Diogo Braz fala das propostas da Paixão pelo Furacão
Diogo Fadel Braz tem 41 anos e é candidato à presidência do Conselho Administrativo do Clube Atlético Paranaense. Ele integra a chapa Paixão pelo Furacão, capitaneada por Enio Fornéa Júnior, candidato à presidência do Conselho Deliberativo. Advogado formado pela Universidade Federal do Paraná, Braz exerce funções diretivas no clube desde 2002, quando assumiu um posto na mesa diretora no Deliberativo. Nos últimos três anos, formou o Conselho Deliberativo, exercendo a vice-presidência neste segundo semestre.
Braz concedeu entrevista para a Furacao.com em seu escritório, na última sexta-feira. Em quase uma hora de conversa, falou sobre as propostas de sua chapa, sua visão sobre a gestão de Marcos Malucelli e analisou as propostas da chapa adversária.
Especificamente sobre o futebol, Diogo Braz prometeu instituir uma comissão para evitar que as decisões sejam tomadas por apenas uma pessoa. “A nossa proposta é justamente o contrário: várias cabeças decidindo dentro de um planejamento pré-estabelecido pelo profissional de mercado”, declarou.
Confira abaixo a íntegra da entrevista com o candidato à eleição do dia 15 de dezembro:
Por que você quer ser presidente do Atlético?
Porque eu, juntamente com os colaboradores da chapa Paixão pelo Furacão entendemos que está na hora de o Atlético dar uma guinada principalmente no seu futebol. Retomar o modelo que deu certo e culminou com o título de 2001 e foi abandonado de lá pra cá, que é essa gestão colegiada acrescentada nesse momento pela gestão profissional de futebol. Esse é um modelo que dá certo em vários clubes do Brasil. Então, somada àquela nossa experiência até 2011 com esse destaque de profissionalismo, é como nós entendemos a retomada do crescimento no futebol do Atlético: de uma forma constante, perene e atual.
O que deu errado para o Atlético nesse ano?
O que já vinha dando errado desde 2002: uma centralização das decisões no futebol e decisões erradas, a partir do momento que você tem jogadores mal contratados, uma sucessão de equívocos dos técnicos que vieram. Desde dezembro de 2010, quando acabou o Campeonato Brasileiro, até o término do Brasileiro de 2011, essa sucessão de treinadores, cada um chegando com a sua ideia de jogadores a serem contratados. Quer dizer, você não tem um planejamento perene do clube, você vai ficar sempre à mercê do que pensa um treinador, de um goleiro ou zagueiro que ele quer. E aí esse treinador acaba ficando dois, três meses e sai e você fica com contrato por um tempo maior com esse atleta.
Você integra o Conselho Administrativo desde 2009 e havia uma reunião do conselho toda segunda-feira. O futebol era pauta principal nessas reuniões?
Não era. Nessas reuniões iam cinco pessoas: o Marcos [Malucelli], o Ênio [Fornea], a Yara [Eisenbach], o Henrique [Gaede] e eu, cada um mais ou menos numa área. O Marcos [Malucelli] cuidando do futebol e uma parte institucional, o Henrique Gaede com a parte comercial e de marketing, o Ênio Fornea com a gestão financeira, eu cuidando de toda parte jurídica do clube e a Yara [Eisenbach] no relacionamento com as embaixadas, também uma parte institucional dentro das áreas internas do clube, com a torcida, enfim. O futebol, quando o presidente já não havia previamente conversado com a equipe do futebol antes, ele recebia empresários que iam negociar, procuradores e mesmo os gerentes e os diretores antes da nossa reunião do Conselho Administrativo. Foram raríssimas as ocasiões, nesses três anos de gestão, que o Conselho Administrativo tratou de futebol.
Mas não havia liberdade para a manifestação dos integrantes do Administrativo quanto às contratações?
Não como decisão. Para decidir, não. A gente às vezes, e não raras vezes, até como torcedor, conversava, tratava desse assunto, mas o Marcos sempre via essas nossas observações como se fosse o torcedor falando. Ele sempre dizia quando argumentávamos: Não, vocês precisam frequentar o CT. Vocês tão ouvindo muito rádio e lendo muito jornal. Essa não é a visão que temos dentro do CT. Essa sempre foi uma máxima dele pra todos nós.
