Autofagia e inveja na quinta comarca
Na contramão de todo o resto do mundo que se mobiliza e briga ardorosamente para ter a alegria, a honra e a satisfação de sediar um dos maiores eventos da Terra, a provinciana comunidade da quinta comarca, continua remando em marcha ré como, aliás, é de seu feitio.
Por aqui tudo é contestado para que não saia nada do lugar, devido a isto temos pouco peso político no cenário nacional, somos irrisórios como agentes decisórios no mundo do futebol e muitos vivem da alegria das conquistas de seus times em outros Estados. Talvez Nelson Rodrigues quando escreveu que tínhamos um complexo de vira-latas tenha se espelhado no nosso querido Paraná.
Historicamente isto talvez possa ser explicado pela dependência que tivemos da Capital da Província, São Paulo, o que retardou a possibilidade de criarmos uma identidade forte, que formasse lideranças concretas e duradouras. Vivemos de líderes esporádicos. Além disto, o espírito democrático do paranaense acolheu e com razão, a imigração de outros povos que já tinham uma identidade formada e forte e que vieram povoar nossos pagos, mantendo as tradições de seus torrões natais, o que dificultou mais ainda o fortalecimento de nossa cultura própria. Com isto vivemos de ingerências de muitas pessoas que não tem o mesmo comprometimento com este lindo Estado.
Escrevo isto porque tenho lido e ouvido diversas pérolas, escritas e lidas por ignóbeis personagens sobre a COPA em Curitiba. Só aqui no Paraná, a imprensa, fraca e provinciana, contribui negativamente para a realização do evento. Nos outros estados todos estão imbuídos em fazer o maior espetáculo da Terra e aqui deitamos a escrever e falar sandices que prejudicam a cada dia a realização deste evento.
Quem já foi a uma Copa do Mundo sabe da felicidade que transborda nos moradores do País, na Alemanha tive a oportunidade de ver o brilho nos olhos dos alemães e o comprometimento de todos para que tudo desse certo. Já por aqui o que vemos é uma nuvem escura sobre a cabeça dos urubulinos que destilam seu ódio e inveja sobre esta possibilidade. Não vimos em momento algum o Grêmio ser contra a Copa em Porto Alegre, pois sabe que com o crescimento do Internacional o seu próprio crescimento está garantido, além disto, o Estado cresce politicamente e sedimenta seu poderio frente a outras instituições. O que se vê por aqui é o contrário, todos lutando para que não haja progresso material, político e cultural.
Em Minas Gerais, diante da possibilidade do Cruzeiro ser rebaixado para a segunda divisão, o Atlético-MG, sabendo da importância para o Estado da participação de um número maior de clubes entre a elite, entrou no jogo final com uma delicadeza estranha e tomou uma sonora goleada que garantiu a permanência dos dois entres os clubes da primeira divisão.
Um estado forte que tenha um governador digno não lava as mãos diante de um assunto destes só porque é inimigo político de alguém. O Estado do Paraná é maior que estas picuinhas. O prefeito da Cidade, que é quem detém o direito e o dever de realizar este evento, se imiscui de sua responsabilidade e fica preocupado então somente com a reeleição, esquecendo-se que seu antecessor, hoje governador, assinou um compromisso para esta realização. Esquecem-se que vislumbraram a possibilidade de ser a cidade que faria o menor investimento financeiro dentre as sedes para a construção do estádio, o que traria dividendos políticos a nível nacional, eles requisitaram sim a ARENA para ser este estádio, até porque seria irracional não utilizar o estádio mais moderno do país até então. Hoje o que fazem é repassar esta responsabilidade ao Atlético, agindo de forma estranha e deixando o Clube sozinho para a realização de um evento que trará inúmeros benefícios a toda a comunidade Paranaense.
Mas o que fazer ou esperar de uma imprensa compromissada com assuntos menores. Um arremedo de boêmio e pseudo-intelectual, que busca suas citações no Google, escreve em sua coluna provocações sobre o estereótipo dos Atleticanos. Outro colunista, que não sai da sua confortável cadeira para checar suas fontes, há anos transmite ódio e desconforto na nossa comunidade, dependendo de seus interesses. Um gaúcho e gremista, que tem uma voz que jamais seria aceita nas rádios de então, opina sobre os caminhos que nossos clubes devam tomar, dizendo que só cabe ao Atlético arranjar onde jogar, como se fosse a COPA do Atlético e não dos Curitibanos e Paranaenses. A Copa é da Cidade de Curitiba e é o seu povo e seus dirigentes que devem fazê-la, ou será que só Atleticanos é que serão beneficiados.
Esperar que o outro Clube da cidade ajude seria demais, eles pensam pequeno, olham para seu próprio umbigo, suas ações, tal qual o eucalipto, são feitas para que não haja fertilidade ao seu redor, preferem não crescer a crescer política, cultural e materialmente juntos.
Hei de ver ainda o nosso amado Estado do Paraná comportando-se com a força que deve ter, unidos para o bem do estado e não praticando a cisão. Hei de ver acabar a autofagia e a inveja, hei de ver uma imprensa forte e competente, afinal foi para isto que lutamos contra a ditadura militar. Hei de ver o nosso povo ocupar o lugar que lhe foi destinado na nação. Ou mudamos nosso comportamento e crescemos juntos ou seremos sempre a quinta comarca.