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20 ago 2013 - 16h54

As coisas vão mudar

Artigo publicada em 8 de setembro de 1998, há 11 anos, quando a Folha de S. Paulo ainda era impressa em papiro. Autor: José Roberto Torero. Qualquer semelhança com o CAP atual é verdadeira… sabia que um dia iria usar!

Ao texto:

As coisas vão mudar
Autor: José Roberto Torero (Folha de S. Paulo)

‘A vida é uma gangorra’. Não tenho certeza se essa frase é de Sartre, Nietzsche ou de Bruna, minha vizinha de três anos. Mas não faz mal, de qualquer jeito há muita sabedoria nessas palavras.

A vida é realmente cheia de altos e baixos, e quem está por cima sempre pode cair. Ou vice-versa. Há até mesmo uma lenda sobre o assunto, que, como tenho certeza de que as leitoras dessa coluna apreciarão um estilo meio Paulo Coelho, vou colocar aqui:

Era uma vez um jovem príncipe e um sábio. Quando o jovem príncipe completou 20 anos, todos os habitantes do reino lhe deram presentes. A maioria deu ouro e jóias, mas o sábio, como não tinha posses, deu ao príncipe apenas uma bolinha de papel e disse: ‘Esse é um papel mágico. Quando precisar, abra-o e leia-o, e ele dirá o que vossa majestade precisa saber’.

Os anos passaram, o príncipe virou rei e entrou numa guerra contra um sultão. Quando estava perdendo uma importante batalha, ele lembrou-se da bolinha de papel. Sempre a trazia e desembrulho-a com pressa. Só então leu o que estava escrito: ‘As coisas vão mudar’. A frase deixou-o animado, porque ele pensou: ‘Se estamos perdendo e as coisas vão mudar, é porque vamos vencer’. Então, colocou sua armadura, chamou seus principais guerreiros e voltou à guerra com mais ânimo. E, depois de regar aquelas terras com sangue, venceu a luta. Na volta, em agradecimento, o rei mandou que dessem ao sábio o seu peso em ouro.

Os anos passaram e o reino ia próspero e feliz. Um belo dia, porém, o rei lembrou-se do papelzinho e disse para si mesmo: ‘Quero ver qual a mensagem que o papel mágico tem para mim agora. Deve ser algo como ‘Tu és o maior’, ou ‘Serás sempre feliz”.

Mas quando abriu o papel estava escrito apenas: ‘As coisas vão mudar’. Então pensou: ‘Se está tudo tão perfeito e as coisas vão mudar, é porque tudo ficará pior’. Ele ficou possesso, como um Almir Pernambuquinho, e mandou que cortassem a cabeça do sábio.

Os anos passaram e o reino caiu em desgraça. As colheitas não foram boas, e foram perdidas muitas batalhas. O rei, já velho, abriu novamente o papel e leu a frase mágica: ‘As coisas vão mudar’. E só então ele entendeu que tudo muda o tempo todo e que a única coisa que não muda é o fato de tudo estar sempre mudando. Aí, ele deu um último sorriso e morreu em paz.

Está bem, é uma historinha imbecil, mas, olhando a rodada do final de semana do Campeonato Brasileiro, vê-se que ela tem um fundo de verdade. O líder do campeonato, que nunca tinha perdido, perdeu, e o lanterninha, que nunca tinha vencido, venceu. Isso sem falar do Fluminense, que finalmente ganhou. E Viola, que já era um semideus para a torcida santista, foi vaiado. E o Atlético-MG venceu pela primeira vez na gestão de Carlos Alberto Torres. E o Bragantino finalmente ganhou em casa. E, atravessando o Atlântico, a poderosa Espanha perdeu para Chipre.

Enfim, como disse Sartre, Nietzsche ou Bruninha, ‘a vida é uma gangorra’.



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