Malucelli: “Também não estou satisfeito”
O presidente Marcos Malucelli participou do programa 98 da Rede da Rádio 98FM na noite desta terça-feira. Ele respondeu a pergunta do apresentador Edílson de Souza, do comentarista Cristian Toledo e do repórter Roberson Januzzi, além de questões levantadas por torcedores.
No início da entrevista, Malucelli falou sobre a política de contratações de sua gestão e rebateu as críticas que têm sido feitas contra o superintendente de fuebol Ocimar Bolicenho.
Depois, boa parte do programa foi dedicada a questões políticas, principalmente o embate com o ex-presidente Mario Celso Petraglia. Malucelli contou detalhes de como ele foi convidado por Petraglia a assumir a diretoria de futebol em 2008 e depois como se deu a formação da chapa da situação.
No final, voltou a falar de futebol e admitiu que não está satisfeito com o rendimento da equipe até este momento. O presidente afirmou que fará quantas contratações forem necessárias para o Campeonato Brasileiro. Confira abaixo a transcrição na íntegra da participação de cerca de meia hora de Marcos Malucelli no 98 na Rede:
INVESTIMENTO EM CHUTEIRAS
“A gestão que mais contratou na história do Atlético não foi a minha, até porque a minha gestão é de dois anos. Como é que eu em dois anos irei contratar mais do que a gestão anterior, que foi de seis, sete, oito anos? Eu até gostaria que ele (o torcedor que fez a pergunta via e-mail) relacionasse, nominasse, para ver se realmente isso que ele diz é a verdade. Não é verdade, não. Nós não contratamos tanto assim e o investimento em chuteiras fizemos. Porque trouxemos, para eu falar só da minha gestão, o Paulo Baier, Alex Mineiro, Claiton e eu duvido que qualquer torcedor colocasse em dúvida a condição técnica de qualquer desses três. Lamentavelmente, o Alex Mineiro não deu certo, não foi bem, o Claiton agora que está voltando, mas o Paulo, em compensação, é o que está aí liderando o time já há dois anos. Além disso, trouxemos jogadores como o Guerrón, que foi a maior contratação da história do Atlético. Se vai dar resultado, nós só vamos saber na decorrência dos campeonatos. Nós não temos bola de cristal para saber aqueles que darão certo. Mas investimento houve. Trouxemos ainda agora o Madson, que não é investimento pequeno, é investimento grande. Acabamos de trazer o Kleberson, que é investimento grande também, porque nós temos de pagar o aluguel de empréstimo dele para o Flamengo. Só aí eu já relacionei jogadores que nós não tivemos nos últimos cinco anos, com essa qualidade que eu acabei de relacionar. Isso aí é investimento em chuteira. Investimento em tijolo, nós não fizemos, mas nos vimos obrigados a concluir o setor Brasílio Itiberê com recursos próprios, recursos da nossa gestão, porque o empréstimo que nos foi dado para a edificação do primeiro anel da Brasílio Itiberê foi tomado em novembro de 2008 e quando eu assumi em janeiro de 2009 não tinha mais um centavo em caixa. Nós tivemos que construir aquilo tudo ali às nossas custas, com o dinheiro corrente, e foi um empreendimento que nos deu muita dor de cabeça, que nos trouxe defasagem de caixa. Só nós mesmos diretores, e principalmente o Enio Fornéa, que é o nosso diretor de obras, sabe o que nosc custou tocar aquilo e entregar, como nós entregamos, em agosto do ano seguinte, em oito meses, sem ter um centavo do empréstimo em caixa. Isso o torcedor tem de saber.”
