5 ago 2010 - 11h59

Há vinte anos, Berg marcou contra no Atletiba decisivo

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Ser campeão em cima dos coxas é sempre inesquecível. Mas os dois Atletibas finais de 1990… ah, esses foram os melhores de todos, sem dúvida. Principalmente o segundo, realizado há exatos 20 anos.

O Atlético tinha um time razoável, com alguns remanescentes do título de 88, como Carlinhos Sabiá, Marolla, Odemílson, Cacau e Serginho. Mas fez um segundo turno péssimo, que deixou a torcida ressabiada. Para o hexagonal final, o presidente José Carlos Farinhaque trouxe um reforço de peso: Gilberto Costa, o “canhão”. Além disso, o técnico Zé Duarte, o “vovô”, assumiu o comando do time.

Deu resultado: o Furacão ficou em primeiro lugar e levou para a final contra os coxas a vantagem de jogar por dois empates.

Os coxinhas, por sua vez, tinham um time superior tecnicamente, principalmente na meia-cancha, que tinha nomes como Hélcio, Tostão, Serginho, além do bom ataque formado por Moreno e Pachequinho.

Não me perguntem o motivo, mas as duas partidas da decisão foram realizadas no Couto Pereira (na época, o Atlético mandava seus jogos no inacabado Pinheirão).

E, apesar de eu ter citado acima tantos craques, os protagonistas das finais foram outros – um de cada lado.

Naquela temporada, disputava a vaga no comando do ataque do rubro-negro um jogador limitado mas voluntarioso, cheio de disposição e raça. No começo do campeonato, Dirceu não era unanimidade entre a torcida. Mas ganhou a simpatia ao judiar dos coxas: em dois Atletibas na primeira fase, marcou um gol em cada um. A boa fase rendeu a ele o apelido de “Schilatti”, o desconhecido atacante da Itália que desandou a marcar gols na Copa do Mundo daquele ano. Mas seu grande momento ainda estava por vir.

Dia 1º de agosto, noite fria de quarta-feira. Os coxas dominaram a partida de cabo a rabo e venciam por 1 a 0. Mas, aos 44 minutos do segundo tempo, o imponderável acontece. O goleiro Gérson inexplicavelmente pega a bola com a mão fora da área, próximo à linha de fundo. Falta, daquelas que parecem um “mini-escanteio”. Eu já havia descido as escadas do chiqueirão e me dirigia ao portão de saída, mas, ao ouvir o lance no radinho, voltei. Me amontoei com a galera ali, no primeiro anel. Engraçado, parece que a gente sabia que o gol ia sair. Não deu outra. Gilberto Costa colocou com maestria a bola na cabela de Dirceu: 1 a 1. Vantagem mantida, e o atacante já começava a ganhar um outro apelido. Era o “Carrasco dos coxas”.

Enfim, chega o domingo. Os últimos 90 minutos de jogo definiriam o campeão.

Mal começa a partida, Carlinhos arranca pela direita e cruza na área. Sempre ele, o Carrasco Dirceu salta à frente e acerta em cheio a cabeçada no contrapé do goleiro: 1 a 0 para o Furacão. A partir daí, os coxas partiram com tudo pra cima e conseguiram empatar com Pachequinho. No último lance do primeiro tempo, a catástrofe. O escanteio cobrado na área do Furacão tinha como endereço certo as mãos do goleiro Marolla, na pequena área. Não é que ele se atrapalhou todo, largou a pelota nos pés do zagueiro Berg, dos coxas, que encheu o pé: 2 a 1.

A torcida rubro-negra gelou. Um gol besta desses, numa final de campeonato, na casa do adversário, poderia pôr tudo a perder.

E, de fato, no segundo tempo o Furacão pressionava de maneira estabanada, pressionado pela necessidade de marcar um gol de qualquer jeito, e esbarrava na tranqüilidade dos defensores coxas.

Até que, de repente, surge novamente ele, o imponderável.

O gol de empate do Furacão foi um gol totalmente trabalhado… pelos próprios coxas! O lance foi assim: Odemílson cobrou o lateral na área. Os zagueiros do coxa trocaram um, dois passes de cabeça e, no terceiro, o zagueiro Berg, assustado, tentou colocar a bola para escanteio. Acabou encobrindo o goleiro Gérson e fazendo o gol do título.

Nunca vi uma comemoração como aquela. Nem mesmo a gente acreditava no que tinha acontecido.

E o zagueiro Berg entrou para sempre na história.

Quem estava lá, sabe do que estou falando. Quem não estava, assista ao vídeo acima. Ele fala muito mais do que eu consegui narrar neste post.

Final – Paranaense – (05/08/1990) – Atlético 2 x 2 Coritiba

Local: Couto Pereira ; Árbitro: Afonso Vitor de Oliveira; Público: 42.196; Renda: Cr$ 17.252.850,00; Gols: Dirceu, aos 5, Pachequinho, aos 13 e Berg, aos 45 do 1°; Berg (contra), aos 26 do 2°.
ATLÉTICO: Marolla; Valdir, Leonardo, Heraldo e Odemílson; Cacau, Gilberto Costa e André (Osvaldo); Carlinhos, Dirceu e Rizza (Serginho). Técnico: Zé Duarte.

CORITIBA: Gérson; Ditinho, Berg, Jorjão e Paulo César; Hélcio, Serginho (Aurélio Carioca) e Tostão; Ronaldo, Moreno (André) e Pachequinho. T: Paulo César Carpegiani.

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