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23 abr 2010 - 17h42

A torcida não merecia apanhar da PM

Anteontem, antes do jogo do Atlético Paranaense com o Palmeiras, fui jantar na
Napolitana Arena, com um amigo. Na chegada, eu me emocionei com moças
e rapazes colocando tinta preta no rosto, como manifestação contra o racismo
do Danilo contra o nosso zagueiro Manoel.

Enquanto jantávamos, ouvíamos os cantos da torcida e de um carro se som,
ali na entrada da Arena da Baixada, onde os torcedores se concentram para
entrar no estádio. Em todos os jogos.

Aí aconteceu algo inesperado, inexplicável e absurdo. Um policial militar entrou
no meio da rapaziada, das moças, das crianças e começou a distribuir cacetadas
para todos os lados. Logo, outros policiais militares avançaram sobre aquela
multidão pacífica (só havia atleticanos cantando e pintando a cara, por ali) e
começaram a empurrar e a bater. Carros chegaram voando baixo, com sirenes
ligadas e deixando mais PMs no local, para dispersar a torcida pacífica que estava
entrando na Arena.

O pior aconteceu em seguida, quando uns 20 ou 30 PMs a cavalo desceram a
Buenos Aires e entraram no meio daquela multidão, abrindo espaços atropelando
a todos – sem se preocupar com crianças, idosos, deficientes, moças, rapazes,
homens e mulheres que por ali estavam, entrando no Joaquim Américo. Foi uma
cena de guerra, contra inimigo algum.

Todos que lá estavam podem confirmar meu testemunho, principalmente as quase
80 pessoas que das janelas da churrascaria assistiram àquela barbarie da Polícia
Militar do Estado do Paraná, que o novo Governador Pessutti (atleticano de fé) e
o novo Secretário de Segurança Pública asseguraram que nos proporcionariam
maior segurança e tranquilidade para todos nós.

A segurança em torno da Baixada era pra lá de exagerada, na noite do jogo com o
Palmeiras – talvez pelo clima que a Imprensa paulista criou. Não aconteceu nada,
como não iria acontecer, com o palmeirenses. Apenas Danilo foi vaiado e xingado e não teve sua mão apertada pelo Manoel, quando todos os jogadores se cumprimentaram antes do jogo. Só – mais nada, nem antes, nem durante, nem depois.

A direção do Palmeiras (Cipulo) inclusive agradeceu à hospitalidade e à segurança
que o Atlético proporcionou aos jogadores e torcedores palmeirenses. Está no jornal Lance, de hoje.

A única hostilidade foi da nossa Polícia Militar, contra nossos torcedores que, repito,
estavam pacificamente pintando os rostos de preto e cantando, antes de entrar na
Arena.

Espero, sinceramente, que estas linhas de desabafo – propositadamente escritas 24
horas depois dos acontecimentos, para não ser passional – façam alguma diferença, no tratamento que a Polícia Militar proporciona a nós todos, paranaenses.

A direção do Atlético, o governador Pessutti e o Secretário de Segurança tem que
conversar e resolver esta questão grave, que por milagre não teve feridos com
graves consequências, pelo destempero e despreparo de um PM que contagiou
os demais.

A RIC/Record gravou tudo que aconteceu e dei depoimento relatando os fatos que
assisti, incrédulo e depois revoltado, da janela do restaurante da Baixada.

Isso não pode ficar assim. Não deve mais acontecer. Nunca!

A torcida não merece apanhar da PM, nunca, ainda mais quando não fez nada.



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