CONTRATAÇÕES QUE NÃO TROUXERAM RETORNO
“Eu te pergunto, antes de mais nada, só para esclarecer melhor aos atleticanos: quais jogadores que você acha que tiveram grande investimento e que não deram certo? Esses jogadores todos que vieram e que nós não aproveitamos eram jogadores emprestados e que, por não terem atendido o que nós deles esperávamos, nós os dispensamos. O investimento perdido é aquele que você compra o jogador, traz, paga e aí não atende os interesses. Aí você tem de negociar, e às vezes por menos. Aí sim, é uma perda, é um dinheiro jogado fora. Mas salários todos vão receber, seja de boa ou má qualidade. Aqueles de má qualidade você vai procurando tirar do time o mais rápido possível. E nós fizemos isso. Nós não ficamos com nenhum jogador desses aqui por tempo além daquele necessário para ver que não ia dar nada. Você pode nominar diversos jogadores aí, eu me lembro, no ano passado: Serna, Vanegas, Zulu, Brasão, foram jogadores que vieram e nenhum deles emplacou aqui mais do que um campeonato. Porque nós vimos que não dava nada e de imediato os dispensamos. Evidente que há desgaste. Você acha que ficaria satisfeito ou estou satisfeito com isso? Claro que não estou satisfeito. Agora, eu não posso também bloquear todos os jogadores que o departamento de futebol traz só com a minha avaliação. Eu tenho de ter uma avaliação do departamento de futebol, de uma comissão técnica. Agora, alguns desses atletas vêm para ser observados. Não deu certo vai embora. Não fica aqui, aí sim, recebendo sem jogar, sem ser útil.”
APROVA O TRABALHO DO DEPARTAMENTO DE FUTEBOL?
“No todo, sim. Se nós formos ver algumas questões isoladas, é claro que não. Trouxemos alguns jogadores, alguns deles que acabamos de nominar, que não teriam a menor condição de jogar no Atlético, como realmente demonstraram. Então, é evidente que houve erro. Claro que houve erro. E eu duvido que tenha clube no mundo, não precisa ser no Brasil, que contrate e tenha 100% de acerto. Não tem.”
PROTESTOS DA TORCIDA CONTRA OCIMAR BOLICENHO
“Eu atribuo isso muito menos à torcida e muito mais a questões politicas. Nós temos um ex-presidente que não se cansa de ficar irradiando ódio, irradiando agressões verbais a todos, seja diretoria ou não. Então, isso evidentemente que acaba influenciando e alguns acabam formando até uma opinião deformada. Evidente que traz insatisfação e essa insatisfação vai direto para o diretor de futebo, para o presidente do clube, para o treinador, que é o objetivo político de quem está por trás disso. Formou-se aí um grupo e vocês devem saber, porque vocês acompanham futebol no dia a dia e nos bastidores muito mais do que eu, que me atenho só o Atlético, vocês têm uma visão global, e sabe que tem um grupo formado por ex-presidente para única e exclusivamente ficar atrapalhando o trabalho do Atlético. São pessoas que, embora se digam atleticanas, se deliciam nas derrotas do clube. É o momento em que eles mais aparecem na mídia.”
INFLUÊNCIA DOS ATAQUES POLÍTICOS
“Influencia, não tenha a menor dúvida. Influencia o trabalho de todos, o trabalho dos profissionais, jogadores, comissão tecnica, diretoria de futebol, não é só o Ocimar, mas também o Ademir Adur e o Valmor Zimermann. Todos eles ficam numa situação constrangedora, porque as agressões são verbais, são além da conta, um absurdo, são coisas desnecessárias, que nunca fizeram parte da vida do Atlético.”
