E o trabalho começa a aparecer
Conversando com amigos, vejo ainda que muitos atribuem, única e exclusivamente, a melhora do Atlético nos últimos jogos ao retorno de Paulo Baier ao time. Fato inegável, concordo. Porém não dá para fechar os olhos quanto ao bom trabalho que Leandro Niehues faz em pouco tempo no comando do Furacão.
Primeiro, por abandonar a retranca. Nosso certame estadual é composto basicamente por dois times apenas. O resto é um apanhado de última hora de jogadores para se fazer ‘presente’ no campeonato. Por que jogar na retranca contra times sabidamente mais fracos (ainda que o nosso não seja tão superior assim)? Essa era a receita de Antônio Lopes, seja em casa, seja fora de nossos domínios. O delegado, do alto de sua experiência, sabia como ninguém as deficiências do elenco, no entanto, na minha opinião, não teve forças para tentar algo novo. Preferia antes ‘não perder’ do que tentar ganhar. E com essa opção, nossa principal jogada era a fatídica bola parada. Pouco, muito pouco para o único clube paranaense presente na elite do futebol.
Ah, mas alguns vão dizer que os recursos humanos que o delegado tinha em mãos eram muito pobres. Sim, de fato. Mas lembrem-se que são os mesmos recursos que o Niehues tem agora. Tin tin por tin tin, sem tirar nem por. Ah, mas o Delegado não contou com o Paulo Baier. Fato. Baier flutua em campo e comanda nosso time como ninguém. E, de certa forma, o técnico Leandro Niehues assumiu o time justamente quando o capitão atleticano retornou ao time. Fato, de novo.
Mas não podemos esquecer que o time é composto por outros 10 jogadores além de Paulo Baier. Com exceção dos excelentes Neto, Manoel, Márcio Azevedo, o matador Bruno Mineiro e ainda do esforçado Netinho, o time batia cabeça em campo. As vitórias vieram, sim, mas com uma carga dramática que fez todo atleticano imaginar o nada promissor futuro do time no Campeonato Brasileiro que se aproxima.
Com Leandro no comando, coincidentemente (ou não), Raul vem se aplicando mais, Valencia deixou de errar passes e até arrisca umas subidas ao ataque, Netinho passou a jogar de frente para o gol, Márcio Azevedo aprendeu a cruzar, Rhodolfo voltou a boa forma, deixou o chutão de lado e ‘zagueirando’ vem muito bem. Manoel dispensa comentários, é um monstro. Chico vem fazendo um feijão com arroz bem temperado, sem firulas e sem complicações. E até o Pepe desencantou e vem sendo fundamental nas tramas ofensivas.
Enfim, não tiro os méritos do delegado Lopes. Ele os tem sim, mas penso que hoje seria muito mais importante ocupando uma cadeira como dirigente do Atlético do que o banco de reservas. E essa cadeira acho que todos sabemos qual é.
O Atlético de hoje, se ainda não é um primor técnico e não teve um teste real contra um time mais forte, ao menos é um time que parece ter reconquistado a alegria de jogar. É um time que reaprendeu a trocar passes e fazer triangulações no ataque. É um time que se preocupa antes com a vitória em detrimento ao ‘não perder’. E o resultado disso – nada mais do que a obrigação, é verdade – são as goleadas contra times do interior. Ok, calma. Não é para se animar tanto assim. Mas se nem isso antes conseguíamos, por que não, ter ao menos esperança de dias melhores?
Leandro é prata da casa. Conhece os meninos do Atlético como ninguém, fruto do bom trabalho que fez durante anos nas equipes de base do Atlético. Devido a circunstâncias de mercado, foi treinar outros times, tendo seu principal destaque com o J. Malucelli no vice campeonato do ano passado. Tem como referência uma visão moderna do futebol e seus times sempre foram muito bem armados taticamente. Com apenas um apanhado de jogos à frente do Furacão, já é perceptível o avanço tático do time. Só não vê quem não quer. Tem tudo para continuar fazendo um bom trabalho, mas vai precisar de reforços de qualidade para o Brasileirão. Isso todo mundo sabe.
Ah sim, muito obrigado, Paulo Baier. Você é o dono deste time! Vida longa ao nosso capitão!