não ficar fazendo média com o rival, propondo arenas compartilhadas, dizer que o rival não merecia ter caído… bem isso já é outra conversa, mas parece que a mentalidade de time pequeno voltado para os negócios e para si mesmo e não para os torcedores infelizmente ainda não desapareceu.
Até que alguns jogos contra obscuros times do interior deram a ilusão que o time havia engrenado. O tropeço diante do Nacional em Rolândia, todavia, acendeu uma luz amarela.
Diante do rival, o mínimo que se poderia esperar era dedicação e empenho máximos, para conseguir suplantar a evidente limitação técnica e conseguir uma vitória que daria algum alento para conseguir nas rodadas seguintes tirar a liderança da minhoca coxa-branca.
A torcida, como sempre fez sua parte. E que exemplo de torcida. Pacífica, ordeira, incentivando sem parar e sem descambar para a violência. Bem diferente da torcida do outro lado que protagonizou o espetáculo mais triste que uma torcida pode oferecer, há alguns meses atrás.
Caro ex-dirigente rubro-negro que insiste em fazer média com os coxas e que anda por aí dizendo que somos iguais a eles engula suas palavras e saiba ser um atleticano de verdade!
Mas o jogo! Depois da bela festa, do mosaico, nos 15 minutos iniciais dava a impressão que algo de bom surgiria. Javier Pepe Toledo protegia bem a bola, mesmo bem marcado pelos zagueiros adversários e preparava para quem vinha. Mas quem vinha? Só o Bruno Mineiro brigando com a zaga. Faltava mais alguém. Além dos dois, só o Netinho jogava um pouco mais avançado, mas não encostava muito. O resto do time, todo atrás, como que respeitando o rival. Três volantes! Pra que isso?! Será que não se poderia ter arriscado mais, um esquema mais ofensivo? Pra que tanto cuidado defensivo?
Com o passar do tempo, o CFC foi tocando a bola, gostando do jogo e infelizmente, pra quem vê o futebol e gosta do futebol a triste verdade se revelou diante dos nossos olhos: o time deles é superior. O Atlético simplesmente sumiu. Um apagão geral. A mediocridade tomou conta se alastrando como corrente elétrica no circuito atleticano, Netinho perdido em campo, jogadores trombando, Valencia dando caneladas, Alan Bahia rebatendo para os pés dos adversários, Rhodolfo, como sempre, jogando mal contra o coxa, Gerônimo, sem comnentários. Um horror . Sorte que lá atrás Neto fazia defesas extraordinárias, salvando o time. Bola no travessão. Um massacre. O nosso gol foi um castigo pra eles que na hora do 1 x 0 estavam bem melhores que nós. O gol do Manoel na jogada mais mortífera do Atlético foi um balde de água gelada no coxa. Psicologicamente estavam mortos.O jogo estava nas mãos do Atlético.
No segundo tempo, além de voltar com o esquema medroso, o Atlético começa a fazer cera (!), como que querendo que o tempo passasse logo para garantir o magro 1 x 0. E o jogo começou a ficar truncado, cheio de paralisações, e pra piorar, o Héber Lopes irritando a torcida, muito parcial para o lado coxa.
A impressão que me deu é que o preparo físico começou a faltar pra o Coritiba. Mas o Atlético não teve tranqüilidade para fazer o segundo e matar o jogo. Numa jogada infantil do Gerônimo, falta de Manoel e o número 10 deles acerta um chute muito feliz. A patética e interminável comemoração dele, destilando toda a raiva contida, deu bem uma idéia da tensão que vive o quase falido e arrogante clube verde e branco, tendo que disputar uma segunda divisão este ano e sem saber que sanções serão definitivamente aplicadas.
Paulo Baier entrou muito bem para quem estava algum tempo parado, mostrando a categoria de sempre, mas na minha opinião foi errada a substituição do Netinho. Por pior que ele estivesse, dos pés dele surgiu o gol e tem surgido as jogadas mais perigosas do Atlético nos últimos tempos através de cobranças de faltas e escanteios, mas seria demais esperar do sr.Lopes que ele substituísse um dos três volantes pelo Paulo Baier. Depois o Wallyson entrou e aprontou aquela correria de sempre, sem muita objetividade. Depois do gol deles até que o Atlético melhorou, mas daí já era tarde. Márcio Azevedo que esteve apagado no primeiro tempo resolveu jogar no segundo tempo e nem se intimidou com a torcida deles que estava por ali no setor que ele jogou no segundo tempo.
O empate praticamente sepulta as chances do Atlético de conseguir a vantagem de jogar todas em casa na outra fase e terá de se deslocar até a casa da vergonha para fazer o jogo decisivo com o Coritiba.
Acho que está na hora de se parar com contratações de desconhecidos que não jogam nada , de apostas e fazerem como o São Paulo: reforcem esse time pra essa fase, deixem de lado essa pasmaceira, esse achar que tudo está bem e deixar o barco ser levado pela maré, tomem vergonha na cara e montem um time forte nem que seja só para esse jogo para calar a boca desses coxas, do seu técnico e desse time insuportável.
Para isso é preciso vontade de ganhar, coisa que não percebemos domingo por parte dos jogadores e que já percebemos faz tempo nos dirigentes que estão sempre empurrando com a barriga, achando que tudo está bem e sem maiores ambições. Pelo menos 5 contratações de peso e trabalho e concentração máximos para atropelar os adversários sem dó e pisar nos coxas na casa deles. Com Rhodolfo, Chico, Gerônimo & Cia., não dá!