DECISÕES DO DEPARTAMENTO DE FUTEBOL
“Às vezes tem conselheiro que fala que tem um jogador assim ou assado, fulano pode vir ou ciclano vai terminar o contrato e quer jogar no Atlético. O que nós fazemos? Colocamos isso para o departamento de futebol e o departamento de futebol vai ver se interessa ou não interessa, em conjunto com a comissão técnica, principalmente com o treinador. Quando eu falo comissão técnica, nós colocamos na discussão o preparador físico, o preparador de goleiros. Todos eles dão opinião. Se esse jogador interessa, eu autorizo ou não autorizo que se vá atrás. Eu já vetei alguns, sem dúvida. Então, a decisão não é do Ocimar Bolicenho. O Ocimar Bolicenho é um gerente de futebol, não é o diretor de futebol. Ele é um funcionário do clube. Com todo respeito, ele é um excelente profissional, mas a caneta dele não tem a tinta suficiente para trazer um jogador por conta e risco dele. Todos os jogadores que vêm para o Atlético vêm por decisão do departamento de futebol, com referendo do presidente. Nenhum jogador veio pra cá sem que tivesse o referendo do presidente. Então, não é o Ocimar quem, isoladamente, traz um jogador. Ele faz as consultas quando nós solicitamos. Hoje mesmo eu dei um nome para ele, para ele verificar esse jogador, ver a condição dele, se há condições de ele vir se não há, até quando vai o contrato, se o clube o libera ou não o libera. E ele vai verificar isso e em um dia no máximo ele me diz: o jogador ganha X, para vir para cá quer Y, o empresário é o fulano. E eu digo siga em frente ou não. Ele não decide absolutamente nada. Isso de falarem aí, tanto falam, tanto falam, essas mentiras repetidas, já se diz há muito tempo, acabam virando uma verdade.”
OCIMAR É PERSEGUIDO?
“Sem dúvida nenhuma. É uma perseguição que se faz ao Ocimar desde que ele entrou ao Atlético, quando o ex-presidente começou a dizer que era um paranista que estava dentro do Atlético. Isso foi se repetindo, um ano e meio, quase dois anos, é evidente que agora todos chegam à mesma conclusão, principalmente depois que começou o Campeonato Paranaense e o Atlético não foi bem no primeiro turno. Porque quando terminou o Campeonato Brasileiro ninguém terminou o ano dizendo que o Ocimar não servia para o exercício de 2011. Ninguém. O torcedor às vezes tem a memória muito curta. Ele esquece que há dois meses nós terminamos o Campeonato Brasileiro, o campeonato nacional mais difícil do mundo, em quinto lugar. Isso não vale mais nada. Vale que nós perdemos o primeiro turno, como se isso fosse o fim do ano. Nós temos o segundo turno todo pela frente e o ano todo pela frente, com Sul-Americana e Brasileiro. O Paranaense não terminou para o Atlético.”
ONDE O ATLÉTICO VAI JOGAR DURANTE AS OBRAS DA ARENA?
“Não temos local definido. Posso assegurar aos atleticanos que nós jogaremos em Curitiba sem dúvida nenhuma, não sairemos de Curitiba, e ficaremos num dos quatro estádios que Curitiba tem além da Arena: Vila Capanema, Couto Pereira, Pinheirão e Vila Olímpica. Nós não sairemos daqui. Agora, ainda não temos uma data prevista para sairmos da Arena porque não temos ainda os projetos concluídos com os seus orçamentos e tampouco licitada a obra. Só depois que nós licitarmos a obra e a construtora nos apresentar o cronograma físico da obra é que nós vamos saber quando o Atlético precisará deixar a Arena. Vai chegar um momento em que precisaremos sair da Arena, mas ainda não temos a data certa.”
PLANEJAMENTO DE 2011 ESTÁ SENDO BEM FEITO?
