Pai, eu não quero mais ir no jogo do Atlético.
– Pai, eu não quero ir mais no jogo do Atlético.
– Ué, filho? Que acontece?
– Ah, pai, o time tá muito ruim
– Deixa disso, filho, a gente vai, come uma pizza, toma uma Coca, vê o jogo
– Pai, não vou na Baixada para comer pizza, pai
– Mas o que foi, filho?
– Pai, eu quero que o meu time jogue bem. Nem precisa ganhar, mas que os caras joguem bola de verdade. Raça, sabe, pai?
– Como assim, Antônio?
– Ah, pai! Tem jogador que era passe como daqui ali, de 2 metros tem jogador que nunca chuta no gol tem jogador que não corre quem jogador que não chega junto tem jogador que não pula tem jogador que não ganha uma nem lateral eles capricham! Nem pênalty!!!
– É fase, filho, passa
– Pai, eu estou com vergonha de dizer que sou atleticano Pode, pai?
– Não pode, filho, não, não pode.
– Mas pai, me conta, como vou sentir orgulho duns caras que ganham muito dinheiro para nos fazer feliz e nos deixam cada vez mais tristes? Quando ganha o Morro Garcia? O Paulo Baier? O Marcinho? o Guerrón? O Nieto, para apanhar da bola? O Manoel? Pai, é muito dinheiro, para jogarem tão mal. Você ganha como eles, pai?
– É filho, você tem razão, nisso você tem razão, mas
– Não tem mas, paizão. Ou eles gostam do Atlético, ou eles gostam de nós, ou são uns vagabundos, que ganham um dinheirão e nos enganam a cada jogo.
– Não é todo mundo, Antônio.
– Não pai, salve o Deivid, o Renan Foguinho, o Renan Rocha, nosso goleiro e quem mais, pai?
– É filho, tá difícil
– Sabe o que pior, pai? É a gozação na escola. Até os paranistas me gozam, pai e eu não posso falar nada. Estou cansado de ficar de cabeça baixa, quieto, sem ter resposta, paizão, aguentando os coxas
– Filho, na vida nem tudo dá certo sempre. Há momentos de derrotas, de tristeza, de decepções.
– Tá, pai, mas eu só tenho 8 anos não consigo compreender como alguém não goste de jogar futebol para vencer ainda mais ganhando a grana toda que o nosso Atlético paga pra eles.
– Tem razão, Antonio, mas
– Pai, de que adianta ter a Arena, o CT e tudo, e não conseguir tomar a bola do Avaí?
– É, filhão, é dose.
– Pai, eu não quero mais ir na Baixada. Este time não vale, não vale, não vale meu choro, pai.
– Filho, não faça assim por favor, filho, não, não chore
– Pai, como eu posso amar e sentir vergonha?
– Filho
– Pior é que eu adoro meu time, pai, mas ele não corresponde ao meu amor. Nem ao amor de toda aquele torcida nossa.- É verdade, meu filho, mas não há mal que sempre dure
– Mas pai, só faltam 10 partidas para acabar o campeonato e nós estamos quase rebaixados, pai!!!
– Filho, amado, sei disso e por saber disso que eu te digo: não podemos abandonar o nosso Atlético. Enquanto houver chance, temos que lutar, de incentivar, que torcer, que amar, de ter calma e gritar com todo o nosso coração atleticano. Só nós, filhão, podemos comover este time e fazê-lo perceber o quando o amamos e o quanto ele está nos fazendo sofrer. Só juntos, filho, com o time, onde for, vamos virar o jogo. Se nós nos entregarmos, será o fim de tudo. Eu e você não queremos ver nosso rubro-negro na segundona, queremos? Vamos perder, desistir, antes de lutar?
– Claro que não pai!!!
– Então vamos dar mais uma chance o time, na quinta, contra o Vasco? Eu vou!
– Vamos sim, pai! Pai me compra uma camisa nova, na Arena Store, para dar sorte?
– Claro que compro, filhão. Então, vamos juntos pra Arena, embalar nosso Furacão.
– Vamos, sim, meu pai, rubro-negro é quem tem raça! .
Antonio tem 8 anos, vai a todos os jogos e no intervalo, sentado no balcão der granito da lanchonete, enquanto come sua pizza, discute as jogadas do seu clube do coraçaão. Antônio é apaixonado por este Atlético, que não tem correspondido ao amor dele e de tantos atleticanos.
Não está na hora de mostrar que este é um time feito de homens, com honra, com força, com garra, com moral e gana de vencer?
Chega de judiar aos pequenos e grandes Antônios, não chega?
Atlético, conhecemos teu valor, mas queremos agora ver se este é um time feito de homens.
Feliz Dia das Crianças, Furacão!