Uma das propostas do seu plano de gestão é a instituição de um colegiado para discutir diversos assuntos, inclusive o futebol. Em que isso difere do que já foi feito na última gestão?
Eu acho que 100% porque nesse ano a decisão limitou-se a duas pessoas: ao presidente e ao diretor de futebol. Se um já chegava e negociava um jogador ou técnico até o final, o que a gente viu ao longo desse segundo semestre, principalmente, era o outro apenas referendar. Ou seja, o destino do futebol do Atlético estava limitado a uma pessoa com o referendo da outra que estava numa hierarquia superior. A nossa proposta é justamente o contrário: várias cabeças decidindo dentro de um planejamento pré-estabelecido pelo profissional de mercado, como é o Rodrigo Caetano no Vasco e o Felipe Ximenes no Coritiba.
Como é que você consegue imaginar a conciliação de uma cúpula consultiva a um executivo remunerado? Se o executivo decidir pela contratação de determinado técnico e a cúpula consultiva for unanimemente contra, a quem caberá a decisão final?
Isso vai fazer parte de um planejamento prévio. Vai se definir perfil, objetivo, orçamento e a partir daí, para não incorrermos no erro de 2011, este executivo tem que ter uma autonomia bem elástica para não ficar como o presidente disse em algumas entrevistas, que os outros decidiam, negociavam, mas não tinham caneta pra fechar. Aí não adianta. Essa cúpula consultiva vai orientar, mas no dia-a-dia é esse profissional.
Na condição de presidente, qual será a sua atuação no futebol? Você opinará sobre a formação do elenco? Ou vai só bater o martelo?
A minha função como presidente vai estar dentro dessa cúpula consultiva, com direito a voto. Se o presidente for vencido, a minha vontade como presidente não vai prevalecer sobre a maioria dos demais.
Isso quer dizer que você vai se submeter à decisão tomada pelo executivo ainda que discorde da contratação?
Se você contrata um executivo, se é traçado um planejamento, se ele é da tua confiança e da confiança da diretoria, ele tem que ter autonomia. A não ser que seja um negócio completamente fora de propósito. O que seria uma exceção completa e não a regra normal de pensamento.
É viável em termos práticos ter uma gestão colegiada na área do futebol?
Na reunião do comitê, nós tivemos a presença do Marcus Coelho e do Ademir Adur e eles falaram que havia o colegiado. Poderia um ou outro estar mais à frente, ali, no dia-a-dia, como se fosse hoje do gerente remunerado, mas as deliberações eram colegiadas, quanto a isso não há dúvida nenhuma. Com exceção do Mario Celso Petraglia, porque, segundo Admir e Marcus Coelho, em maio ou junho de 2001, quando o Geninho veio, o Mário [Celso Petraglia] se afastou do time e só foi aparecer em São Paulo, em 23 de dezembro de 2001.
A figura do executivo remunerado não é novidade e o próprio Atlético já teve muitos, como o Oscar Yamato, Marcos Moura Teixeira, Edinho Nazareth, Ocimar Bolicenho, Paulo Rink. Nenhum desses deu certo. Por que agora o torcedor poderia acreditar que esse modelo vai dar certo?
Porque nesse caso, não bastava a simples figura do executivo. Ele teria que ter autonomia, poder de decisão, e o que nunca existiu no Atlético, pelo menos nos últimos dez anos: um planejamento prévio, específico para o futebol. Esses profissionais todos sempre estavam à caça de jogadores ou técnicos, não havia um projeto perene para ser desenvolvido ao longo do ano e os técnicos que chegassem se adequavam ao cronograma.
O sucesso do modelo de gestão do futebol parece depender muito do executivo remunerado. Quem são os nomes cogitados pela chapa?
Eu posso dizer pra você que são nomes de primeira grandeza do futebol brasileiro. Nós já fizemos contato com dois deles, mas como nós somos uma chapa e não uma diretoria eleita, eles se propuseram a, já na semana que vem, estarem disponíveis para uma segunda conversa. Eu não posso, em razão de pedido deles, revelar os nomes, mas a torcida pode ter certeza de que não é nenhuma aposta. São profissionais já consagrados.
Só para se ter uma ideia, quem são os profissionais do futebol admirados pela chapa?
Dois eu já citei, que são o Felipe Ximenes e o Rodrigo Caetano, e você tem profissionais já empregados em outros clubes. Se eu falar mais dois ou três nomes, acho que estou acabando com o sigilo pedido.
