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25 maio 2012 - 16h43

O que é uma torcida?

Concordar ou não com Petráglia é direito de cada um. Mas há vários pontos que devemos discutir sem desmerecê-lo ou também superestimá-lo.

Com a perda do estadual e a quase iminente desclassificação na copa do Brasil, eis que surge a carta, por si só já atraiu foco, e atingiu boa parte de seus objetivos, sendo dois deles com certeza atingir os coxas e outro tirar o foco das derrotas do time.

Já é hábito criar um factóide “anti-atleticanismo” quando nos vemos em situações em que o futebol não responde a contento em campo. Esta carta, mesmo com teor racional, de direito e lógico, veio na esteira deste pensamento.

Não enfim, não escrevo isto com a intenção de apenas de criticar diretoria ou outros, mas sim convidá-los a pensar.

Moro no interior, hoje tenho uma visão melhor do futebol que quando mais garoto, e existem fatos, que eu gostaria de compartilhar, principalmente em relação a torcer de longe.

Fato é que queremos ser grandes também no interior do estado. Ocorre que os poucos torcedores nada podem fazer ao time além de sacrifícios financeiros. Fui sócio, me mudei para o interior a trabalho, rodei algumas cidades hoje vivo em Ponta Grossa. Não há planos de sócio do interior, o que inviabiliza a compra e quando vou a Curitiba com meu filho, não há (e não haverá) ingressos populares, inviabilizando a nossa ida ao estádio devido aos cuistos que um simples deslocamento gera.

Sei que nem todos os torcedores conseguem ir ao estádio, mas todos deveriam ter o direito de poder ir ao estádio.Vivemos num estado provinciano, como uma imprensa filiada a TVs de grandes centros, onde o nível de reportagens e cobertura dos times de fora é imensamente superior aos daqui em tempo de execução, quantidade e principalmente qualidade.

Lá fora dão foco e zoom nas torcidas, catequizam telespectadores com cânticos de times de Rio e Sp, e aqui as malham, as denigrem, são apenas baderneiros que falam palavrões. Conflitos e violências são criados antes de ocorrerem. Não convocam torcedores aos clássicos, e sim fazem reportagens de mega operações de guerra da polícia para conter vândalos, que são imensamente mais perigosos que os do resto do mundo.

Não promovemos o futebol, e sim apenas rivalidade.

Senhores dirigentes, sabemos dos esforços para se montar um grande elenco, sabemos que é difícil fazer futebol a nível nacional ganhando quotas 4 ou 5 vezes menores que times chamados grandes, sabemos o quanto é difícil e impossível agradar a todos.

Mas por favor, não esqueçam sua torcida.

Reflitam:
Somos entre 1 e 2 milhões de torcedores, e destes cerca de 9.000 estão indo aos jogos.

Isto está certo?

Mesmo na Baixada a média não era excepcional, principalmente em relação a comparecimento dos sócios adimplentes.

Comumente vemos diretores e conselheiros cobrarem mais participação, esforços, sacrifícios, mas será que não deveriam mudar o foco, abrir o leque para poder cobrar de mais gente, não somente daqueles que podem adquirir pacotes? Não se pensa em promoções em jogos de pequeno apelo? Será que não valeria a pena atrair o torcedor, ao invés de colocar preço único? Segundo declarações recentes, os ingressos aumentarão. Vide o fisco da final do paranaense.

Não questiono o valor do plano societário, apenas acho que deveriam haver outros. Deveriam promover o clube, e não isolá-lo à poucos sócios que são uma fonte de renda necessária, mas o bom e velho torcedor “comum” não deve ser excluído da vida do clube.
Acho soimplesmente errado tornar o modelo de sócio o modelo único de comparecimento.

Já está mais do que na hora de medir o que está acontecendo, há de se pesar se financeiramente se este fardo de afastar torcedores vale a pena de fato.

É hora de fazer algo diferente do que fez a gestão anterior. Talvez lembrar que atrás de um grande clube existe uma grande torcida. É preciso convidá-la (toda)a entrar no clube. Feito isto, ela dará retorno.

Torcer pro CAP longe de Curitiba não tem sido fácil, em vários sentidos.



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