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23 jun 2010 - 22h47

Estagnação dos sócios do CAP

Concordo plenamente com o texto do Carlos Rafael Barrios. Lendo e relendo me veio na memória quando o meu querido pai era sócio do Atlético. Nas décadas de 70 e 80, lembro muito bem, meu pai tinha inúmeras carteirinhas do Atlético, era de sócio Ouro, Prata e Bronze, além de todos os integrantes da família serem sócios de carteirinha do Clube Social, o Pavoque em São José dos Pinhais. Faço questão em contar um pouco desta história, já que tem torcedores por aí que me enviaram um e-mail dizendo que tem vergonha em saber que que eu sou atleticanos, então para aqueles que tem e gostam de histórias ou que viveram esta mesma experiência, divirtam-se.

Meu pai trabalhava de segunda a sexta, felizmente nas segundas e nas quintas o trabalho do meu pai era mais sossegado, então o meu pai dedicava os seus horários de folga para o Clube que ele sempre amou, o Atlético. Nossa rotina era essa, todas as segundas e quintas a gente ia até a Baixada para assistir os treinos, era liberado para os torcedores, principalmente para o meu pai que era metido, se enfiava por tudo, a gente passava a tarde toda na Baixada, conversando com os jogadores e com os presidentes, seu Vamor, uma excelente pessoa. Quando o Atlético fazia aniversário, chegava em casa via correio o convite para a festa do Atlético, lembro muito bem da festa dos 66 anos do Atlético, o baile foi lá no Clube Santa Mônica, um festão com a cara do Atlético.

Todos os meses a gente dava um pulinho lá no Pavoque para assistir os treinos da categoria de base, lembro muito bem que tinha jogadores que moravam no Pavoque, tudo em situação precária, enfim, não sei se tudo aquilo tinha resultado, mas que era gostoso ir passear no Pavoque, isso era. Nos finais de semana a gente organizava pic-nic com a família, andávamos de pedalinho no rio e usufruia de outras bem feitorias do parque.

A última vez que eu fui no Pavoque foi no ano de 1992, se eu não estoou enganado, lembro muito bem que parte da torcida estavam concentrados no parque porque neste domingo tinha clássico na Vila Capanema entre Paraná Clube e Atlético, caso o Paraná vencesse, se consagraria Bicampeão Paranaense em cima do nosso Atlético. Para o bem da nação, no início do jogo, o nosso velho atacante Washington fez o gol da vitória Rubro-Negra e ficou para a história que até hoje, o timinho da Vila nunca foi campeão perante nós, jogamos água no chopp dos parasitas. Não sei qual foi a data, mas este foi o último dia em que colocamos os pés no Pavoque, voltamos para o Bacacheri fazendo uma grande festa, buzinaço nas ruas e tudo o que tinha direito.

Meses depois, meu pai fez questão de doar milhares de tijolos para a construção do Farinhaquão, fizemos questão de levar o material pessoalmente, eu na época era um moleque, me divertia muito, não entendia muito bem as atitudes do meu pai, ele se doava para o Atlético, torcedor fanático. Uma vez, nós tínhamos um casamento para ir na igreja Santo Antônio da Boa Vista, no mesmo dia, jogaria Atlético contra o Corinthians no Pinheirão. Deixamos em casa a minha mãe com a minha irmã se arrumando para a festa, eu com o velho fomos para o Pinheirão, uma tarde fria, o tal do Viola fez o gol da vitória para os paulistas, com a derrota, o Atlético acabou sendo rebaixado. Saimos se quebrando do estádio para chegar a tempo no casamento, é óbvio que chegamos atrasados na igreja, tudo pelo Atlético.

Tenho muito orgulho em dizer que entre os anos de 1983 e 1995, junto do meu pai, nós assistimos todos os jogos do Atlético aqui na capital, além disso, nos dias de jogo, a gente lotava a Kombi de meninos, meus amiguinhos de rua. Hoje, todos casados, com filhos e atleticanos. Minha rua aqui no bairro Boa Vista só tem atleticano, é uma beleza.

Enfim, acho que o meu pai fez muito pelo Atlético, deixou de viajar com a esposa e seus filhos para acompanhar de perto o seu clube do coração, no ano de 1995 resolveu dar um basta, hoje em dia ele só vai aos jogos se eu implorar, diz ele que contra o Corinthians ele vai, sem falta.

Voltando ao assunto sócio, serei bem claro, meu pai nunca ganhou nada do Atlético, ele sempre foi sócio do clube nas décadas passadas, mas nunca pediu nada para a diretoria. Hoje em dia o povo quer ser sócio mas tem que receber algo em troca, como os pensamentos mudaram não é? Sou favorável que tenhamos novamente os sócios Ouro, Prata e Bronze, mas será que para isso o torcedor terá que ter algum benifício? Será que aquela geração de torcedores como o meu pai foi extinta do planeta? Será que todo o torcedor atleticano precisa receber akgo em troca para ajudar o seu clube do coração? Fica esta pergunta no ar, e tem mais, se a diretoria adotasse este sistema, eu era o primeiro a ser sócio, o seu Osvaldo acabara de fazer escola com o seu modo de torcer, sem pensar em receber algo em troca, tudo pelo Atlético.

Obrigado pai, Atlético até a morte!



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