Como serão aproveitados jogadores experientes que ainda têm vínculo com o Atlético, casos específicos de Alan Bahia, Rafael Santos, Marcinho e Paulo Baier?
O Paulo Baier e o Marcinho têm contrato até o fim do ano. Esses dois, para a nossa gestão, interessam. Agora, o Paulo, com 37 anos, tem que ter um regime especial de trabalho para que ele traga o Atlético todo o rendimento que ele teve em 2010. Ele não pode, com 37 anos, começar já o Campeonato Paranaense jogando quarta e domingo. Então, ele será importante ao longo desse ano, mas não podemos ficar na dependência do Paulo e do Marcinho como foi nesse final de campeonato. Nós traremos jogadores na mesma qualidade para que dividam essa responsabilidade.
Qual será o destino dos altos investimentos em jogadores, casos específicos de Guerrón, Nieto e Morro García? O que a chapa pensa para o futuro desses jogadores?
Os três são patrimônios do clube, nesse momento. O Santiago tem uma questão diferenciada. O Guerrón e o Nieto, enquanto têm contrato, o clube não pode, pura e simplesmente, se desfazer, encerrar contrato e pagar uma indenização altíssima. Se eles têm a possibilidade de continuar, dentro desse planejamento a ser estabelecido já a partir de meados de dezembro ou início de janeiro, e estiverem, como a princípio estão, na opção de ficarem, evidente que vão ficar. O Santiago tem essa questão do doping. Se houver uma punição a ele, é uma situação que o clube tem que estudar, do ponto de vista jurídico, os efeitos do contrato em caso de punição. Que é um negócio mal feito no custo-benefício até esse momento, não há a menor dúvida, mas a partir do momento que o Atlético assinou esse contrato, o jogador tornou-se patrimônio do clube. Então, você tem que trabalhar o atleta, porque ele chegou aqui numa ocasião, e não estou defendendo o jogador, para ser o salvador da pátria, no meio do caminho, com o time na zona de rebaixamento. Com toda estrutura que o CT permite que seja desenvolvido, desde o departamento científico, toda parte de treinamento físico, para que esse atleta tenha condições de, no início de temporada, render o que aqueles que o contrataram esperam que ele renda. Porque a gente tem exemplos dos próprios jogadores que vieram na mesma época que ele, como o Martinuccio, nenhum deles rendeu absolutamente nada no Brasileiro. O Conca tem um histórico de, no começo, não ter sido um bom jogador e quando saiu do Fluminense era o salvador da pátria. Há relatos de jogadores que dizem que o primeiro ano fora é muito difícil a adaptação cultural, ao clube, à forma de treinamento, à forma de jogar, à pegada do jogo. Será que não há esse problema para quem vem jogar no Brasil? Então, como é um patrimônio do clube, nós temos que fazer esse patrimônio passar a valer.
Haverá um teto salarial no elenco?
Não. Se, dentro de uma responsabilidade do clube, você tiver que investir em um jogador que é diferenciado e que, pra isso, tem que ser melhor remunerado, não vai haver o teto.
A sua administração seria diferente caso o time fosse disputar a Série A no ano que vem?
Eu acho que não. Não dá pra separar. Nós temos o Paranaense e a Copa do Brasil. A Série B que temos pela frente vamos disputar como se fosse a Série A. Vamos nos preparar, investir e ter o torcedor junto como se fosse a Série A. Eu acredito que é possível revitalizar o amor do torcedor atleticano, isso não morre nunca. Ele pode estar meio apagado em razão desse sofrimento contínuo nesses últimos anos.
Você é favorável a retomar parcerias antigas, tais como CAPA e PSTC?
Com o CAPA, não. Eu entendo que a forma como era feito, o Atlético ter tirado jogadores que já eram seus, ter levado ao CAPA por um percentual de 30%, acho altíssimo do ponto de vista custo-benefício. A parceria com o PSTC já rendeu grandes frutos ao Atlético, mas também não vejo como retomar da forma que era antigamente. O Atlético pode ter parcerias com outros empresários, como diversos clubes têm, mas não especificamente com um ou outro. Mercado aberto, sem problema nenhum.
“O Atlético não vai ser gerenciado por uma só pessoa” [foto: FURACAO.COM/Joka Madruga]
Seu plano de gestão diz que o Atlético será protagonista no mercado da bola para trazer apenas jogadores de real qualidade. Considerando os elevados custos, como será possível concretizar essa promessa?
