[Promoção 86 anos do Atlético] Como me tornei atleticano
Foi em um Atletiba. Já faz bastante tempo. Eu devia ter uns 5, 6 anos. Não me lembro de detalhes. Mas as imagens ficaram na memória e vai ser difícil esquecer esse dia.
Tudo começou quando eu estava prestes a me tornar coxa-branca. Vindo de Salvador com 3 anos de idade, precisava escolher um time da cidade pra torcer. Meu pai era flamenguista doente, ainda é, mas eu não gostava da ideia de torcer de longe.
Era um ensolarado dia de domingo quando meu pai, junto com seu amigo coxa-branca de quatro costados me levaram em um Atletiba no Couto pra eu virar coxa de uma vez. Na época eu até queria. Na verdade eu estava indo na onda dos meus amigos mesmo, a grande maioria coxa.
Ficamos lá no terceiro anel da torcida do Alto da Glória. Era emocionante naqueles tempos. Podia se fazer de tudo no estádio: era copo de xixi voando pra um lado, chinelos sendo arremeçados quando o batedor ia cobrar o escanteio, até radinho já vi arremessarem! Sem falar que as divisões das torcidas eram praticamente igualitárias. Metade rubro-negro e metade alviverde.
Quando digo isso para meus amigos coxas-branca eles acham que estou de sacanagem, mas me arrepiei ao ver torcida atleticana pela primeira vez na vida. E logo em um Atletiba. Coitado dos coxas, perderam um torcedor porque que ele se apaixonou pela torcida rival.
O jogo estava 3 a 0 pro Atlético já no primeiro tempo e, a cada gol que fazia, um bandeirão com uma caveira subia em meio à torcida. Pensei: ‘Meu Deus’! Olhava pra torcida alviverde, calada. E o barulho que fazia a rubro-negra era de arrepiar. Saímos antes de começar o segundo tempo, pois o amigo do meu pai não suportou a humilhação. Mas a essas horas eu já sabia pra que time eu ia torcer… É difícil me esquecer desse dia, acho que vou lembrar pra sempre.