Há tempos não passo por este espaço de comunicação, como também não tenho acompanhado as mídias relacionadas ao Clube. Motivos a serem colocados vêm aos montes, com uma rápida tomada de ação, qualquer Atleticano logo desfere qualquer resposta que possa dar conta de explicar a atual conjuntura do AMADO Clube Atlético Paranaense. Porém ‘Eu’, não consigo mais encontrar alguma explicação que possa ser estabelecido um critério minimamente lógico, racional.

Não sou uma pessoa que se move em direção da “ação racional em relação aos fins” (fui chamado de irracional ao expor uma crítica que fiz a torcida única no segundo clássico), muito menos, quando se trata de ‘amor’ a um Clube que tem sua filosofia fundamentada no ‘lucro’, ‘aquisição de propriedades’ e outras formas de “acumulação de capital” que nem sempre são vistos por mim. Como um valor a ser reproduzido em nossa sociedade.

Não estou querendo levantar uma condição messiânica, de minha parte, ou por parte do próprio Clube. Quem vai ao Atlético-pr em busca de ‘redenção’, ‘salvação’, ou qualquer outra forma de busca egoísta de satisfação pessoal, está no lugar errado. A racionalidade me fez romper com as múltiplas influencias religiosas a qual estive inserido, durante minha trajetória de vida, mas o Amor incondicional ao Furacão, não esteve em momento algum sob risco de ser esvaído de meus sentimentos. Ser Atleticano não é esperar algo em troca, mas sim, querer ver aquilo que foi transmitido com ‘honra e tradição’, estar no lugar onde aqueles que desejaram dividir comigo este sentimento, nunca puderam ver antes.

Com certeza, a segunda divisão não é este lugar que nós Atleticanos desejaríamos ver aqueles que já se foram, mas que sempre foram indivíduos honrados pelo privilégio de ser Atleticano. Sofrendo derrotas ridículas, sendo humilhado pelos quatro cantos do Brasil. Chegando ao ponto de ser ironizado como um clube que não conseguiu sair do propósito modernista do inicio do milênio, que nunca conseguiu ganhar nada além do Brasileirão de 2001, pela incapacidade de perceber que o futebol brasileiro estava mudando.

Mas, por quê? Será o CAP, é o reflexo da “Condição Pós-Moderna” em que supostamente encontramos a sociedade humana na atualidade? Ou será existe outra razão que seja próprio a explicitar a condição do nosso Furacão? – – Creio que nada possa explicar o que estamos vivendo e sentindo.

Os pensadores da atualidade apontam para que a Pós-Modernidade, é o estagio em que, todo o propósito humanístico, e posteriormente nacionalista da Modernidade, se esvai em detrimento das múltiplas identidades que podemos encontrar na sociedade Contemporânea. Será que não é isto o mal do Atlético Paranaense? Vivemos um terrível momento de ruptura com nossa identidade? Esquecemos de prestigiar as “glórias do passado”, não temos, mas “feitos no presente”, e o “coração Atleticano” não está apenas voltado para estes dois propósitos, como clama o mais bonito hino do futebol brasileiro.

Não existe ideal de união e fraternidade em nenhuma das partes do Clube, as elites dirigentes se engalfinham como se estivessem em jogo pessoal de prestígio (o que não deixa de ser verdade), as torcidas, ou a torcida, já não sei se existe, uma, duas, ou três torcidas no Atlético, não consegue deixar de lado seus propósitos econômicos, esquecendo que a finalidade da existência destas instituições atrelada ao Clube, é unicamente e exclusivamente apoiar e fazer festa nas arquibancadas em vista da valorização do histórico de apoio ao CAP vindo das arquibancadas. Sem esquecer que estas instituições também estão atreladas a estas elites que lutam pelo prestígio político e econômico do Furacão, os dirigentes proibir instrumentos faixas ou adereços já é uma traição a tradição nas arquibancadas, proibir bandeiras de mão aos populares, não pertencentes às organizadas é uma falta de sensatez, e restringir a entrada de outras torcidas que não aquela apoiadora da chapa de situação é uma ‘puta sacanagem’ com a história do Atlético. (com todo meu respeito e orgulho da TOF, pensem se fosse o contrário, qual seria a sua reação? Com certeza eu seria um dos primeiros a me mobilizar contrário a este ato, mas não posso fazer o contrário, pois assumir uma postura contrária a alguém hoje, se revela logo um inimigo e não um descontente).

Outro fator é a incapacidade dos populares se organizarem contra os abusos, e desmandos que ocorrem no Furacão. Cadê um mísero movimento contrário a estas medidas: Aumento no valor do ingresso? Ausência de planos de sócio para as classes ‘menos favorecidas’ economicamente? É justo um funcionário da Cavo a exemplo, pagar o mesmo valor no ingresso e no plano de sócio que um dirigente executivo, empresário ou algo que os coloque em uma condição mais privilegiada na cadeia econômica? É justo o Clube criar um espaço como o Fala em seu site oficial, excluindo a participação dos não sócios? Acredito que a resposta seja apenas uma NÃO.

Por isto, acredito que estamos sendo afetados pela condição Pós-Moderna, não temos a capacidade organizacional, a não ser por parte de algumas minorias organizadas. Nossa massa encontra-se feito estanque, não vendo motivo para a movimentação, pois por quê? ‘Os jogadores são um bando de mercenários, a diretoria só quer saber de tijolo, dinheiro ou algo parecido, a torcida já não cativa mais, pelo autoritarismo nas ações’. Vou gastar meu dinheiro lá por quê?

A razão nos fez vitimas do próprio propósito racional, não somos mais nada, a não ser um bando de frouxos, vendo um Clube se esvair em seus orgulhos passados, que já foram superados (que não são títulos). Os mesmos renegados de outrora, que foram colocados para fora da Baixada por não estarem dentro dos ‘padrões’ permitido, ou por não ter condições de pagar os valores abusivos do ingresso ou plano de sócio, devem criar uma frente de mobilização para acabar com estes abusos. Devemos fugir a fragmentação da Pós-Modernidade, ressaltar as vitórias do passado, para obter os feitos do presente, como um único coração, O ATLETICANO!

Nem eu sei, por que eu não fico em casa!