Selecionando. Se você traz cinco ou seis jogadores de qualidade duvidosa que poderiam as respectivas vagas serem supridas pela categoria de base, quando você começa a ter um planejamento de contratação na qualidade, todo aquele valor que você gasta em quantidade, você consegue canalizar em poucos jogadores de qualidade diferenciada, que vêm pra assumir a posição de titular e resolver o problema.
O clube terá condições de contratar jogadores titulares de outros clubes de patamar igual ou superior?
Eu acho que sim. Dentro desse modelo que a gente propõe de investir na qualidade, sem essa limitação de um teto, é possível o Atlético competir em igualdade de condições.
Qual é o perfil de técnico que você deseja contratar para a temporada 2012?
Na nossa reunião, nós demos dois títulos de perfil, com os quais nós já conversamos com dois e falta o contato com uma pessoa próxima do terceiro. Um perfil é aquele técnico nitidamente reconhecido como formador de grupo, que é o Ney Franco e o Paulo César Carpegiani, são duas das nossas primeiras opções. A gente sabe da dificuldade em trazer o Ney Franco em 2012, ele tem um projeto olímpico, então pode ser um dificultador maior. O outro perfil é um técnico mais jovem, mas com uma identificação muito grande com o Atlético, e aí nós temos o [Gustavo] Matosas, que é um técnico que já foi bicampeão no Uruguai, agora está em um time da Primeira Divisão do México que já foi duas vezes campeão nacional nós últimos cinco anos. Ele [Matosas] é um ídolo da torcida atleticana, teve momentos de garras, que são históricos. Não há um torcedor do Atlético que não se lembre dos gols do Matosas em Paranaguá, na Baixada contra o União Bandeirante, além de conhecer e ter vivido o Atlético. A garra pode ser um diferencial para o Atlético em 2012.
Você é sócio de um escritório de advocacia, que segundo o próprio site conta com 11 advogados. O Atlético hoje é uma empresa com dezenas de funcionários. Qual a sua experiência de gestão para comandar uma empresa desse porte?
O Atlético não vai ser gerenciado por uma só pessoa. No nosso modelo de gestão, nós temos os nove membros do Conselho Administrativo, cada um deles com um profissional específico daquela área abaixo de si, um gestor delineado no marketing, no comercial, no financeiro. Todas as áreas do clube estarão interligadas, mas geridas por profissionais capacitados em suas respectivas áreas.
E essas áreas vão ser independentes?
Cada uma com orçamento próprio, mas com todo o plano de gestão previamente definido pela forma colegiada do Conselho Administrativo. Elas têm orçamento e liberdade de atuação dentro dos princípios que vão nortear a gestão.
Anteriormente, você afirmou que não participava das decisões de futebol da gestão Marcos Malucelli. A ausência de experiência de negociações na área de futebol não é um problema para quem pretende assumir a presidência de um clube?
Não vejo como problema o fato de não ter participado diretamente como protagonista desta gestão do futebol, porque eu estou no clube há dez anos e sempre estive ao redor dessa história, mesmo nas outras gestões. Sei como funciona, vivo o dia-a-dia do clube há dez anos. Tem pessoas que frequentam o Atlético só em dia de jogo, eu frequento o Atlético de cinco a seis vezes por semana. Então, toda a história do Atlético nos últimos dez anos, eu conheço bem.
Como você fará para conciliar sua atividade profissional com a presidência do Atlético?
Eu tenho uma equipe de trabalho que já me liberou sem problema nenhum. Eu deixo meus filhos na escola às 7h da manhã, chego ao escritório às 7h15, nada acontece no futebol até 10h30 da manhã. Então, eu posso ter as minhas três, quatro horas de dedicação ao escritório. Tenho aqui uma equipe que já me apoiou, já me liberou da pauta e já conversei com muitos dos clientes explicando a situação. A dedicação ao Atlético será integral.
Você não considera a sua atividade de advogado incompatível com a de ser presidente do clube?
Dentro dessa fórmula de administração, não vejo. Agora, se é aquele presidente que quer, sozinho, cuidar do clube inteiro, aí se torna incompatível.
O seu escritório é responsável pelas demandas trabalhistas do clube. Esse trabalho é remunerado?