“O planejamento de 2011 eu posso dizer que não está sendo como nós prevíamos porque nós achávamos que chegaríamos ao final do primeiro turno em igualdade de condições com o Coritiba. Não chegamos. Chegamos à penúltima rodada com cinco pontos atrás. Evidentemente que não era o que nós tínhamos planejado. O planejamento era de chegrmos juntos para decidir no Atletiba, já com uma rodada de antecedência, ou nós ou o Coritiba. Só que a vitória só a nós interessava, porque o Coritiba com um simples empate já levava o turno. Então, é claro que não foi como nós planejávamos. Mas nem por isso o planejamento está jogado fora, ou perdidos os dois meses. Não. Nós perdemos um tempo com o treinador, isso sim, que eu particularmente entendo que nem deveríamos ter renovado, mas foi renovado, e ficou o Sérgio Soares, opção do departamento de futebol. Como agora, eu próprio disse que queria trazer um treinador que não tivesse passado pelo Atlético e que não estivesse empregado em clube brasileiro. Por isso eu particularmente fiz as tratativas com o Falcão, Bielsa e Caio. Não conseguimos nenhum desses três por razões as mais variadas. O Falcão porque queria um contrato de dois anos e nós só dávamos até dezembro porque depois termina meu mandato – e aí houve quem disse: ué, mas por que não traz e deixa para a nova presidência, pois não tem jogador que você contrata e passa? Sim, mas o jogador fica à disposição do clube, você faz dinheiro com ele, se assume uma nova diretoria e não interessa, você coloca à venda ou empresta. O treinador não tem jeito, você tem de pagar a multa e mandá-lo embora, então iria onerar os cofres do clube e por isso não aceitei fazer o contrato de dois anos com o Falcão -, o Bielsa disse que não estava treinando clubes porque nos últimos sete anos só treinou seleções e estava completamente fora dos clubes, e o Caio, com quem nós acertamos a questão salarial, não conseguiu a liberação junto ao seu clube lá no Qatar. Então, aí sim voltamos para aqueles treinadores que estivessem sem clube e dentre os treinadores que estavam sem clube o Geninho foi o número um. E o Geninho foi a opção nossa e eu acredito que nós não nos arrependeremos. O Geninho fará uma excelente campanha.”
CASO CLAITON
“O Claiton não foi me procurar para pedir uma oportunidade, não. Mas eu procurei o Claiton. Eu procurei o Claiton e disse a ele que ou ele jogava agora ou nunca mais. Disse a ele que a contratação dele foi uma contratação que eu que fiz, foi o presidente quem bancou essa vinda dele do Japão, ele estava aqui há um ano e tanto sem jogar e que se agora ele não jogar e ou se jogar e não for bem ele não emplaca o Campeonto Brasileiro. Isso eu disse a ele e torno aqui público e é a pura verdade, o Claiton sabe disso porque eu disse para ele e comuniquei a comissão técnica. Nós não vamos ficar com um jogador como o Claiton, com todo o potencial dele, um jogador caro para o clube, sem jogar. Então, ou ele joga agora ou ainda que não jogue por opção do treinador, mas tenha condições de jogo, aí ele fica conosco, senão no Campeonato Brasileiro ele vai embora.”
CONVERSA COM OS REPRESENTANTES DO PROTESTO DE DOMINGO
“O atleticano que não é sócio não é menos atleticano do que o que não é sócio, só que o que é sócio é mais atleticano do que ele. Não é que o outro seja menos. Quem não tem condições de pagar 70 reais por mês certamente não tem condições de pagar 60 reais num ingresso. Estamos falando de torcedores que estavam no estádio assistindo ao jogo. Estamos falando daqueles torcedores que foram me procurar no estádio no domingo. Então, esse torcedor que estava lá paga 60 reais o ingresso ou se for estudante vai pagar 30, mas também se ele for sócio e estudante, vai pagar 35. Eu acho que o torcedor deve se associar ao seu clube, ele deve contribuir até porque é mais barato para ele. Você sabe que 70 reais por mês é mais barato do que três jogos a 60, que são 180. Agora, o torcedor foi recebido, eu o recebi na sala da presidência, juntamente com o Valmor Zimermann. Recebi dois torcedores e disseram eles para mim que representavm 80 pessoas que estavam lá fora. Eu os recebi e com eles conversei. Não tem nada de mau humor, senão nem os receberia. Eles foram recebidos. Não poderia receber os 80, mas recebi os representantes, eles mandaram dois.”
EXISTE UMA PESSOA QUE ATRAPALHA O ATLÉTICO?
“Quem será? É um ex-presidente, esse é o que mais atrapalha. Isso não ajuda absolutamente nada.”
POR QUE O SENHOR FOI O CANDIDATO LANÇADO POR PETRAGLIA?
