Eu sou atleticano fanático desde que nasci. Moro em Florianópolis porém herdei de meu pai (já falecido desde meus 8 anos) a paixão pelo rubro-negro do Paraná.

Mal saberia eu, que o ano de 2001 reservaria grandes surpresas e acabaria sendo o ano mais importante da minha vida até aquele momento aos 16 anos de idade, e por dois motivos completamente distintos: futebol e estudos.

Naquele ano eu cursava o terceiro ano do ensino médio, para tentar entrar no curso de Engenharia Civil da UFSC. Porém por estar um ano adiantado, com 16 anos e novato em vestibular, comecei o ano estudando sem maiores pretensões. E assim começou o campeonato brasileiro, com um time bom mas para nós atleticanos apenas mais um ano na primeira divisão, sem maiores pretensões.

E o ano foi se passando, nos estudos os simulados iam demonstrando minha evolução e que havia chance de uma zebra acontecer e eu passar, bem como o Atlético crescia jogo a jogo e surpreendia o Brasil alimentando a esperança de nós torcedores.

Até ai tudo bem… uma coisa não tinha nada a ver com a outra, somente felicidades em campos opostos da vida.

Enfim, passou o ano e algo cada vez mais forte me dizia que eu iria passar no vestibular e o Atlético seria campeão. Seria uma felicidade dupla!

Quando chegamos na semi-final, e precisávamos da vitória contra o forte Fluminense, resolvi deixar os estudos de lado e fui ver o jogo na Baixada. Que emoção!! Para mim até hoje foi o melhor jogo que vi na Arena, espetáculo lindo da torcida e show de bola em campo!

E aquilo que seria quase impossível de imaginar aconteceu, eu gritei comigo mesmo: ‘Estamos na final!! Que felicidade!!’ E como num estalo inesperado me veio o pensamento que até então não tinha passado pela minha cabeça: ‘Pera aí…que dia mesmo vai ser a final aqui na Arena?’

Foi nesse momento que me dei conta que o maior evento da história do Atlético, o primeiro jogo da inédita final do Atlético no Campeonato Brasileiro iria acontecer no mesmo dia do maior evento da minha vida até então, O VESTIBULAR. Eu não acreditava em tamanha desgraça, como podia o destino reservar no mesmo dia e na mesma hora e no exato momento dois acontecimentos tão importantes da minha vida? Teria eu que escolher abdicar de um ano de estudos para acompanhar o Atlético? ‘Afinal vestibular tem todo ano’ pensava eu…Porém,como forma de auto-consolo também pensava: ‘ e se eu perco o vestibular e o Atlético toma uma goleada, valeria a pena?’ Ainda teria o segundo jogo em São Caetano, mas já sabia que a mãe coruja não deixaria eu ir sozinho com medo da violência nos estádios, e da importância daquele jogo na Arena pois ele que iria provavelmente dar sinais de quem seria o campeão!

Bem, mesmo com a certeza da vitória..lá estava eu no dia do vestibular.
E o pior, tinha ido surpreendentemente bem no primeiro dia (vestibular na época era composto de 3 dias, sendo que o jogo foi no segundo dia) e se mantivesse a média nos outros dias atingiria o grande objetivo que era entrar na Universidade Federal.
Dia 17 de Dezembro, lá estava eu sentado na cadeira com a caneta na mão e o pensamento no Atlético, só imaginava o delírio da torcida no estádio. Tentava escutar algum barulho de foguete ao redor indicando algum sinal de gol atleticano, porém inutilmente pois em Florianópolis se houvesse fogos naquele momento poderia ser até para o São Caetano ou até mesmo alguma mãe fanática de algum vestibulando caxias.

Perguntei no início da prova para o fiscal (em uma tentativa desesperada e inútil também) se ele podia me informar o placar ao longo da prova, e recebi uma negativa com um sorriso irônico do tipo ‘ tá falando sério?’. Bem, caso ele achasse que não, perguntei de novo no meio da prova se ele pelo menos podia descobrir o placar, porém dessa vez ele foi mais grosso ao dizer que não.

Ao chegar em casa descobri a vitóra espetacular do furacão e que eu tinha ido bem novamente conferindo os gabaritos! O que era apenas sonho estava muito perto de se concretizar…

Resumo da história, tive um final de ano mágico com o FURACÃO sendo campeão brasileiro de 2001, e por sorte o destino quis premiar meu sofrimento de não ter acompanhado o jogo da final, com o ingresso para a Universidade Federal de Santa Catarina com a última vaga do curso de Engenharia Civil (somente na segunda chamada, sofrido exatamente como toda conquista rubro-negra!)

Bons tempos…Hoje sou um Engenheiro Civil formado, sócio do clube e agradeço por ter seguido a razão e não ter faltado o vestibular naquele dia! E sigo aguardando a oportunidade de ver o ATLÉTICO PARANAENSE CAMPEÃO BRASILEIRO novamente!