Gestão x Paixão
Outro ano chegando ao fim e mais uma vez se acaloram os debates sobre os rumos que o Atlético tem tomado.
Entendo o clamor da nossa apaixonada torcida pela renovação do Paulo Baier, pela compra em definitivo do meia Everton e do Léo. Também partilho das mesmas preocupações de alguns torcedores em relação à forma que a FUNCAP foi aprovada pelo Conselho Deliberativo do Clube.
No entanto, penso que a função de uma diretoria seja a de administrar o Clube de forma profissional. A paixão, por outro lado, cabe a nós torcedores e muitas vezes nos cega.
Quando o Clube anunciou uma pré temporada mais extensa, muitos foram contrários a ela. Alguns chegaram a dizer que era um absurdo abrir mão do único título que se poderia garantir em 2013. Se os torcedores fossem ouvidos naquele momento, talvez o sonho de disputar outra libertadores da América e chegar as finais da Copa do Brasil fosse engolido pela falta de planejamento.
Quanto ao Paulo Baier penso que seria bom para o clube renovar o contrato do nosso maestro. Acontece que a pedida salarial foi completamente despropositada. Pelo que ouvi, a diretoria teria combinado que depois do termino do campeonato o contrato seria discutido. E que o Paulo Baier, se aproveitando do clamor da nossa torcida teria pedido um salário de 140 mil reais. A proposta teria sido encaminhada ao Conselho Deliberativo e prontamente rejeitada. Ora, se essa informação estiver certa, então a diretoria agiu em nome dos interesses do Clube. Não é admissível pagar tal valor a um jogador em final de carreira. Afinal, quem administra os recursos do CAP não pode dispor do dinheiro do clube por compaixão e clamor popular. Devemos lembrar sempre que o Atlético é maior do que qualquer jogador.
Sobre a possível contratação do Everton e do Léo, penso que apenas o segundo seja fundamental. Gosto do futebol do Everton, como muitos dizem, é o motorzinho do time. No entanto, cinco milhões de reais é um valor fora da realidade para um jogador que durante todo o campeonato fez quatro assistências e três gols. Acho muito pouco pelo valor que nos foi pedido. A diretoria deve pensar em como administrar bem os recursos do Clube. Antes fôssemos um Barcelona ou um Manchester City. Não somos, devemos pesar os prós e os contras.
Ao que parece o Atlético está de olho no mercado sul-americano. Como em 2014 cada time poderá levar a campo até cinco jogadores estrangeiros, entendo que boas novidades virão.
Sobre a Funcap. Bom, não tenho pleno conhecimento do assunto. Pelo que ouvi, seria uma Fundação independente do clube que serviria para atrair investimentos em projetos sociais e resguardar algumas áreas do clube, a princípio, as escolinhas. Alguns pontos são bem obscuros e a aprovação do estatuto não ocorreu da melhor maneira. Ainda assim, prefiro dar um voto de confiança. Os responsáveis pela Funcap são os mesmos que durante todos esses anos só engrandeceram o Clube. Não posso imaginar alguma má intenção por parte dos integrantes dessa diretoria. O clube é reconhecidamente o mais seguro e mais bem administrado do país. Nunca podemos nos esquecer de onde viemos. E jamais podemos esquecer que clubes considerados grandes, com recursos que nós não temos, afundam cada vez mais em suas administrações amadoras.
Por fim, deixo a sugestão para que os amigos do “Fala, Atleticano” assistam ao documentário sobre o Rangers F.C que tem passado constantemente nos canais ESPN. É assustador constatar o que uma péssima administração pode fazer a um clube de tradição centenária e com uma torcida das mais apaixonadas.