Não perdemos o campeonato no domingo…
Eu tinha jurado não me importar!
Eu sabia que tudo estava estranho. Já vivi muitas decisões de campeonatos contra os coxinhas e ganhara algumas e perdera outras. Mas nesse domingo havia uma inquietação em meu coração. Não aquela de ansiedade para começar logo o jogo, mas uma inquietação de tristeza por saber que acontecesse o que acontecesse, nada seria produto de lógica ou mérito.
Não perdemos o campeonato no domingo. Quando fomos campeões brasileiros em 2001 foi uma surpresa tão grande, que não soubemos lidar com tudo aquilo. Até então éramos um Clube emergente, com uma torcida apaixonada, um excelente estádio, um moderno CT e sem dívidas. Éramos a contramão da história dos clubes brasileiros, inclusive do nosso maior rival. Poderíamos ter subido a alturas inimagináveis, mas já cometemos um erro logo após o título, deixamos de ir num programa de esportes que tinha visibilidade para todo o Brasil e não importa se a intenção do funesto apresentador era ibope, deveríamos ter nos preparado para o título, tendo um vídeo pronto apresentando a pujança do nosso Clube para todo o Brasil. Poderíamos ter tirado proveito daquele momento para alçar voos maiores. Mas o Clube era a cara do Petraglia e num ranço de arrogância e prepotência, ao se colocar num patamar muito acima da história, alavancou uma onde de rancor e ódio contra o nosso Clube. A partir de então começou uma campanha em toda a mídia contra nosso amado Furacão.
Se analisarmos friamente até então éramos uma surpresa. Tínhamos todo o direito sim de fazer aquela festa toda, mas não o direito de nos acharmos os melhores em tudo, como nossa diretoria falsamente alimentou nossos sonhos. Não sei o que aconteceu internamente…briga de poder e glória, talvez. O certo é que no momento mais importante de nossa história, o Clube rachou. Nos apequenamos de vez, pois se tivéssemos nos tornado grandes, não perderíamos de forma bisonha e infantil, o campeonato Brasileiro de 2004 e a Libertadores de 2005. Fomos juvenis mesmo, não aproveitamos nosso momento de crescimento meteórico, para fazermos politicagem junto a CBF e nos firmarmos no cenário esportivo nacional.
Até nosso título Brasileiro, éramos considerados um time simpático, que completava a tabela do Brasileirão. Quando nos tornamos grandes na aparência, chamamos demais a atenção dos outros clubes, passamos a ser referência em administração, estádio, CT, etc.
Porém ao invés de sermos grandes de fato e como tal, ratificar isso com mais títulos, nos comportamos como o novo rico, mal-educado, que é convidado para fazer parte do círculo vip da alta sociedade futebolística e sem sabermos direito como nos comportar passamos a dar vexame, um em cima do outro. Foi o escândalo da arbitragem, os negócios escusos com o Rentistas do Uruguai,a briga entre os Cardeais, perdemos títulos dentro da Baixada, as fotos idiotas do Pedro Oldoni (cadê a assessoria de imprensa) que nos valeram o apelido de poodles, o balé na Boca Maldita a desmontagem do mini estádio no CT do Cauú, traição em cima de traição entre a diretoria, o gramado ridículo da Arena se desmanchando, a demora em resolver a pendenga com o colégio expoente, e tantas outras coisas que ví, mas não posso citar porque não posso provar. Mas então eu pergunto, quem é o dono verdadeiro de jogadores como Bruno Costa, Renan Foguinho, Vinicius, Renan Rocha, Heracles, Pablo, que já provaram não ter a mínima condição técnica de jogarem no Furacão e se perpetuam entra ano sai ano. Só podem ter um padrinho muito forte, que diz que não entende nada de futebol, mas com certeza exige a escalação deles.
Domingo foi a prova definitiva que existe muita coisa errada e faz tempo. Houve uma época que se dizia ser a culpa do Leandro Niehues, que atrapalhava os treinadores. Bom ele já saiu faz tempo e muita coisa errada continua acontecendo.
Não entendo um clube que se diz moderno e que grava os jogos para depois corrigir as falhas, que coloca Guerrón para bater pênalti num momento decisivo. Guerrón aliás é um caso a parte. Ele se acha o craque do time e pensa que joga muito mais do que realmente joga. Vamos ser sinceros:
Guerrón é um bom jogador. Veloz, forte e decisivo muitas vezes. Porém ele não é inteligente, é muito mais reflexo do que visão de jogo. Tenta o mesmo drible exaustivamente quantas vezes ele achar que deve tentar, mesmo não ganhando nenhuma vez a jogada. Se ele pegar um lateral lento e sem reflexos, aí Guerrón deita e rola. Mas basta pegar um lateral bom marcador, acabou o futebol de Guerrón. Se realmente se analisasse os vídeos, Guerrón não bateria aquele pênalti, pois já vimos ele bater outros e convenhamos, ele sempre bateu mal.
