Carta à RPC
Caro Sr. Gil Rocha – Responsável pelo ‘Jornalismo’ Esportivo da RPC:
O presente email é um desabafo pelas reiteradas práticas parciais adotadas por esta respeitável rede de televisão em relação a jogos do Atlético Paranaense – em especial, a jogos realizados contra o rival da capital.
Já há muito, tenho observado um severo direcionamento nas transmissões dos jogos. Não se trata de discutir a arbitragem das partidas – fator determinante e que sempre vem em prejuízo do Atlético -, mas sim a postura de comentaristas, narradores e até mesmo dos câmeras das transmissões (ou de quem lhes passe as ordens). No entanto, no jogo de domingo ficou evidente a disparidade de tratamento que se dá para ambos os lados, de modo que não posso mais me calar.
Inicialmente, no lance que originou o primeiro gol, não se demonstrou o replay da imagem a partir do lançamento do zagueiro Emerson ao atacante Anderson Aquino – o que certamente demonstraria que o jogador se situava em posição irregular. Ao contrário, a transmissão procurou enfatizar as reclamações do técnico do Atlético (Juan Carrasco) e dos demais jogadores que integravam o banco. Pior: filmou o banco do rival verde, que protestava contra os questionamentos do Atlético, como que demonstrando a sua insatisfação pelo ‘excesso’ de reclamações do lado rubro negro. Enfim, além de não esclarecer a existência de impedimento (o que é no mínimo suspeito), procurou amenizar o foco da discussão.
Depois, em cada lance em que havia uma dividida de bola mais ríspida, procurou-se focalizar (de todos os lados possíveis) a imagem dos jogadores do Atlético, insinuando possíveis agressões que se teriam consumado contra o ‘injustiçado’ verde. No entanto, o mesmo não vale para o outro lado. A despeito de mostrar trezentas vezes o lance do equatoriano Guerron, deu-se muito pouco ênfase à entrada criminosa do meia Rafinha na lateral de campo sobre o lateral Héracles, bem como às insistentes reclamações do chato e acabado Tcheco. E o que é mais grave: num lance na lateral de campo protagonizado pelo lateral Jonas, que claramente agrediu no ar um jogador atleticano e foi advertido apenas com o cartão amarelo (pouco antes da falta que originou o gol de empate), novamente não houve sequer replay do lance.
Depois, a irregularidade flagrante no segundo gol do Coritiba, assinalado em clara posição de impedimento, não foi alvo de grandes repercussões. Enfim, ao comentarista DIDA, notório coxa-branca, o bandeira é muito bom quando denuncia a agressão de Guerron (como se Lucas Mendes fosse um santo), e isto não o afeta por conta do ‘pequeno’ erro em relação ao impedimento de Lincoln (bem à frente) e ao impedimento assinalado na primeira etapa em desfavor do Atlético quando o jogador estava atrás do zagueiro e sairia cara a cara com o goleiro. Enfim, os erros são sempre para um só lado.
O que se faz é criar uma verdadeira batalha desigual. O circo estava montado: estádio verde, torcida verde, arbitragem verde e até transmissão verde. Que festa, não? De acordo com a transmissão, parece que o Atlético era o inimigo, e que o ‘valente’ coritiba teria que superar essa ‘guerra’ para conseguir o segundo turno.
Sem dúvida nenhuma, são condutas como essa – chanceladas pela própria rede de televisão que detém os direitos de transmissão do campeonato – que cada vez mais instigam a violência.
O torcedor não fica tão incomodado em ser derrotado no campo, de modo idôneo e com informações claras e verdadeiras. O que causa rancor e ódio é a verdadeira edição que é realizada, com o fito de tornar o Atlético o ‘vilão’ do episódio.
Não há dúvida de que a vergonha do futebol paranaense não surgiu por conta dessa clara parcialidade da televisão. Desde sempre o Atlético tem de lutar contra Federação, arbitragem e todos os demais obstáculos postos à sua frente. O problema é que ao invés de ajudar, a TV tem se revelado um instrumento de prejuízos ainda maiores à instituição Atlético Paranaense e de benefício ao verde.
Se é pra ser assim, deveriam simplesmente cancelar a competição. Dar a taça de ‘campeão’ ao verde já em janeiro parece um bom negócio, já que fará a alegria de todos os envolvidos nessa organização.
E o pior é que amanhã, novamente, ninguém mais vai se lembrar de nada e fica tudo como está… E o Atlético segue sendo o vilão.
William Romero