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26 abr 2012 - 8h55

Do êxtase à amargura

Houve um tempo no futebol paranaense em que acreditei piamente que passaríamos a ter uma identidade própria, que não seríamos mais uma “colcha de retalhos” com as mais variadas torcidas, que a influência de São Paulo e Rio em boa parte do Paraná, exceto oeste, que figuram os times gaúchos, seriam gradualmente diminuídas, mais precisamente pelo encorpamento de nosso Furacão que vinha nos últimos dez anos numa ascendência espetacular. Era matéria obrigatória em toda imprensa nacional, com grandes times, CT de causar inveja, estádio maravilhoso e uma torcida que dispensa comentários. Aliás, até o Coxa e o Paraná se aproveitaram do vácuo e cresceram, pouco, mas é verdade.

Imaginava eu que não teríamos mais de ouvir o “imbecilóide” do Milton Neves dizer que a torcida do Corinthians era o dobro da nossa aqui no Paraná, numa clara tentativa de ofuscar o brilho da massa rubro-negra que dava sucessivos shows de vibração e alegria. No momento que convencíamos o Brasil, a América e um monte de jornalistas babacas, que éramos uma realidade, a coisa começou a travar. O desempenho dentro e fora de campo declinou-se vertiginosamente, como se alguém tivesse estabelecido que já era hora de voltar a ser o que éramos, ou seja, um clube que não tinha a expressão nacional que ainda temos.

A torcida tem sofrido muito nos últimos anos com times medíocres e diretores incompetentes que muitas vezes se postaram mais como donos de circo do que efetivamente dirigentes de futebol. Não precisa dizer que não ganhamos mais nada, se muito, experiência! Ouvir novamente o “amado” Milton Neves comentar: “…e o Atlético Paranaense, que um dia ameaçou ser grande, perdeu mais uma…” é doído! Mas o pior, como paranaense, é ver em Curitiba a “invasão de times de São Paulo e Rio, e nossas crianças arcando camisas do Santos, São Paulo, Flamengo etc., ver que os ídolos já não são os dos nossos clubes, é triste!

Éramos, até século XIX, a quinta Comarca de São Paulo e pelo visto agora estamos nos tornando o quintal futebolístico deles. Jamais imaginei que sintonizaria numa rádio (CBN), mesmo nos velhos tempos, em horário nobre (20h) e ouviria estritamente comentários de times do Rio, São Paulo. Ou mesmo em meio à semana, sábados e domingos, as rádios BandNews e Globo (AM/FM) transmitindo jogos de times de São Paulo e Rio, e principalmente a primeira, que só transmite jogos de times de times paulistas. Temos até filial do Corinthians aqui no Paraná, cujo dono é também proprietário de rádios e emissoras de TV aqui no estado. Ninguém fala dessa aberração manifesta, e quem deveria, que é a imprensa esportiva, é a primeira a se encolher – naturalmente imagina-se o porquê.

O “tiro de misericórdia” vêm com as inaugurações de lojas do Corinthians (“os mano”) em alguns dos principais shoppings de nossa cidade. Alguns podem pensar que é aversão a esses clubes, mas não é! Pergunto: isso aconteceria em São Paulo, Rio? E com a gauchada? Duvido! Desculpem, mas não podemos ser meros figurantes em nossa casa. Única certeza que tenho é que o errado não são eles.



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