“Eu só vou fazer uma observação: quando você diz lançado, eu não fui lançado por ele. Eu fui apoiado por ele, fui festejado por ele, fui. Lançado por ele, não. O que acontece é que na oportunidade, ele não queria lançar candidato nenhum porque pensava ele que ninguém registraria uma chapa nas eleições. E não havendo registro de chapa, o que aconteceria? Seria prorrogado o mandato dele e ele continuaria como presidente, como já acontecera na eleição anterior, quando venceu o mandato, não houve chapa registrada em tempo hábil e prorrogou-se por mais um ano o mandato do presidente Fleury, mas com o Mario Celso como presidente do Deliberativo. Então, a ideia dele era essa: não vamos lançar candidato, não vai ter quem candidate, porque ele sempre apregoava que para tocar o Atlético era só ele, ninguém mais conseguiria isso, e ele não sendo o presidente, o Atlético morreria, e isso vocês não podem negar porque são jornalistas e acompanham isso há anos, a ideia então era que não se tivesse candidato. Só que houve o registro de uma chapa na semana que antecedia o pleito, duas semanas antes. Era a chapa oposicionista, comandada o Fanaya e pelo José Henrique Faria. O Fanaya tinha inclusive falado comigo, me convidado a participar da chapa dele para ser o presidente, ele seria o presidente do Conselho Deliberativo e eu o do Conselho de Administração, e isso ele tornou público em uma entrevista que ele deu ao jornal Gazeta do Povo. Eu disse a ele que não poderia assumir qualquer compromisso com ele sem antes saber a posição do Fleury e do Petraglia, para saber se nós teríamos candidato ou não teríamos candidato. Falei com o Fleury, falei com o Mario Celso e ele disse: eles não vão se inscrever, ninguém vai concorrer e continua essa diretoria. Eu comuniquei ao Fanaya: “Eu estou fora, não vou participar de chapa de oposição nenhuma, se sair alguma da situação eu vejo o que eu faço, se apoio ou não apoio”. Fizemos uma reunião depois de diretoria participando o Fleury, o Mario Celso, o Mauro Holzmann e nessa reunião eles concluíram que Fleury e Mario Celso não teriam condições de ser candidato de novo porque havia uma estavam muito desgastados com a torcida e os nomes deles seriam rejeitados. Aí o Mauro disse: o candidato tem de ser o Marcos, porque está no futebol, nós estamos nos recuperando no campeonato. Quando eu peguei em setembro de 2008 nós estávamos entre os últimos, com um aproveitamento de 28%. Eu trouxe o Geninho, à revelia do próprio Mario Celso, porque ele queria que fôssemos buscar o Hélio dos Anjos lá no Goiás. Naquele dia em que eles me chamaram para ser o diretor de futebol, nós tínhamos perdido de 3 ou 4 a 0 para o Goiás lá em Goiânia. Foi o dia em que o Mario Celso ligou para minha casa, tarde da noite, porque aquele jogo foi à noite, umas 10 horas da noite, talvez, insistindo para que eu assumisse o futebol porque nós estávamos em uma situação desesperadora. Eu disse a ele que não assumiria, que não tinha vontade, não tinha tempo e que eu era um advogado e queria continuar no jurídico. Aí me ligou o Fleury insistindo para que eu assim procedesse. O Mario Celso tornou a me ligar, isso é uma coisa interessante que vou falar pela primeira vez, e disse: “Marcos, você assuma o futebol, eu e o Fleury saímos, nós pedemis demissão e vamos embora, e você toca”. Eu digo: “Não, não precisa que vocês vão embora, até porque nós precisamos ter presidente. Agora, eu toco o futebol profissional sem ingerência, tá bom?”. “Carta branca, você toca como você quiser”. Isso 11 horas da noite, depois do jogo contra o Goiás. Eu disse: “Então vamos começar a fazer o seguinte, Mario: você trouxe o Mário Sérgio, você já deixa o Mário Sérgio lá em Goiânia. Eu vou trazer um treinador”. Ele perguntou: “Quem?”