Baixada, a Casa do Atlético
É claro que não estamos exalando contentamento e confiança no time de futebol do Atlético, que estamos numa situação no mínimo complicada da nossa história, mas ver a Baixada sendo concluída, é algo espetacular.
Vale aqui uma viagem no tempo:
Acho que nasci atleticano, mas para efeitos práticos foi meu pai que me ensinou a ser. A primeira lembrança que tenho da vida de atleticano é o título paranaense de 1988. Num sábado gelado, meu pai chegou em casa com a faixa de campeão e vesti aquilo com autoridade como se tivesse jogado contra o Pinheiros, até hoje ele tem a mesma guardada a sete chaves.
Passados alguns anos, a primeira vez que fui num estádio foi no Pinheirão, não me lembro contra quem foi, mas lembro muito do Brasileiro da Série B de 1990, jogo contra Catuense, que tinha a camisa igual a da Seleção Alemã, o que me deixou pasmo. O cheiro daquele estádio era um misto de cigarro, pipoca e urina, já que lá, qualquer beco era mictório e dada a rara presença feminina na época, era comum a urinagem em locais não tão reservados, os banheiros existiam, mas pareciam calabouços e era difícil achar um.
Lembro das placas de publicidade do Banestado, e outras, que cobriam muitas vezes a visão principalmente do gol que ficava do lado de onde se assistia o jogo, e tinha que ficar atento pra ver se a bola tinha balançado a rede mesmo. Lembro dos bancos de madeira inteiros que tinham na área do sol, onde ficavam os fanáticos, cara era difícil não tropeçar, mais ainda pra mim que insistia em fica pulando aquilo de uma fileira pra outra. Ficava intrigado com a saída da ambulância. Achava fantástico a parte das sociais, e sonhava em ver tudo aquilo contornar o estádio inteiro, lembro também dos degraus das arquibancadas atrás dos gols eram extensos, do cara anunciando os gols: Jeferson automóveis informa: no Beira-Rio, gol do inter, agora inter 1, São Paulo 0.
Na época todo mundo falava mal do pinheirão: era muito longe, era ruim pra ver o jogo, como ficava perto de casa, e como a minha casa era o centro do universo, falava pra mim mesmo, não é ruim não é legal lá…haha, com 8,9 anos, minha inocência não permitia detectar que o Pinheirão era….todos sabem qual palavra que viria na sequência.
Fui na baixada antiga antes da empreitada do Farinhaque, e na do Farinha também, achava um espetáculo o CAP que tinha na entrada do estádio ao lado do ginásio, as sociais onde hoje é o setor Getúlio Vargas era uma área realmente VIP, pois como nunca ia lá, o dia que liberaram a entrada e fui com meu pai, achei uma das experiências mais alucinantes da minha vida até então de 12 anos, me vem a memória muito um jogo contra o União Bandeirante que perdemos por 2 a 0, aquilo foi difícil de superar.
Vi o Atlético campeão da Série B em 95 lá, invadi o gramado com meu pai, tinha o placar escrito visitante e era alterado conforme os gols ir acontecendo por uma carinha, houve a época das tubulares quem não se lembra?, enfim, passamos por tudo isso, pra nós era bom, mas quando a Arena da Baixada foi inaugurada todos nós enchemos o peito de orgulho e temos até hoje, tivemos que conviver é claro, com a ressalva da conclusão.
Um parênteses aqui: estava com meu pai no Pinheirão, numa segunda-feira a noite no ano de 1997, num jogo contra o Paraná, quando o Petraglia anunciou que o Atlético havia comprado o terreno do colégio expoente e o estádio iria abranger todo aquele espaço. O jogo: 3×1 para o Atlético com show de Paulo Rink e Oséas.
Só que essa conclusão ficou pra 2004, 2007, 2012….e só agora vemos os pilares do setor da Brasílio sendo levantados, assim entendo que temos que nos sentir satisfeitos e contentes ao menos com isso, já que o time não nos empolga mais, também sabemos a falta que um certo jogador com o belo nome de Joaquim Américo Guimarães faz para o time.
É isso meus caros, finalmente, o sonho da arena da baixada completa está se realizando, o time é muito importante nesse momento claro, mas o que está acontecendo com a Arena também é, principalmente para todos aqueles que como eu, sabem bem o sentido que as linhas acima expressam, pois, daqui três, quatro anos ninguém vai lembrar TANTO em que divisão estava o Atlético em 2012, porém, o templo da paixão eterna, estará lá abrigando e ajudando time e torcida, quando tenho certeza que a mística da Baixada será reativada, e a consequência natural é que o time voltará a ser um Furacão.