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19 mar 2013 - 8h32

Deus, muda o deus daqui!

Quer queiram ou não, gostem ou deixem de gostar, num dia qualquer as pontes serão rebaixadas, o fosso será ultrapassado, as pesadas portas da entrada se abrirão, as cornetas tocarão, e adentraremos à Arena da Baixada, e aí então teremos construído o mais belo castelo particular, só nosso. O custo do castelo? Não sei, ninguém sabe, posso calcular apenas a quantidade de sangue derramado para que pudéssemos viver esse momento maravilhoso que, com certeza, virá.

Ser atleticano e continuar sendo atleticano, é uma tarefa para poucos. Estamos sem casa há algum tempo, temos perambulado pelos mais diversos campos, temos sido tratados como mendigos em busca de um teto para nos abrigar, temos lutado contra tudo e contra todos, os céus conspiram contra o projeto da Arena da Baixada, e mesmo assim, apesar de todo esse cenário catastrófico, aqui estamos nós, não arredamos o pé do barco.

Que força estranha é essa que nos move, que nos impulsiona a não abandonar o barco? Qualquer outro time que passasse por tudo que vivemos hoje, ver-se-ia abandonado, e no entanto, aqui estamos nós. Paradoxalmente, passa-nos a impressão de que quão maior seja o nosso sofrer, mais nos apegamos ao objeto amado, jeito maluco de sermos. O Atlético Paranaense é um belo mistério a ser desvendado, porém de impossível resolução. O Atlético Paranaense é o que é, impossível entendê-lo de outra forma.

Se me perguntassem se estou feliz com toda essa situação, eu responderia que não, estou extremamente desgostoso, mais desgostoso ainda quando descubro que não há qualquer condição de ser diferente. Se correr o bicho pega, e se ficar o bicho vai, ou poderá ficar bom.

Nos primeiros anos do cristianismo, os cristão eram perseguidos, mortos, jogados em tachos grandes cheios de azeite fervente, e mesmo assim, lá estavam eles, continuavam fieis, convictos, sem medo de serem queimados, porque sabiam eles que havia uma recompensa maior a lhes esperar, o céu era o objetivo dos cristãos, a certeza de irem para junto de Deus mantinha-os em suas tarefas.

O que tem isso a ver com os tempos atuais vividos pelo Atlético Paranaense? Heresia, comparar atleticanos com os cristãos de antigamente, mesmo porque o Deus deles era real, verdadeiro, enquanto o deus dos atleticanos é mortal, cheio de defeitos, porém também capaz de realizar grandes feitos.

A nação atleticana precisa que o projeto da Arena da Baixada seja concluída. Não há outra saída, quer queiram ou não, gostem ou não, o futuro do Atlético Paranaense passa pela construção da Arena da Baixada. Mesmo não tendo a obstinação – que deveria ter – dos cristão de antigamente, eu me rendo à realidade: dependemos do término da Arena da Baixada.

Se pudesse falar com o deus dos atleticanos, eu lhe pediria para atenuar o sofrimento do seu povo – sofrido – enquanto conclui sua tarefa. Como o deus atleticano poderia diminuir a dor do seu povo? Os reis de antigamente distribuíam pão e circo ao povo, os reis de agora retiram o pão e o circo do povo. Só o que o povo quer, apesar de todo o sofrimento já investido, é ser feliz, só o que o povo quer é voltar a sorrir. Cabe ao rei atender ao pedido do seu povo, sob pena de ser retirado do seu trono terrestre na primeira oportunidade.



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