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24 jul 2012 - 11h33

Uréia no copo…

Ou: “Se foi Baier, foi excelente”.

O profissionalismo integral de Paulo Baier beira a excentricidade. Algo que assusta a muitos, passivamente acostumados a ver em campo boleiros tão comuns, tal qual se vê a revoada de periquitas do ESTAR pelas calçadas da capital necrológica: todas iguais, todos iguais. Porque as noites são todas iguais, disse o Dinho.

Tanto que já foram capazes de elevar a ídolos gente como Danilo, Alan Bahia, Chico, Rafael Moura, David, Manoel e por aí vai. Uns, são alquimistas errantes, pois confundem a mansa “prata da casa” com ouro 19 quilates. Outros, são mulheres de malandro, pois acham que o menos pior que temos é aquilo que precisamos ou merecemos. Na verdade, é o que nos basta para sustentarmos longinquamente o paradoxo estrutura X títulos, o que, mesmo sendo bizarro, agrada a alguns. Porque começar o ano com Bruno Mineiro, e ainda dizer que isto é planejamento, é ter certeza absoluta de que a Torcida é formada por um bando de idiotas.

E o espanto, feito o tempo, não pára: foge às 4 linhas e permeia-se principalmente entre diretores, conselheiros e comichões. Mas medo de quê, afinal?

Medo diante de um ÍDOLO verdadeiro. Não estes falsos ídolos construídos a la Naya pelos departamentos do Clube, pelos empresários amadores, pela imprensa esportiva prostituída ou por torcedores ignorantes do assunto Futebol.

O penúltimo ÍDOLO a passar por aqui foi Geninho. Nem todos viram a rasteira dada literalmente pelas costas (com Adilson na arquibancada) que ele levou de alguns dos integrantes da Chapa da Vitória (com “outra roupagem’ pois só mudou a cor das gravatas), a ideologia dominante que jamais conseguirá – ao menos para mim – convencer que houve “divisão política”, “oposição” e coisas do gênero.

Agora, estão prestes a se desfazer do último ÍDOLO. Este, que outrora disse em alto e bom som (na saída do último jogo do ano passado) que iria permanecer no Atlético para ajudar no retorno à divisão principal. Um cara que joga sozinho, pois não tem com quem fazer dois toques porque os outros não sabem matar uma bola, não tem pra quem lançar porque os outros não sabem conduzir uma bola, não tem pra quem cruzar porque os outros não sabem destinar uma bola e não tem de quem receber porque os outros não sabem passar uma bola. Por isso notabilizou-se pelas bolas paradas, por independer dos outros neste fundamento, os outros que são completamente destituídos de qualquer fundamento. Tivesse gente à altura para jogar junto, ganharia placa na Arena. Um cara com 37 anos que ainda faz gol de carrinho dentro da pequena área. Um cara que vibra de verdade quando marca gol. Um cara que nos livrou do rebaixamento praticamente sozinho em 2009. Um dos 3 melhores batedores de falta do país. Ninguém reconhece isso.

Mas não. Ele assusta. E principalmente por isso é que ele vai embora. A continuidade de seu trabalho no CAP sofreu solução. Aqui viu estrutura e pensava que o negócio era sério, queria permanecer ao menos numa função relacionada ao Departamento de Futebol, depois de atleta na ativa, ao fim de 2012. Aí vieram os falsos geriatras dizendo que ele é velho, os falsos funcionários da Receita dizendo que ele é aposentado, os falsos jornalistas dizendo que ele não agüenta o tempo todo, os falsos técnicos dizendo que ele não serve mais para o esquema de jogo, como se nos últimos 7 anos tivéssemos tido (desculpa, prof. Rafael) um esquema. Zés Ninguém ‘exercendo’ outras profissões que não a sua. É o juiz que mora dentro de nós, ávido por sentenciar o alheio, condenando sem ampla defesa nem contraditório, pessoas aptas como se já não fossem mais pessoas. É o caminho mais fácil, do que assumir os inumeráveis erros grosseiros, respectivas omissões e sobretudo os interesses de empresários incompetentes e incapazes.

Sem ÍDOLOS, é muito mais fácil manipular os empregados, os sócios, a imprensa, a Torcida e o que vier pela frente. O ÍDOLO ocupa um espaço no coração, tal a identidade dele com o Clube, tal a confiança que nele depositamos, tal a correspondência que sentimos em campo. Infelizmente, nesse esporte a cada jogo tem outras 10 camisas apenas com números nas costas, vestidas sem amor no peito. E fora de campo algo em torno disso, usando paletós, com números nos bolsos. Poucos indivíduos, individualistas ao extremo, que tentam recuperar o espaço perdido, como se as funções fossem as mesmas. Mas em nós há uma hierarquia. Uma pirâmide imaginária onde Paulo Baier estava no topo. Interesses escusos irão removê-lo do Atlético, mas não de nós. Mas NADA VAI MUDAR. Porque há 7 anos, nossa norma hipotética fundamental NÃO É A COMPETITIVIDADE.

Dois motivos para a saída do último ÍDOLO. O primeiro, a ausência da companhia de atletas íntegros, atletas do mesmo nível/altura de sua categoria. O segundo, a necessidade de se retomar espaço perdido na consciência do Torcedor. O mínimo que deveriam ter feito, seria convidá-lo para ficar. Porque Paulo Baier tem caráter. Caráter é como profissionalismo: assusta. Tcheco, que não tem, será convidado. Inversão de valores, desrespeito, humilhação. Coisa de quem detém o Poder. Poder suficiente para enganar os que concordam que recomeçar o ano em agosto é algo natural, normal e moral.

Saiba, Paulo Baier, que você ficou em nossa história. Sem mancha alguma, pois o rebaixamento foi uma meta perseguida desde 2006 pela Chapa da Vitória, ora cara, ora coroa, mas sempre a mesmíssima moeda. Moeda que não vimos a cor, pois não se traduz em conquistas de campeonatos. Isso, MOEDA, é a razão de ser da coisa, a justificativa do CT, da Arena e da Copa. Para tanto, não podemos ter ÍDOLOS. Ninguém pode brilhar mais do que o Poder. Analogamente, você é o político honesto no cenário nacional.

Vai com Deus, Paulo Baier. Você não encerrará sua carreira num Clube grande. A Portuguesa, é um grande Clube…

Fim da era Baier, reinício da proliferação dos insetos sanguessugas do Clube Atlético Paranaense. Retorno ao estado de natureza, natureza co-adjuvante, só para cumprir tabelas.

Que cada um valha-se da sua concepção do que signifique “paradigma do tamanho”: supere-o, ou deixe-o.

ps: que a Furacao.com corrija a notícia veiculada aqui: não é “O ATLÉTICO que não tem mais interesse de ampliar o vínculo com o meia”, e sim a sua DIREÇÃO que não quer isso: simplesmente, porque a direção do CAP NÃO É O ATLÉTICO!!!! A DIREÇÃO do CAP, acabou com a mística da Arena. Acabou com a competitividade. Acabou com a conquista de títulos. Acabou com o Torcedor não-sócio. E continua acabando com os nossos raros ÍDOLOS…isso é que é ser gigante: acabar com coisas imensuráveis.



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