O preço da desorganização
Passadas cinco rodadas do campeonato e o Atlético mais uma vez encontra-se na zona de rebaixamento. Essa situação à qual já estamos acostumados vem desde a primeira rodada e mesmo que vença o próximo jogo provavelmente deve permanecer na ZR.
Situação lamentável essa para um time tão estruturado e campeão de superávit entre os times nacionais.
O Atlético está pagando o preço de uma péssima organização da gerência de futebol. A gerência de futebol do Atlético, comandada por um homem que tem relações carnais com o Paraná Clube simplesmente destroçou o futebol do Atlético e os efeitos dessa política de terra arrasada o Atlético está sentindo agora com esse péssimo desempenho inicial no campeonato brasileiro.
Jogadores mal contratados, jogadores que nem chegaram a atuar e saíram, falta de planejamento, conversas para enganar a torcida, tudo isso fazia parte do arsenal da gerência de futebol anterior, que – pasmem! teve seu trabalho elogiado pelo presidente que ainda não venceu um atle-tiba! Inacreditável!
Até hoje não entendi e se alguém entendeu me explique o que fazia um ex-presidente do Paraná Clube gerenciando o futebol do Atlético. Por que o trouxeram para dentro do Atlético? Vocês já imaginaram um gremista comandando o futebol do Internacional? Ou um palmeirense comandando o futebol do Corínthians? Absolutamente non-sense.
Isso faz parte (e espero que tenha sido soterrada) de uma absurda e descabida política de boa vizinhança com rivais. Futebol é competição, é rivalidade e não se pode simplesmente menosprezá-la. Me admira que o Atlético, tão preocupado com superávits e desempenhos econômicos e menos com futebol e títulos, não saiba que um dos fundamentos do capitalismo é a própria competição.
Somente se progride se você tem um rival que possa combater e a quem você tenha de superar. Isso acontece no mundo empresarial, nas relações sociais, pessoais, mas o Atlético ou desconhece isso ou simplesmente foge da responsabilidade, tapando o sol com a peneira.
A rivalidade é importante. Mais ainda no futebol onde se respira a rivalidade.Vejam o nosso maior rival, o do estádio apodrecido, o vice da Copa do Brasil. Só sossegaram quando trouxeram o Ney Franco que havia sido técnico do Atlético e foi ele que montou a base do time que voltou à primeira divisão e foi campeão paranaense. Eles têm no time deles dois ex-atleticanos um que jogou muito mas que, como todo aquele que joga muito no Atlético acaba saindo logo e outro que era um fiasco, fez partidas horrorosas pelo Atlético e no rival inexplicavelmente desencantou. Os dirigentes do Coritiba sempre consideraram o Atlético seu inimigo e mais odiado rival e não como amiguinhos ou rivais de brincadeirinha
Dizer que não existiam profissionais preparados para exercer o cargo de gerente de futebol como foi dito à época para justificar a vinda do gerente ligado ao Paraná Clube, isso sim é uma falácia sem tamanho. Ainda se fosse buscar um sujeito sem preferências clubísticas, um neutro, mas extremamente profissional tudo bem, mas não, o Atlético tinha de buscar alguém para irritar a torcida e conseguiram, só que além de nos irritar ele provocou um estrago cujas conseqüências estão aí. Qual o resultado do trabalho dele à frente da gerência de futebol? Um mísero título regional em 2009 e uma coleção de vexames e equívocos que nem vale a pena mencionar aqui mais.
Todos esperamos que os atuais condutores do futebol atleticano façam um trabalho à altura dos cargos que ocupam. Que primeiro tentem consertar os erros e as conseqüências desastrosas e consigam, mesmo no calor de uma campeonato dificílimo, tirar o time da situação lastimável em que se encontra
Infelizmente quem tem acompanhado os últimos jogos não alimenta muita esperança de um futuro melhor, a curto prazo. Até hoje não sabemos qual é o time titular. Cada dia uma formação diferente. Um dia com três volantes, outro dia com dois, um dia com um atacante, outro dia com nenhum. Como fazer gols somente com um atacante lutando contra vários zagueiros adversários? Praticamente impossível e o resultado dessas escalações extremamente defensivas com poucos atacantes fala por si próprio: em cinco jogos, um único gol e de bola parada.
Tem times que tem personalidade, tem alma, tem jogadores guerreiros, a torcida sabe de cor e salteado quem são os titulares, qual é a escalação e seja qual for o adversário entram com a mesma formação. Tem outros que já entram derrotados, de cabeça baixa, desorganizados, sem entrosamento, nervosos, psicologicamente abalados, mudando a cada jogo conforme o perfil do adversário. Nesse último caso se encaixa o Atlético.
É verdade que pelo estrago feito pela gerência anterior o Adílson ainda teve pouco tempo para trabalhar, mas a essa altura o Atlético já deveria ter pelo menos um time base. Não acredito que jogadores como Kleberson, Cleber Santana, Guerrón e tantos outros simplesmente tenham desaprendido a jogar futebol. Todos eles têm potencial mas é preciso que nesse momento delicadíssimo se dê tranquilidade ao Adílson para agora, no transcorrer do campeonato ele consiga achar o time ideal e que os jogadores consigam render o que deles se espera. No papel o time é até bom.
Contra o Grêmio naquele domingo gelado, o Atlético lutou no segundo tempo, mas não conseguiu sequer fazer o gol de empate em plena Arena. Contra o Flamengo a vitória parecia certa, o time estava jogando bem, mas veio aquele lance infeliz do Rafael Santos e tudo veio por água abaixo.
Quando parece que tudo vai engrenar vem mais uma derrota que nos deixa preocupados com o futuro desse time.
O Atlético precisa tomar muito cuidado com o lado esquerdo da sua defesa, com o seu zagueiro e o seu ala-esquerdo (péssimo marcador). Foi por ali que o Vasco tirou o Atlético da Copa do Brasil, foi por ali que o Atlético Mineiro conseguiu abrir 1 a 0 e nos vencer e foi por ali que o Flamengo conseguiu o empate.
Sábado mais uma pedreira, mais um sofrimento. O Bahia certamente não é mais aquele time bisonho que tomou de cinco na Arena na Copa do Brasil. O time deles está preparado, bateu o Fluminense fora de casa e vem para tentar vencer o jogo. A Arena já não amedronta mais os adversários como antes, não por culpa da torcida, que sempre empurra o time, nem por qualquer outro fator, mas pelo próprio futebol sem alma praticado que é um reflexo da péssima condução do futebol pelos seus dirigentes.