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9 fev 2012 - 12h32

Futebol romântico

Depois de um dia agitado e de uma reunião tensa, pensei que nada seria melhor do que ver um jogo do Furacão. Olhei o relógio e faltavam 5 minutos para o início do jogo. Calculei que chegaria em 20 minutos e conseguiria ver pelo menos metade do primeiro tempo ainda.

No meio do caminho liguei o rádio e fui acompanhando a transmissão. Hum. É evidente o descaso da imprensa curitibana com o Atlético, ainda mais agora com o Sr.MCP na presidência. Esse descaso é um imenso desrespeito ao torcedor atleticano. Eu e a maioria dos torcedores atleticanos já estamos cansados de caras irônicas, comentários engraçadinhos, sempre no sentido de denegrir o CAP. No rebaixamento do Atlético, deu claramente pra perceber a alegria incontida dos apresentadores das emissoras de TV locais. Eu não esqueço. E a transmissão ridícula que eu estava ouvindo, era entremeada de piadinhas sem graça, sempre no sentido de menosprezar o Atlético. Chegaram a dizer que o Toledo estava dominando o jogo. Quando saiu o gol do CAP parece que deu uma pane na transmissão e ficaram sérios e começaram a falar do seu queridinho Coritiba. Ah! amigos da imprensa! 2012 vai passar rápido, vai sim…

Depois de atravessar a rodovia, agora cercada de cuidados – teve que morrer uma pessoa para se preocuparem em garantir a segurança da torcida e dos pedestres – entrei no Ecoestádio e a partida já estava no intervalo. Olhei para as arquibancadas e não estava tão cheio quanto no jogo com o Roma. Resolvi ficar no alambrado mesmo, de pé, atrás do gol.

Em determinado momento parece que voltei no tempo. De repente estava na velha Baixada, atrás do gol. Como na minha adolescência. Até o pinheiro atrás do gol havia, como na velha Baixada. Bons tempos….Olho pra trás e vejo calmamente o vereador Julião passeando por ali, tranqüilo.

Em meio a toda a natureza do lugar, vi um time bem disposto taticamente, com uma armação que privilegia o ataque. Atacantes bem abertos, verdadeiros pontas e dois jogadores chegando mais a frente no caso Harrison (este mais como armador) e Bruno Mineiro, tendo na retaguarda dois volantes marcadores, Deivid e Renan. Um 4-2-4 mas com características ofensivas. Quando não tem a bola, o CAP fecha seus alas para o meio e a defesa se torna um bloco compacto que quando retoma a bola procura ligar rapidamente os atacantes. Um esquema simples e que tem dado certo. O CAP depois de um ano tortuoso e triste, está redescobrindo o prazer do futebol bem jogado.

E foi assim que vi o Marcelo fazer uma bela jogada na ponta direita e cruzar forte para o Martin Ligüera (excelente estreia) fazer um belo gol, pegando de primeira e colocando a bola no canto direito, bem à minha frente. O mesmo Marcelo, de voleio, aproveitando uma sobra de bola do Bruno Mineiro, faria o terceiro, e Manoel de “chapa” do pé direito, ainda aumentaria para 4 a 0. Vitória incontestável.Pode ainda não ser um time dos sonhos, mas está trazendo esperanças à torcida de um bom 2012.

Dos 25 minutos do segundo tempo em diante começou a cair uma chuva, mas isso não tirou o nosso ânimo. Minha roupa ficou ensopada , mas nem liguei, agüentei firme até o apito final. Da terra subia um cheiro de grama molhada, terra molhada, agradável. O Ecoestádio não é Arena, mas tem o seu charme. Além das árvores, roseiras, da grama, bambus, insetos, passarinhos, a proximidade do torcedor com os jogadores. Provocações ao árbitro não faltaram, ainda mais sendo o Heber. Numa dessas provocações, o próprio Heber olhou pra torcida e deu risada. Ao meu lado, rente ao alambrado, passa o Deivid. Eu o chamo pelo nome e ele me olha e faz um sinal de positivo. Tudo é festa.

Essas situações só acontecerão por mais alguns jogos, mas até agora gostei muito desses jogos no Ecoestádio. Numa época de arenas multiuso, luxuosas, que mais parecem shopping centers, arenas que são o símbolo maior da riqueza e do poderio dos grandes clubes do futebol mundial, e que muitas vezes só podem ser freqüentadas por pessoas com alto poder aquisitivo, nada como ver um jogo que nos remete àquele verdadeiro espírito do futebol – do jogo, da brincadeira, de um quase amadorismo.

Em 2013, estaremos numa Arena moderníssima preparada para a Copa e esse romantismo todo, infelizmente, acabará. Então aproveitemos esses oito jogos que ainda serão realizados no Ecoestádio, porque para quem gosta realmente de algo ou alguém não existem empecilhos e até mesmo as maiores dificuldades são encaradas com alegria e bom humor. E se continuar jogando dessa maneira ofensiva, como nos tempos do futebol romântico, a confiança da torcida em dias melhores aumentará mais ainda.



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