Não basta ter sorte
É muito comum no futebol escutarmos algumas pessoas falarem que determinado resultado de uma partida foi justo ou injusto.
Eu particularmente acho que não existe essa injustiça no futebol.
O futebol é simples e por isso é o esporte mais popular da Terra: a vitória é justa para aquele que sabe transformar em gols as jogadas. Se não faz os gols, ou o seu ataque é ineficiente ou encontra pela frente uma defesa sólida que impede que os gols aconteçam.
Nada a ver com sorte ou azar.
Muitos comentaristas e o técnico Geninho após o jogo de ontem disseram que o resultado teria sido injusto pelo volume de jogo do Atlético Goianiense.
Geninho! Um nome que faz parte da gloriosa história atleticana. Campeão brasileiro em 2001. Em 2008, mesmo com um time limitadíssimo conseguiu salvar o Atlético do rebaixamento e de quebra foi campeão paranaense do ano passado. Único triunfo nesses cinco anos de raras alegrias.
Concordo com quase tudo que ele falou ontem após o jogo, só discordo sobre a justiça do resultado. Volume de jogo não é parâmetro para que se defina se o resultado de um jogo foi justo ou injusto. Uma equipe pode ter massacrado a outra durante os 90 minutos e não ter feito nenhum gol, mas se sofreu um gol do adversário nos descontos é porque seu adversário soube suportar a pressão, ganhar o jogo e assim sendo, a vitória foi justa.
E nem foi isso o que aconteceu ontem.
Mas isso não quer dizer que foi uma grande vitória. O Atlético contou, e muito, com a competência dos seus zagueiros, do goleiro Neto e da sorte, principalmente da sorte, para não ter saído com um empate ou até com uma derrota da Arena.
No primeiro tempo, o Atlético nos deu a impressão que venceria facilmente o jogo e até por goleada. Dessa vez o técnico optou por uma escalação mais ousada, com alas bem abertos, quase como pontas, dois armadores mais ofensivos de cada lado do campo e dois atacantes de área. O Valencia mais fixo no meio e os três zagueiros atrás, mas subindo constantemente e o resultado disso foi o placar de 2 a 0 que poderia ter sido até maior se o time tivesse aproveitado todas as oportunidades.
Apesar de muito desfalcado, o Atlético-GO mostrou, já no primeiro tempo, porque foi semifinalista da Copa do Brasil. Têm vários bons jogadores e criaram bons lances. No melhor deles, Keninha deu uma cabeçada que exigiu uma defesa espetacular do Neto.
No Atlético o Branquinho sobrava. Fazia tempo que eu não via na Arena um jogador do Atlético dar uma sucessão de dribles como ele fez. Mas dribles dados com objetividade, para armar as jogadas para os atacantes. Fez uma boa dupla com Paulo Baier, que ficou menos sobrecarregado na armação. Além disso, preparam muitas jogadas para o Bruno Mineiro e para o Alex Mineiro.
Dois belos gols. O do Paulo Baier numa magistral cobrança de falta e o do Wagner Diniz numa belíssima jogada individual que terminou com uma pancada de pé direito. Bruno Mineiro perdeu um gol na cara do goleiro, que fez grande defesa. Alex Mineiro idem. Ainda no primeiro tempo o Alex deixou de calcanhar para o Bruno marcar, mas foi marcado impedimento.
Para o segundo tempo o Geninho voltou com Elias em campo e já no começo mandaram uma bola na trave. Um prenúncio do que iria acontecer depois. Mesmo com um a mais, o Atlético foi cansando. Paulo Baier saiu cansado, Bruno Mineiro sentiu a contusão e o Leandro mexeu mal, colocando Tartá e Netinho em campo. Pronto. Acabou o futebol bonito, a movimentação e o Atlético voltou a ser a maçaroca de sempre e tomou um sufoco impressionante do Atlético-GO.
A gota dágua foi a substituição do Branquinho, que era o melhor jogador do Atlético, pelo Lisa. Tudo bem que era necessário a entrada do Lisa após a expulsão do Wagner Diniz, mas tirar o melhor jogador? Depois o técnico disse que não sabia porque a torcida vaiou.
O Atlético ficou totalmente descaracterizado. Uma bagunça tática implantada pelo Sr. Leandro que acho que nem ele mesmo entendeu. Na frente o Alex Mineiro morto, o Netinho que parece que já entrou cansado sem saber o que fazer em campo, o Tartá perdendo fácil a bola…
Assistimos então a uma blitzkrieg do time goiano, que após o seu gol, só não virou o jogo por detalhes. Márcio Azevedo tirou uma bola de forma espetacular na risca. Neto fez pelo menos três grandes defesas. No finalzinho o zagueiro do Atlético-GO cabeceou e a bola bateu na trave, quase no chão, tomou efeito contrário e voltou milagrosamente para as mãos do Neto.
O jogo acabou com a bola no ataque do Atlético-GO, que lutou até o final. O frio estava nos castigando e todos nós estávamos ansiosos para que o juiz terminasse logo de uma vez com o nosso sofrimento. No apito final, um alívio!
O resultado foi justo, mas o Atlético, pelas lambanças do seu treinador, conseguiu transformar um jogo que poderia ser uma festa numa partida dramática.
Fica mais do que claro que o se o time não é um primor, pelo menos não é ruim. Muitos jogadores que não são habilidosos como Chico e Rhodolfo compensam essa condição com muito esforço e se mataram em campo ontem. Chico quase faz um golaço numa jogada individual. Neto foi o melhor jogador da partida. Wagner Diniz enquanto esteve em campo mostrou que conhece. Branquinho,hoje, é titular absoluto no meio-campo.Bruno correu muito mas ainda não está na sua melhor condição física. Alex está devendo ainda.
Também fica claro que o Atlético precisa para ontem de um treinador de time de primeira divisão. Urgente! Vários nomes têm sido citados, todos eles muito bons e qualquer um deles serviria para melhorar a situação. Com todo respeito, acho que o atual ciclo do Sr. Leandro no Atlético está encerrado. Ele começou bem, pegando um time desacreditado no campeonato paranaense, fez alguns bons jogos, mas sucumbiu nos momentos decisivos perante o Coritiba e o Palmeiras e não vem fazendo um bom campeonato brasileiro. Ele é novo ainda e precisa de experiência para treinar uma equipe de primeira linha. Um novo treinador poderia montar uma boa equipe porque o material humano não é de todo ruim. E com duas ou três contratações pode ficar bem competitiva para o resto do campeonato.
Se demorarem muito para contratar técnico e jogadores, poderá perder pontos preciosos que depois custarão muito para serem recuperados lá na frente.
Tomara que a sorte continue nos acompanhando tal qual no jogo de ontem, mas só ela não basta. É preciso competência fora de campo (para gerenciar o futebol e implementar as ações necessárias para que o time dispute o título), e competência dentro de campo, o que se concretizaria com a vinda de um técnico experiente que saiba armar uma bela equipe com o elenco que tem e mais alguns jogadores.