É e quero deixar claro que essa contratação ocorreu há dez anos, não é dessa gestão da qual eu faço parte. Eu fui contratado para uma ação trabalhista, depois a carteira toda do Atlético veio pra cá. Em um primeiro momento, o escritório não queria receber honorários, por ser o Atlético, e talvez dois anos depois o próprio Atlético estabeleceu um contrato que dura até hoje. Acho que assumindo a presidência a gente deixa de advogar. Por mais que exista um gestor jurídico, eu sou muito sincero, na parte técnica não haveria nenhum problema. O escritório tem 18 anos de atuação e é reconhecido na Justiça do Trabalho como um dos principais escritórios de Curitiba e o Atlético, modéstia à parte, está bem servido. Entretanto, existem outros profissionais capazes de fazer a defesa dos interesses do clube da mesma forma.
O Atlético não tem um gerente de marketing efetivo desde a saída do Paulo César Verardi. Quais são as suas propostas para esta área?
Ontem [dia 8.12] tinha algumas pessoas de marketing na nossa reunião com o compromisso de integrarem não apenas o Conselho Administrativo como a parte estrutural que vai existir nesse departamento, com o profissional remunerado na área.
Você está satisfeito com a gestão de Marcos Malucelli no marketing? Considera bons os valores recebidos pelo patrocínio da camisa?
É maior do que o valor que a gestão anterior conseguiu pelo nome do estádio e pela camisa. Há uma crítica da chapa adversária, dizendo que segurou o patrocínio da camisa, deixou a camisa imaculada por muitos anos pra não vender por preço baixo. Mentira, não conseguiu o patrocínio. O patrocínio da Philco, da Netshoes, e antigamente da HDI, podem não ser o melhor cenário possível. Mas o patrocínio da Philco hoje é superior ao que o que eles tinham conseguido pelo nome do estádio e de camisa.
Qual é a sua opinião sobre torcidas organizadas e como será o relacionamento da sua gestão com a Fanáticos e a Ultras?
São torcedores como qualquer torcedor do Atlético. Como eles se organizam e se mobilizam em grupo, eu acho que eles têm uma responsabilidade muito grande. No estádio, eles, querendo ou não, chamam o restante da torcida para apoiar, incentivar. Nós tivemos aquele exemplo de quando o Mário Celso expulsou as organizadas do estádio, o silêncio que era. Parecia que estávamos num teatro. O grito, o incentivo fazem parte do futebol e a torcida é importante nesse sentido. O tratamento com ela tem que ser como qualquer outro sócio. Elas [torcidas organizadas] têm uma responsabilidade muito grande de coibir, o que já deveriam ter feito há muito tempo a despeito de existirem desavenças entre elas, é essa violência dentro, fora, nos arredores e em toda cidade. Isso é inadmissível.
Qual é a sua opinião sobre a atuação da imprensa esportiva? Pretende manter as restrições de janelas para entrevistas durante a semana?
A imprensa depende dos clubes e os clubes dependem da imprensa para ter uma maior divulgação dos seus patrocinadores, sua marca, seus atletas. Tem que haver uma relação de harmonia entre ambos. Com relação a fechar janela, isso não é o presidente que tem que definir, é o ambiente do futebol, o gestor de futebol com todas as suas ramificações dentro do centro de treinamentos que tem de avaliar a melhor forma de relacionamento. O clube não pode ser antipático, fechar sem nenhuma razão. Agora, se determinado trabalho necessitar de sigilo ou em determinada semana houver necessidade de um internamento, tudo tem que ser pensado caso a caso.
Você aprova o antigo projeto do clube de cobrar pelas transmissões radiofônicas?
Na Europa, alguns clubes já começam a pensar nisso, coisa que o Atlético já fez contra determinadas rádios há um tempo. Parece-me que naquela ocasião foi uma ação pontual, mais pessoal, agora é um assunto que o Atlético não tem que pensar sozinho. Se isso for uma ideia, com o Clube dos 13 retomando agora, tem que se pensar de forma igual. Se tem com a televisão, poderá ter com as rádios.
Qual é a sua opinião sobre o site Furacao.com?
É o mais completo que tem hoje, mais completo que o site oficial. Muita gente que quer ter informação do Atlético vai no Furacao.com e não no site oficial e isso é um mérito.
“Eu frequento o Atlético de cinco a seis vezes por semana” [foto: FURACAO.COM/Joka Madruga]
Em qual proposta você votou na reunião do Conselho Deliberativo que decidiu sobre as obras da Arena da Baixada?
