Meu esquema tático favorito
Diz um dos muitos ditados do futebol: ‘O Brasil tem 190 milhões de treinadores de futebol’.
Isso porque é comum vermos torcedores discutindo esquema tático. Seja no estádio, no boteco, no trabalho ou na faculdade, não importa, todo mundo gosta de dar um pitaco aqui e outro ali. ‘Bom é o 3-5-2!’ diria um, já o outro bateria na mesa do bar, derrubando 1 ou 2 copos de cerveja, esbravejando: ‘Tá louco? O 4-4-2 é muito melhor!’. E eu não sou diferente, uma boa conversa sobre futebol sempre me anima, ainda mais regada com uma ‘béra’ bem gelada.
Mas agora pergunto eu: será que isso realmente importa? 3-5-2, 4-4-2, 4-3-3, 4-2-3-1, 4-5-1, 4-3-1-2… São esses números que vão fazer a diferença? Um jogador entra em campo e realmente guarda a sua posição dentro do ‘número’ pretendido pelo treinador? Pode ser que sim, talvez alguém com mais ‘cancha’ pudesse me esclarecer.
O que me tem feito pensar, no entanto, nesses últimos dias, vendo o nosso Atlético sofrer, é: será que os atletas têm de se encaixar no esquema ‘preferido’ do treinador ou o treinador é que tem que, a despeito de qualquer sequência númerica, colocar os 11 melhores em campo? Digo isso porque desde que o eterno ídolo Geninho retornou, o que vejo em campo é uma tentativa forçada de fazer os nossos jogadores se encaixarem num esquema com 3 zagueiros, quando claramente o nosso melhor 11 não contempla tantos beques.
Vamos então esquecer aqueles numerozinhos chatos, tentemos apenas listar os 11 melhores jogadores do elenco. Guardadas as diferenças de opinião, esses são os meus: Nieto, Guerrón, Lucas, Madson, Baier, Kléberson, Claiton, Diniz, Paulinho, Héracles e Manoel. Pronto, põe eles pra jogar então Geninho! É nesse momento que você leitor começa a pensar que eu sou só mais um maluco andando livre pelas ruas de Curitiba. Talvez eu até seja o Oilman, escrevendo meus devaneios de dentro de um Farol do Saber. Claro que não, né. Vamos ver onde foi que eu errei: primeiro, não citei goleiro algum.
Esqueci, também, de um primeiro volante marcador. Ah, e falei só o nome de um zagueiro e, como todo mundo sabe, com um zagueiro só não se faz verão. Além disso, o campo tem uma lateral esquerda só. Opa… Mas peraí. Quer dizer então que aqueles números chatos tem alguma razão de ser…? Mas é claro! Até certo ponto, algumas premissas devem ser guardadas. Todo time precisa de 1 goleiro, pelo menos 2 zagueiros e 1 só lateral para cada lado da cancha já está de bom tamanho. Então, com isso em mente, vou tentar ajustar meus 11: Nieto, Guerrón, Madson, Baier, Kléberson, Vítor, Paulinho, Rafael, Manoel, Diniz e Renan. Pronto. Encaixei um goleiro, mais um zagueiro, um primeiro volante e suprimi um lateral-esquerdo.
Mas e agora? Eu escalei um 4-4-2? Um 4-3-3? Ou um 4-5-1? Talvez um 4-2-3-1? Não sabe? Eu também não. Quem sabe, se eu colocar, ao invés de apenas vírgulas, ponto-e-vírgulas, e talvez inverter a ordem dos nomes, facilite: Renan; Diniz, Manoel, Rafael e Paulinho; Vítor, Kléberson, Baier e Madson; Guerrón e Nieto. Pronto! Escalei meu time no 4-4-2. Mas espera um pouco… Prefiro ver um time mais ofensivo em campo… Que tal 3 atacantes? Renan; Diniz, Manoel, Rafael e Paulinho; Vítor, Kléberson e Baier; Madson, Guerrón e Nieto. Agora sim! Taí meu 4-3-3 avassalador!
Ah não, mas pra esse jogo eu queria mais consistência no meio-de-campo. Vou ter que mudar a escalação de novo… Então lá vai: Renan; Diniz, Manoel, Rafael e Paulinho; Vítor, Kléberson, Baier, Madson e Guerrón; Nieto. Pronto, ganhei uma meia-cancha muito mais encorpada nesse 4-5-1, né? Né não.
O que isso tudo me diz e, acho que diz a você também leitor, é que não tem número que salve uma escalação mal feita, que deixe nossos melhores jogadores de fora. Não importa se é o 4-4-2, o 2-7-1 ou o 5-1-4.
Um time titular se faz com os melhores do elenco. Ou ninguém percebeu a zaga do Barça desfigurada contra o Arsenal? Guardiola perdeu seus 2 zagueiros (titulares da seleção espanhola) para aquela partida e em seus lugares colocou Busquets e Abidal. Um volante e um lateral. Será que o Barça não tem pelo menos 1 zagueiro reserva? É claro que tem, mas Pep optou por escalar os 11 melhores que tinha à disposição, e esse 11 não contemplavam os beques suplentes.
Estou pedindo por invenções? Quero o Professor Pardal Mário Sérgio no Furacão? Não. Alguns jogadores claramente são mais versáteis e podem desempenhar diversas funções em campo. Não defendo aqui ‘manoéis’ e ‘klébersons’ na lateral, pois todos sabemos que as perdas são maiores que os ganhos ao se tirar esses jogadores de suas posições. Peço apenas, encarecidamente, que Geninho, eterno ídolo, escolha nossos 11 melhores e os ponha pra jogar, sem se prender a ‘esquemas táticos favoritos’.
‘O pior cego é aquele que não quer ver’ – Ditado popular.