. Eu disse: “Vou atrás do Geninho”. Eu nunca tinha falado com o Geninho na minha vida, embora em 2001 quando nós fomos campeões eu fosse o diretor jurídico. Eu nunca fui em vestiário, não tinha nada a ver com o futebol. Aí ele me disse: “Mas por que o Geninho? Traga o Hélio dos Anjos, eu já falei com o Hélio dos Anjos”. Digo: “Mario, você acabou de me dar carta branca! Não, o meu treinador é o Geninho. Se o Geninho não vier ou eu não puder trazê-lo, aí vamos ver outra opção, que pode ser o Hélio dos Anjos. Naquela mesma noite, já mais de 11 horas da noite, eu fui procurar saber o telefone do Geninho, que eu não sabia, liguei pra casa do Geninho quase à meia-noite e o convidei para ser o treinador do Atlético. O Geninho não me conhecia. Aí ele disse que não daria, porque ele tinha assistido ao jogo e tinha comentado que com aquele time dificilmente o Atlético iria conseguir se recuperar. Eu insisti, insisti com ele, pedi para mais amigos ligarem para ele, aí ele me deu um retorno e me disse para ir a São Paulo para conversar. Aí fui a São Paulo no dia seguinte pela manhã, encontrei com ele no aeroporto às 2 da tarde e saí do aeroporto no voo das 8 horas da noite, com ele contratado. Acertamos, ele veio e ele nos recuperou. E o Mario Celso nunca mais apareceu no CT desde então, setembro de 2008, só foi aparecer no CT na última rodada contra o Flamengo porque eu o convidei para ir lá, para participar que era o último jogo, e precisávamos ganhar do Flamengo, o empate nos deixaria fora do campeonato e seria bom que todos estivessem lá, e ele foi. Então, ele, na verdade, jogou sobre mim a responsabilidade do Atlético permanecer ou não na primeira divisão em 2008. Tem um jornalista, colega de vocês, que definiu bem: ele foi um desertor. E depois, em seguida das eleições, se tornou opositor. Então, ele foi um desertor que se tornou opositor.”
POR QUE ACEITOU O APOIO DE PETRAGLIA?
“Aí tem outra história. Uma vez definido que teria uma chapa de oposição, fez-se uma reunião à noite na casa do Mario Celso, eu estava fora, estava no Recife, acompanhando o jogo contra o Náutico, que nós perdemos na penúltima rodada, e nessa noite na casa do Mario Celso, presentes vários atleticanos, eles decidiram que o candidato então seria eu. O Fleury estava preesente, o Enio estava presente, diversos atleticanos. E me comunicaram no Recife: “Olha, tem que ser você o candidato, nós não temos outro, e precisamos lançar a chapa na segunda”. Aí eu concordei e quem me ligou não foi nem o Mario Celso, quem me ligou se não me engano foi o Dr. Diogo Braz, não me lembro exatamente quem me ligou. Aí eu aceitei ser o candidato porque nós não tínhamos outro e, com uma uma única chapa, a oposição ganharia. E aí eu fui lançado e não estava nem em Curitiba, cheguei segunda-feira à noite, já terça de madrugada e fiquei entretido com o jogo do Flamengo e tive ainda de fazer campanha em rádio etc. porque já tinha na terça-feira seguinte as eleições. Foi assim que eu fui lançado. E o Mario não tinha outra coisa que fazer que não me apoiar. Era só o que faltava ele apoiar os desafatos dele, à época, né?”
PROBLEMAS INTERNOS?
“Não tem problema interno nenhum. O que eles (jogadores) dizem não é exatamente que tem problema interno, eles dizem que aquilo tem de se discutir internamente. Foi o que disse o Leandro Niehues outro dia numa entrevista. São problemas que se discutem internamente. Evidente, ele não vai poder chegar numa entrevista e dizer: “Olha, o meu companheiro tinha que ter passado a bola e não me passou”. Isso são coisas que se ajustam internamente.”
