A história dentro do folclore do nosso futebol é quase tão antiga quanto a bola, mas vale ser recontada. Em 1958, durante a Copa do Mundo da Suécia, numa preleção para os jogadores da Seleção Brasileira antes do jogo contra a Rússia, o técnico Vicente Feola armou a tática para, segundo ele, conseguir uma vitória tranquila. Em determinado instante, Mané Garrincha teria argumentado: ‘tudo isso é fácil. Mas falta combinar com os russos…’.

Dou um salto de 53 anos no tempo e saio do grande Mané para os manés que se acham grandes: os coxas!

Pois bem! A festa do próximo domingo já está toda armada: as faixas estão prontas, o chopp está no ponto, assim como providenciados estão os foguetes, os discursos, as prosas e as poses. A certeza da conquista da taça pelos verdes é tão grande que só o que resta a ser definido é o local da entrega do caneco: se dará na própria Arena da Baixada ou no Couto Pereira? Tirando isso, o resto está tudo 100% resolvido.

A arrogância dos verdes não constitui em si nenhuma novidade, mas o que espanta é que não há por aquelas bandas nenhuma personagem lúcida como foi para a Seleção de 1958 o inesquecível Mané Garrincha. Dentre eles, nem um ervilhinha teve a sabedoria (talvez o termo seja lucidez) de advertir: ‘tudo isso é fácil. Mas falta combinar com os Atleticanos…’.

Neste 2011, completo 30 anos como torcedor de futebol. Nessas três décadas, vi e vivi de tudo, inclusive em se tratando de Atletiba. Em abril de 1997 a gente perdia por 2 a 0 e viramos para 5 a 2 em questão de meia hora. Um ano antes, em setembro de 1996, a coxarada fazia a festa na Baixada por conta de um suado 0x0 até que o amalucado Oséas, aos 47 do segundo tempo, abriu e fechou o placar com a rapidez de um furacão. E feito raio foi conduzido para o metal do alambrado da velha Baixada que explodia em altíssima voltagem.

Atletiba não se ganha de véspera. Atletiba não tem favorito. O destino da taça ainda precisa ser definido, eis que o Estadual de 2011 ainda não acabou. Talvez o destino da taça seja a sala de troféus do Atlético (é difícil, eu reconheço, mas pode ser), talvez vá parar na prateleira verde (é muito provável que, dados os erros do CAP durante o estadual, vá ter aquele endereço).

Mas que os verdes não se iludam: para terem a taça no domingo, terão de vencer o Atlético – ou empatar – dentro do Caldeirão do Diabo! Tarefa, como vocês bem sabem, das mais duras. E é de se ressaltar que, conosco, coxa nenhum ousou (nem ousaria) combinar nada!

Esses dias, ouvi um pensamento interessante e que serve bem aos soberbos ervilhas: ‘Quer contar uma piada pra Deus? Faça um plano!’.

Os homens precisam aprender que – nesta vida, neste mundo – nada acontece se não for da vontade dEle…