Como eu fazia parte do Administrativo e tive acesso a duas das três propostas, como representante do clube que recebeu as propostas de fora, eu me abstive de votar.
Se a sua chapa for vencedora, como será o seu relacionamento com Mario Celso Petraglia, responsável pela CAP S/A?
De extrema responsabilidade. Ele terá que respeitar o estatuto, o que não tem feito até agora.
O pedido de impugnação da chapa CapGigante foi baseado somente no conflito de interesses?
No absoluto conflito de interesses. Eles são os responsáveis pela obra, fazem parte da SPE [Sociedade de Propósito Específico], como administradores, quatro deles como sócios-cotistas, têm a Comissão da Copa sob o seu comando e todos esses órgãos precisam prestar contas ao Deliberativo. Se eles já não estão prestando contas neste início, como é que o farão se tiverem todos os poderes concentrados em uma pessoa só?
Qual é a sua opinião sobre Mario Celso Petraglia? Você tem restrições a ele?
Enquanto fez parte de uma gestão colegiada, teve o mérito como todos tiveram. Todos aqueles foram idealizadores em alguma área, assumiram o desafio de tocar o Atlético e tiveram sucesso. A partir de 2002, quando ele se isolou, tirando todos de sua proximidade, aí começou uma descendente que chega até hoje.
Qual é a sua opinião sobre Antonio Carlos Bettega?
Ele tem um relacionamento de muitos anos com a minha família, muito amigo de um tio meu. No Atlético, eu fui membro da diretoria do Conselho Deliberativo em duas gestões com ele. Quando o Dr. Nilo Biazzetto era presidente, acho que o Tataio [Bettega] era primeiro vice-presidente e eu era primeiro-secretário; e quando o Mário Celso [Petraglia] foi presidente do Deliberativo, o Tataio [Bettega] era primeiro vice e eu segundo vice.
Você tem restrições a ele?
Nós tivemos um bate-boca muito sério ao término de uma das reuniões do Conselho Deliberativo esse ano. Ele veio me pedir pra que acabasse esse clima de hostilidade que estava existindo e eu cobrei dele. O Mário fica dois anos e meio em Twitter e Facebook pregando ódio. NaAquela primeira comissão da Copa, criada pelo Gláucio Geara e pelo Marcos [Malucelli], o Tataio [Bettega] fazia parte com outras pessoas e eu disse para ele: eu tinha suspeitado que alguns membros daquela comissão, entre os quais ele, pegaram o projeto que a OAS havia apresentado e levaram ao Mário Celso [Petraglia]. E eu disse isso porque na primeira reunião do Conselho Deliberativo em maio, o Mário Celso [Petraglia] chegou com a proposta de construção do estádio dizendo que o sócio ia pagar, no mínimo, R$ 135 a cadeira, que estacionamento ia custar pelo menos R$ 50, então iam ser 42 mil vezes 135 e não sei quantas vagas de estacionamento vezes 50, que ia criar o Sócio Copa e o estádio ia ser pago dessa forma. Dessa assembleia, até a seguinte quando a Triunfo a OAS e a proposta de autogestão foram apresentadas, a comissão da Copa se reuniu com a OAS diversas vezes, foi apresentado o modelo da proposta da OAS. Em setembro, a Triunfo faz uma proposta com o Atlético contratando todo mundo, comprando todos os insumos e eles administrando por um percentual de honorários. A OAS chegou com o conceito da SPE em números que absolutamente não interessavam ao Atlético. A ideia não era ruim, os números apresentados é que eram terríveis para o Atlético. Jamais poderiam ser aceitos. Quando o Mário [Celso Petraglia] apresentou a forma de autogestão, todos os quase 200 conselheiros esperaram uma repetição de maio, ou seja, todo mundo começa a pagar e está resolvido. E não. Veio um modelo de autogestão absolutamente igual ao da OAS, só que sem a OAS do lado. Era muito mais simples, para não ter essa animosidade, que se tivesse dito. A Triunfo e a OAS apresentaram e todo mundo já sabia, não apenas a diretoria, mas as mesas do Administrativo e Deliberativo a Câmara de Ética, o Conselho Fiscal e todos os integrantes da Comissão da copa tinham exata noção das propostas. A proposta do Mário [Celso Petraglia] pegou todo mundo de surpresa.