PAPEL DA IMPRENSA
“Vocês, como jornalistas e com poder de fazer investigação, vão em cima do jogador, ele que revele qual é o problema que tem. Eles são profissionais no momento de assinar contrato, de ganhar o seu dinheiro, mas têm que ser profissionais também no momento em que falam uma coisa dessa, têm que ir adiante. Vocês apertem e tirem do jogador.”
PUNIÇÕES
“Não tem tratamento diferenciado. Os dois foram punidos. Os dois foram multados nos seus vencimentos, tanto o Manoel quanto o Ivan, assim como foi multado agora o Guerrón, pela expulsão contra o Coritiba, e foi multado novamente o Manoel, por indisciplina no jogo lá do Acre. Todos eles foram multados. Agora, se o Ivan saiu do time, aí é problema do treinador, não é o presidente. Mas a diretoria puniu tanto o Manoel quanto o Ivan.”
EXPULSÕES EM EXCESSO
“São situaçõs pontuis. Basta o time começar a perder, as expulsões aparecem. Isso é sempre assim. O time que está em primeiro é o que tem menos expulsões. Isso é natural, é jogador que não quer perder. Agora, nós não podemos aprovar as expulsões como foram as do Manoel e a do Ivan em Ponta Grossa, com agressões a adversários, o Guerrón contra o Coritiba, que não precisava ser expulso, um jogador experiente como ele. Então, essas expulsões são punidas pelo clube internamente.”
REFORÇOS
“Para o Campeonato Brasileiro, nós contrataremos tantos quanto forem necessários. Não tenha a torcida atleticana a menor dúvida que se nós precisarmos reformular o elenco, nós reformularemos. Inclusive eu disse isso aos jogadores na semana passada. Se nós não estivermos satisfeitos com esse elenco para o Campeonato Brasileiro, nós traremos jogadores. Para o Campeonato Brasileiro não seria o elenco ideal. Nós ainda estamos buscando o elenco ideal. Esse elenco é para o Paranaense, mas pretendemos para o Brasileiro reformular e trazer jogadores das posições que não estejam nos agradando, e todos sabem quais posições não estão agradando, é só ver pela escalação onde há maior mudança.”
ELEIÇÕES
“As eleições serão em dezembro e eu penso que para lançar candidato é só em agosto, setembro, 90 dias antes. Até lá, eu prefiro não falar sobre isso, embora todos saibam que o meu candidato para o pleito na chapa de situação seja o meu primeiro vice-presidente, que é o Enio, pela lógica da própria constituição da diretoria. Mas ele não precisa definir isso agora, e nem deve definir, porque eu acho que só atrapalharia mais, isso poderia esvaziar o meu mandato, é uma coisa para tratarmos em setembro. Mas que teremos candidato, não tenha dúvida que teremos, nós vamos bater chapa com o Seu Mario Celso.”
CLUBE DOS TREZE
“Haverá (novidades) no decorrer desses dias, haverá. Teremos. Não vai ficar só nesse ágio da Globo, não.”
INSATISFAÇÃO
“Eu também estou bronqueado. Também não estou satisfeito e vocês estão vendo nas minhas respostas que eu não estou satisfeito. Eu também queria estar em primeiríssimo lugar, ter ganhado o primeiro turno, embora o que valha é ganhar o campeonato, e não o primeiro turno ou o segundo turno. Nós temos que ganhar o campeonato. E amanhã (quarta-feira) tem que vencer o Rio Branco, porque eu disse que nós iríamos bem adiante nessa Copa do Brasil, e iremos. Não dá para parar na primeira fase, e, com todo o respeito, parar com o Rio Branco do Acre, né? Nós temos a obrigação, a obrigação de ganhar amanhã (quarta-feira). E o nosso torcedor tem nos acompanhado e espero que amanhã (quarta-feira) participe e nos ajude a empurrar o time para frente, porque eu também sou um torcedor, eu também quero o Atlético em primeiro lugar.”