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13 abr 2012 - 8h35

Airton Cordeiro e a Síndrome de Regininha Poltergeist

Amigos, chega uma altura da vida que a gente olha pra bandalheira, e não sabe se fica irritado ou se morre de rir.

O ser humano é uma tragicomédia. Uns mais trágicos, uns mais cômicos, mas no fundo todo mundo é um misto de Madre Tereza de Calcutá com Dercy Gonçalves.

Li esses dias que – a ex-dançarina de Fausto Fawcett, capa de Playboy e atriz de filmes pornô – Regininha Poltergeist resolveu mudar de vida e entrou para a Igreja Bola de Neve.

O enredo não é novo: a biscate ganha rios de dinheiro enquanto dá (perdoem-me o trocadilho), depois se arrepende e vai a uma dessas igrejas atrás de conversão.

As biscates se arrependem, mas não devolvem o dinheiro que faturaram nos tempos de luz, câmera e salve-se quem puder!

Regininha Poltergeist fez assim: ganhou um belo troco com a putaria, encheu os bolsos e depois virou crente. Mas o dim-dim do capeta ela não devolveu, não. É o famoso ‘me engana que eu gosto!’. Boba a moça, não?

Falei da Regininha ‘a biscate do capeta que agora virou crente’, mas o seu proceder configura uma síndrome, eis que há tantas outras piranhas sofrendo do mesmo súbito arrependimento (Júlia Paes, Gretchen, Ronaldinha não sei das quantas, etc.).

É uma síndrome e parece que ela – em solo paranaense – atacou o Airton Cordeiro: o político arrependido que resolveu virar bom-moço.

Explico.

Há muito tempo, seu Airton Cordeiro nadava de braçada na política aqui da terra dos pinheirais. Como se sabe, o único homem-santo até hoje que se meteu em política nasceu morto e foi sepultado um dia após ter vindo ao planeta.

Seu Airton Cordeiro, deputado federal constituinte, vivia no(e do) poder e suas pegadas ainda devem estar marcando algum tapete macio da capital federal.

Ocorre que o seu Airton Cordeiro, que atualmente escreve seu Evangelho nas páginas da Gazeta, andou se arrependendo (ou se esquecendo)do tempo em que foi parlamentar (pra lamentar).

Hoje – só de ouvir falar em política – o Airton Cordeiro faz o Sinal-da-Cruz, tira do paletó uma garrafinha de uísque na qual carrega Água-Benta e salpica a cara com a Água, a fim de não se contaminar.

Tomou nojo da política, fala mal dos políticos, mas ganhou muito dim-dim com a famigerada e até hoje não se ouviu falar que o arrependido tivesse a intenção de devolver o belo troco que ganhou nos tempos em que vivia nas altas esferas do Legislativo.

Quem lê as colunas do Airton Cordeiro na Gazeta se sente diante de um Evangelista. O homem, todo dia, tem acrescentado um capítulo ao seu ‘Evangelho Segundo São Airton Cordeiro’.

Qualquer dia, ele encerrará o texto com a expressão ‘Palavras da Salvação!’ – e como hoje em dia não faltam trouxas, alguém haverá de responder ‘Graças a Deus!’.

E a santidade do Airton Cordeiro – o escorreito, o perfeito, o imaculado – é tanta que, dizem as más línguas, esses dias ele resolveu ir de Curitiba a Guaratuba.

Em certa altura da viagem – mais precisamente no momento em que é feita a travessia – interpelado pelo funcionário do ferryboat, Airton Cordeiro teria dispensado a barca. Segue o diálogo:

– Seu Airton, o senhor ficou maluco, foi? Não vai botar o carro no barco pra atravessar a Baía?

– Vou andando sobre as águas, meu filho!

– Mas, seu Airton, isso de andar sobre as águas é impossível!

– Ah é, homem de pouca fé? Então eu abrirei o Mar! Afinal, eu sou Airton Cordeiro – o puro, o ex-político, o Evangelista – e só não entro pra Igreja Bola de Neve, pois esse negócio de bola não me parece coisa de gente de bem!

O ser humano é uma tragicomédia, uns mais trágicos, uns mais cômicos, mas no fundo todo mundo é um misto de São Paulo Apóstolo com Paulo Maluf.

Pra finalizar, só entre mim e o Santo, umas perguntinhas de confessionário:

– Seu Airton Cordeiro, ou melhor, São Airton Cordeiro: se a Copa de 2014 fosse na Vila Capanema ou no Couto Pereira o seu Evangelho teria recheio bem diferente, não? Aí tudo estaria certo, tudo perfeito, legítimo e maravilhoso, certo? Mas como será na Arena da Baixada, no Estádio do Atlético Paranaense, Clube que o senhor sempre desrespeitou, aí não pode né? Será que esse ódio todo tem a ver com certa campanha para prefeito de Curitiba em 1988? Será que as raízes do seu ódio contra o Atlético Paranaense e contra o Mario Celso Petraglia não estão fincadas no solo da política?

O caboco pode até se arrepender do passado, pode até mudar o discurso, pode até fazer alguns poucos crédulos darem ouvidos às suas palavras, pode até posar de Santo.

Quem foi atriz pornô – por mais arrependida que esteja ou diga estar – nunca perderá a fama de biscate, como a Regininha Poltergeist (quem me dera o trocadilho fosse verdade!)

E QUEM FOI POLÍTICO…

Amigos, chega uma altura da vida que você olha pra certas coisas, e não sabe se fica irritado ou se morre de rir. Confesso: diante das colunas do Airton Cordeiro, não sei mais se me irrito ou se dou risada.

O ser humano é uma tragicomédia. E no fundo todo mundo é um misto de Madre Tereza de Calcutá com Dercy Gonçalves. De São Paulo Apóstolo com Paulo Maluf. De Armando Nogueira com Airton Cordeiro!



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