A morte do meu ‘Atrético’
Tô me sentindo órfão do futebol. Com o massacre que sofremos na última Copa do Mundo e com os últimos, penúltimos e antepenúltimos acontecimentos com o Atlético, sinto um vazio que não pode ser preenchido por outro esporte, um novo hobby ou uma nova paixão. Seleção brasileira à parte, minha preocupação está na eminente morte do meu Atlético.
A morte do meu Atlético começa pela insistência em chamá-lo de CAP, numa estratégia de marketing burra, sem sentido e de quem não é atleticano de verdade. Ora, nós somos Atlético e não importa se existem outras dezenas de homônimos Brasil afora. Minha noiva se chama Bruna e não preciso inventar uma sigla para identificá-la em meio a outras ‘brunas’.
A morte do meu Atlético acontece quando vou a um estádio com um banner azul e cercado de 50 tons de cinza por fora e por dentro. Um estádio frio, que não impõem pressão e que, nem de longe, se parece com a velha Arena (que de velha nada tinha) ou com a Baixada dos eucaliptos, do pão com bife e do tobogã. Um estádio padrão FIFA mas que está longe de ser padrão Caldeirão.
A morte do meu Atlético prossegue com a lenta e gradual tentativa de elitização de um espaço que, por direito histórico, pertence ao povão atleticano. Vá a um jogo e ache negros e pardos. Nosso estádio está branco de olhos azuis. Vá a um jogo e faça uma pesquisa de renda. Aliás, nem precisa disso, pensa comigo: qual parcela da população que pode dispor de R$100,00 ou R$150,00 por mês para ir a um jogo de futebol? Qual parcela da população pode pagar R$150,00 num ingresso avulso? Além do custo do ingresso, temos o deslocamento até o estádio, os comes e bebês, entre outros custos que SIM fazem a diferença no final do mês para a maioria da população das classes D e E onde, queira nossa diretoria ou não, concentra-se grande parte de atleticanos que deixaram de frequentar nosso estádio. Qual será o reflexo disso no futuro?
A morte do meu Atlético se estende ao campo de jogo. Onde estão meus ídolos? Onde estão os jogadores que comiam a grama para vestir nossa camisa? Muitos jogadores estão entrando em campo pelo bom relacionamento de seus empresários com nossa direção. Transformaram o meu Atlético em balcão de negócios. Isso se reflete na presença de moleques, sem experiência e com alguma qualidade, em TODOS os setores do campo. Hora, se um time, seja ele qual for, tiver um pouco de inteligência irá jogar contra o Atlético esperando no campo de defesa e se fizer um gol então, aí que a festa está armada pois nosso time entra em desespero.
A morte do meu Atlético se completa quando uma diretoria que se diz atleticana, tira sarro e xinga torcedores. Ri e desdenha de quem é contra às suas ideias. No fim do ano espero que esse desdém acabe. Minha sugestão: a revolução começa por aqui, neste espaço. Tenho certeza que aqui no Fala têm atleticanos com a capacidade de montar uma chapa e gerir um clube. Montemos a oposição.
Estão matando meu Atlético. Vamos lutar contra isso ou vamos aceitar o golpe final?