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28 abr 2011 - 12h26

Uma nova revolução

Umas das marcas do Atlético, ao longo da sua rica história, é a passionalidade dos seus mandatários.

Lembremos do imortal Jofre Cabral e Silva que morreu numa derrota do Atlético, mas antes disso provocou uma virada de mesa que tirou o Atlético da segundona do Paranaense e montou um esquadrão que, no final da década de 60 do século passado enfrentou de igual para igual os grandes times do Brasil.

Tempos de amadorismo é bem verdade mas de homens de brio, que tinham amor ao clube e de jogadores que suavam a camisa e sangravam se preciso fosse em campo.

Recentemente, um outro grande mandatário revolucionou o então moribundo Atlético, após um trágico domingo de páscoa de 1995 quando nosso eterno maior rival nos goleou por 5 a 1 no Couto Pereira. Lembram-se?

Essa revolução, que começou em 1995, mudou o jeito de administrar times de futebol no Brasil. A partir de 1995 e até 2005 o Brasil conheceu um novo e eficiente estilo de administrar o futebol que se sintonizava com as melhores práticas do business desportivo mundial. Construção do melhor estádio do Brasil, investimento pesado em marketing, montagem de grandes equipes, participações destacadas em grandes torneios, projeção dentro e fora do país e a conquista de um inédito campeonato brasileiro.

O Atlético lá pelos idos de 2001-2002 caminhava para ser o melhor time de futebol do Brasil. Uma perfeita combinação de amor ao futebol com gestão competente de recursos. O equilíbrio entre emoção e razão.

Esse estilo de administração era (mal) copiado por outras equipes, mas o Atlético estava sempre um passo a frente, sempre enxergava mais longe.

Mais eis que algo mudou, o mundo muda e, com ele, as pessoas.Você quando conquista algo tem que saber consolidar essa conquista e dar o passo adiante, mas saber onde pisa.

Mas o Atlético não deu o passo adiante, ficou estático e quando o fez, fez muito mal. Não soube manter ao longo do tempo sua própria receita de sucesso.

Um campeonato brasileiro incrivelmente perdido em 2004, talvez porque já nessa época a cabeça dos dirigentes estivesse muito mais centrada na razão dos números e dos lucros. Na reta final falar que o time estava dando prejuízo…

De 2005 para cá, ao invés de títulos, fracassos, eliminações, derrotas históricas aos montes, algumas por goleadas; ao invés do marketing vitorioso, micos homéricos como a vinda de Matthaeus; ao invés da montagem de grandes times, brigas sem sentido com jogadores que em outras equipes provaram seu valor, desmanches de times no meio de campeonatos, contratações bisonhas; ao invés de aglutinar a torcida, proibição de festa no estádio, chamá-la de falácia, fazer média com os rivais.

Em 2008, o presidente à época disse que não seria tão ruim jogar a segunda divisão. Sei… Graças a um gol espírita do Rafael Moura contra o Sport e a competência do Geninho, naquele ano o Atlético não deu esse gosto ao ex-presidente.

Se antes o Atlético entrava como um temido franco atirador nos campeonatos, passou apenas à condição de equipe-que- luta-contra-o-rebaixamento.

Seria demais esperar que o surpreendente bom time de 2010, que conseguiu um honroso quinto lugar no Campeonato Brasileiro fosse mantido. Foi muito triste ver um goleiro como o Neto ou um zagueiro como o Rhodolfo serem tão precocemente vendidos.

Passados 16 anos e no mesmo domingo de páscoa, mas desta vez na nossa casa, assistimos atônitos à mais vergonhosa derrota que o Atlético sofreu em todos os tempos. O pior não foi perder, mas o modo como perdeu. O modo como tomou o terceiro gol. Cabeças abaixadas, jogadores sem reação, tristes, desanimados, aceitando passivamente tudo, como um saco de pancadas. Um goleiro desesperado que sai da sua área de modo ingênuo pra tomar um lençol. O olé humilhante. O Tcheco, o Marcos Aurélio. Anderson Aquino. A pequena torcida verde e branca gargalhando. Um gosto amargo. Parecia o Maracanã de 1950. Eu não era vivo ainda, mas quem esteve lá deve ter sentido a mesma sensação que eu tive no domingo passado. Impotência, vontade de chorar. Se algum Deus do futebol habita a Arena, morreu de vergonha ao presenciar o que vimos. Aquilo é o tipo de situação que faz um filho dizer para o seu pai que não torcerá pelo time dele e que o entusiasma para torcer pelo rival. É o tipo de situação que faz com que você desista de ser sócio do time.

O que mais doeu, porém, foi o cinismo, a despreocupação dos atuais dirigentes, como se tudo estivesse bem, como se isso fizesse parte da vida da “empresa” e ainda por cima comemorando um superávit,…ah…é nessas horas que temos saudades dos tempos do amadorismo, dos presidentes apaixonados, com sangue nas veias, do soco na mesa, do inconformismo. Comemorar o superávit, dizer que os torcedores proporcionam uma boa base financeira!!!!!!E a derrota? E a perda do título? De que planeta os senhores são, caros dirigentes? Onde estão? Acordem!!!

Tanto business, tanta conta, tanta demonstração…e o que se vê em campo? Uma bagunça, uma falta de vontade, um desrespeito ao futebol, um afronta à raça, à vontade de vencer.

Tanta preocupação com o superávit e o que se vê é um time desestruturado. Técnicos, já foram 4 esse ano. Jogadores vem e vão. Não se monta um time, não há um padrão de jogo. Fruto da crônica falta de planejamento, do des-comando não só da direção de futebol, mas de todo o clube, que parece fora de órbita. Chegaram ao cúmulo de faltar a uma reunião sobre a Copa do Mundo.

O que foi? Não querem mais a Copa na Arena?Seria o cúmulo do desrespeito com o clube e com a torcida. Seria uma irresponsabilidade sem tamanho.

Já não é de hoje que o Atlético nada apresenta de bom para nós torcedores. Um ou outro jogo decente, algumas boas exibições do Paulo Baier, algum raro lampejo de bom furebol e nada mais. Muito pouco para uma torcida que tanto apóia o time

Precisamos de verdadeiros atleticanos no comando e não apenas administradores frios que tratam o clube de futebol como uma empresa que tem que dar resultado, lucro. Às favas o resultado e o lucro. Os atuais dirigentes vivem criticando os outros times, dizendo que esses times estão num estado pré-falimentar, que não tem estrutura, que atrasam salários, que isso e mais aquilo, mas pelo menos esses clubes ganham títulos, alegram sua torcida e continuam bem vivos.

Falta ousadia, falta aquele marketing agressivo e inteligente de outrora, falta gente com faro de futebol, olheiros, que descubram talentos, faltam psicólogos e outros bons profissionais de apoio ao time de futebol, faltam parcerias para revelação de talentos, como a que havia com o PSTC, falta tudo, falta resgatar o que de bom havia e principalmente faltam dirigentes atleticanos verdadeiros, que amem esse clube, mas que saibam dosar paixão com responsabilidade, que não se conformem com derrotas humilhantes e que não considerem o nosso Atlético como uma simples máquina de dar lucros. O Atlético precisa, urgentemente, de uma nova revolução.



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