Carrasco é outro que merece uma análise a parte. Nosso time sem dúvida, corre muito mais do que nos últimos 3 anos. E corre, e corre e luta, e perde e erra muito passe e corre, como corre. E morre no segundo tempo e aí para de correr. Se nosso técnico tem méritos de nos iludir, nos passando a segurança de que iria ser campeão, ele erra muito. É precipitado nas substituições e não enxerga o jogo.
No começo quando ele começou a mudar o time todo jogo, até pensei, bom ele está conhecendo os jogadores, testando, experimentando. Aí fazemos um partidaço contra o Cruzeiro e pensei, Carrasco encontrou o equilíbrio, achou seu time.
Chega o Atletiba e ele escala outro time, completamente diferente. Até concordo com a saída do Patrick. Mas ele mudou todos os setores, defesa, meio e ataque. Sabidamente Paulo Baier é um excelente batedor de pênalti, deveria ser preservado para isso, mas…
Outra coisa, já joguei de goleiro no juvenil do Furacão e treinava junto com o profissional em 1978 e 1979. Naquela época um dos nossos goleiros era nada mais nada menos que o Roberto, que depois ficou conhecido como Roberto Costa e foi Bola de Ouro como goleiro pela revista Placar. Roberto sempre dizia, no pênalti fica frio, a obrigação é do batedor, nós goleiros estamos em desvantagem, tanto pelo tamanho das traves como pela distância do chute. Então pênalti bem batido, nós nunca pegaremos. Então vamos esperar o pênalti mal batido e é esse que vai nos consagrar. São 5 oportunidades e pelo menos um deles está muito nervoso. Não se atire num canto, pois o batedor habilidoso percebe isso e joga no outro lado. Espere até o último instante para se mexer, isso pode causar dúvida no batedor e ele chutar errado, fraco ou chutar pata fora. Penalti em cima no alto, é impossível de pegar, mas a chance do batedor errar é grande, então eles vão na segurança, rasteiro no canto ou forte no meio do gol. Se você não se mexer a bola bate em você no meio e se o batedor ficar na dúvida chuta errado no canto.
Pois bem, usei esse conselho e peguei pênaltis em jogos do campeonato metropolitano da época. O Neto sabia disso e pegou alguns pênaltis, assim como o próprio Roberto Costa, o Marolla, Ricardo Pinto, mas o maior de todos foi o Régis do Paraná Clube, era mestre na arte de pegar pênalti mal batido. Infelizmente Rodolfo, Vinicius e Renan Rocha, já provaram que não sabem pegar pênalti, por isso perdemos ontem. Os coxinhas tem o Vanderlei e o Edson Bastos, pegadores eméritos de pênalti. Pergunta quem é o treinador de goleiros deles?
Alguns Atleticanos exaltados podem dizer que sou pessimista, mas enquanto tivermos um presidente destemperado que quer conseguir tudo na marra, estádio emprestado, arbitragem de fora, sem saber negociar e quando está na oposição fica fazendo terrorismo, iremos continuar sofrendo derrotas e mais derrotas. Seremos nós contra todos e isso alimenta a autofagia paranaense, e somente nós temos a perder.
Eu achava que os coxinhas levariam esse Paranaense na moleza, mas eles estão tão mal que o primeiro turno caiu no nosso colo e perdemos o segundo turno para nós mesmos, empatando bisonhamente com Roma e Corintinha. Se não fosse isso chegaríamos no Atlétiba do segundo turno na frente e os coxinhas jogariam pressionados.
Aí eu pergunto, qual foi nossa alegria nos últimos anos? Somente as quedas dos coxinhas para a série B. Isso é muito pouco para nossa enorme e apaixonada torcida.
Eu havia jurado não mais ficar triste e nem me importar, mas é impossível ficar indiferente quando vejo nossa camisa, nossa bandeira tremulando, nossa torcida gritando e aí eu me iludo, achando que dessa vez vamos ganhar, nem que seja na sorte…
Acaba a partida e mais uma derrota, olho para meu filho que está quase chorando… e ainda tenho que ouvir o ridículo do tcheco falando mal de nosso Clube. É demais e então tento esquecer que houve um jogo e que perdemos de novo para os coxinhas. Mesmo eles estando mal, conseguimos ser piores.
Agora é juntar os cacos. Tentar melhorar o que de bom temos e extirpar aquilo de ruim que só nos atrapalha. Encher nosso coração de esperança e torcer de novo na próxima partida, acreditando que dias melhores virão e que de novo verei no rosto de meu filho a alegria por mais um título do Furacão!