[Promoção 86 anos do Atlético] A construção de uma paixão
A velha história ‘a fruta não cai longe do pé’, ou ainda ‘tal pai, tal filho’, provaram-se mitos na minha história como atleticano. Infelizmente para meu pai (torcedor do Coritiba), mas felizmente para mim, meu coração nasceu rubro-negro. Ora, como primeiro filho, sobrinho e neto, bajulação por parte da família não faltava. E, aos 2 anos de idade, foi me concedida a chance de escolha de uma camisa de futebol; o pedido foi exatamente pela camisa mais bonita, vermelha e preta. Apesar da surpresa causada, minha avó passou na frente de todos e comprou o tão desejado presente. Foi o suficiente para o Atlético contar com mais um torcedor.
Minha infância se passou na década de 80, na qual aprendi a magia do ‘dia de jogo’, quando as pessoas se apoderavam de seus radinhos e os deixavam colados ao ouvido, resmungando, roendo unhas e explodindo na hora dos gols. Época que aprendi a grandeza e importância de um ATLEtiba, disputado a ferro e fogo independentemente de campeonato ou mando de campo.
Na década de 90, veio a idade de começar a ir em jogos. No início, o Pinheirão era o destino principal dos domingos à tarde. A melhor parte, veio na Baixada de 94-97, palco dos melhores jogos do Atlético que assisti. Jogos simples como Atlético e Novo Horizontino e outros que ajudaram na conquista da Estrela de Prata. Todos marcos inesquecíveis, época tão empolgante que passava horas depois das partidas esperando os jogadores para pedir autógrafos (numa tarde bem sucedida consegui autógrafos de quase todo o time, incluindo Ricardo Pinto, Jean, Alex, Leomar, Everaldo, Oséas, Paulo Rink e o técnico Pepe. Folha de caderno ainda existente, guardada com cuidado em uma pasta aqui em casa). Ainda, acompanhei grandes espetáculos como Atlético e Palmeiras comandados por Oséias e Paulo Rink e jogos incomuns como Atlético e Criciúma, no qual as torcidas de ambos os times se uniram para fazer o carrasco daquele ano (Fluminense) cair para a 2ª divisão.
E o Atlético cresceu. A Arena e as novas ambições o acompanharam. Junto com isso a torcida se tornava de proporções imensas, fazendo com que cada jogo fosse mais difícil de se encontrar ingresso. Mesmo assim, após tremendo esforço, consegui o ingresso para o jogo que considero o mais importante do Atlético: a final do brasileirão de 2001. Eu realizei o sonho de assistir meu time colocar uma mão na taça dentro de casa e a segunda na semana seguinte. Neste dia fui também testemunha do maior congestionamento já visto na Avenida das Torres, na carreata de infinitas luzes que acompanhava o time recém Campeão Brasileiro, do aeroporto até a Arena.
Minha história com o Atlético, por tantas lembranças, não permitirá o mesmo ‘erro’ que meu pai cometeu quando eu tiver meu filho. Simplesmente torcer por um time é diferente do que ser apaixonado por ele; a paixão se constrói durante anos, felizes ou tristes, mas acompanhando todos os seus passos. Esse é o meu objetivo para que daqui a alguns anos novos atleticanos fanáticos possam contar, com o mesmo orgulho, suas histórias de amor pelo Atlético.