Você concorda com o Presidente Malucelli que chegou a afirmar que a Copa é prejudicial ao Atlético?
Não. Se a obra for realizada no valor aprovado pelo Conselho, para o Atlético será excelente, mas esse é o grande problema. Por que não se mostram os valores?
Como será o seu tratamento aos integrantes da chapa adversária, em caso de vitória? Caso algum membro da outra chapa se demonstre interessado em colaborar com a gestão do clube, isso será permitido?
Se tiverem alguma sugestão que possa ser implementada, sem dúvida nenhuma, sim. Mas no dia-a-dia do clube, não.
Qual será a postura do Atlético na disputa política entre CBF e Clube dos 13?
Essa é uma situação que está mudando, agora o Clube dos 13 parece que ressuscitou, então temos que esperar essa definição, pra saber quais são os reais interesses deles. Esperar esse momento de transição pra tomar uma posição.
Qual será o valor da mensalidade dos sócios depois da conclusão da Arena da Baixada?
Hoje é impossível saber. Ao longo de 2012, R$ 70. Em 2013, também os R$ 70, acrescidos, única e exclusivamente deste reajuste já previsto em contrato, que não é um aumento, mas um reajuste anual, como tem em qualquer contrato. Qualquer alteração tem que passar por uma prévia aprovação do Conselho Deliberativo.
Como você explica o fato de que a chapa adversária conta com maior número de integrantes do Conselho Deliberativo atual do que a sua (112 x 69), que é capitaneada por integrantes da mesa diretora e do Conselho Administrativo?
Eles tiveram 112 no projeto (sic). Diversas pessoas que votaram no projeto de autogestão por entenderem que era melhor que a OAS fazem parte da nossa chapa.
Você pretende efetuar alterações no departamento médico do clube? Afastará o Dr. Edilson Thiele e mudará o CECAP?
Não. Ele permanece liderado pelo Dr. Edílson Thiele.
Em que estádio o Atlético mandará seus jogos quando a Arena estiver em obras?
A gente tem duas opções: a Vila Capanema ou o Couto Pereira. Nós temos uma ideia de aumento significativo no número de sócios, quer fique perto dos 20 mil, quer aumentando, o Couto Pereira é a primeira alternativa, pelo conforto, pela comodidade ao nosso associado e torcedor que vai assistir ao jogo. Porque o primeiro jogo que chegarem mais torcedores do que a Vila Capanema comporta, já há confusão certa. Então vai depender de uma negociação.
O que você diria para o eleitor que está indeciso em que chapa votar na eleição do dia 15?
São duas chapas que concorrem. Uma é a nossa, que tem como objetivo reformular o futebol do Atlético com um movimento perene de conquistas, que não sejam esporádicas como nos últimos dez anos, quando nós ganhamos três Paranaenses, um vice-campeonato do Campeonato Brasileiro e um vice-campeonato da Libertadores. Do outro lado, a torcida tenha certeza absoluta, está um candidato que só pensa na obra da Copa. Ele se ausentou da vida do clube por três anos, não apareceu em um único jogo pra torcer pelo Atlético, só veio assumir o conselho a partir de maio deste ano, quando o assunto Copa do Mundo voltou. É um candidato que desrespeita o estatuto do clube ao querer transferir as eleições do clube para o dia 18, quando no próprio dia 5 a sua chapa já estava inscrita. É um candidato que desrespeita o Conselho Deliberativo porque ao ser aprovada a proposta de autogestão, ele se obrigou perante o Conselho, que representa a torcida, a apresentar todos os projetos previamente a qualquer gasto. Não foi pedido, ele se obrigou a apresentar o custo de toda obra que fosse necessária. Ele já fez uma escavação para fazer uma inauguração no dia 4 de dezembro, ele já colocou estacas na obra, já fez marketing, já está negociando a venda da estrutura metálica do clube, cadeiras com o Paysandu em troca de jogador e o Conselho Deliberativo não sabe quanto custou cada uma dessas transações. O Deliberativo do Atlético não sabe quanto custará essa obra: se no fim ela custar R$ 500 milhões, a Prefeitura e o Estado bancarão R$ 60 [milhões] e toda a diferença será do Atlético. É um ato de irresponsabilidade um candidato lançar o maior projeto do Atlético em questão de valores e não dar a satisfação necessária ao conselho.