28 abr 2016 - 14h45

Atletibas memoráveis: a vitória da raça em 1945

Nos dias que antecedem a final do Campeonato Paranaense 2016, a Furacao.com conta a história das principais decisões do Estadual na série "Atletibas memoráveis".

Hoje é dia de relembrar os Atletibas decisivos de 1945. A base do time foi mantida: Caju no gol, Zanetti na defesa, Nilo e Joaquim no centro e Lilo no ataque. Para reforçar o time, veio o centroavante Guará, um autêntico goleador. E a equipe ainda contou com jovens valores formados nos times de baixo e que fariam história com a camisa rubro-negra: o médio Lolô, o meia Jackson e o ponta-esquerda Cireno. A campanha foi sensacional. Foram 11 vitórias, apenas duas derrotas e 42 gols marcados em 15 jogos. Sem dúvida, o prenúncio do Furacão que viria quatro anos mais tarde.

Desta vez, o resultado foi invertido em relação ao campeonato de 43: o Atlético venceu o primeiro turno e o Coritiba, o segundo. O primeiro jogo da final foi realizado no Belfort Duarte, campo do Coritiba. Jackson marcou para o Atlético, mas o adversário venceu por 2 a 1. Contam os jornais da época que o goleiro Caju teve uma atuação extraordinária e impediu uma derrota por diferença superior.

O segundo jogo, realizado na Baixada, foi um dos Atletibas mais importantes de toda a história. Em uma partida emocionante, o Atlético venceu por 5 a 4. Com trinta minutos de jogo, o Rubro-Negro já vencia por 3 a 0, com gols de Guará, Cireno e Lilo. Seria uma goleada impiedosa não fosse a atuação do árbitro Cuka (não por acaso, um ex-zagueiro do Coritiba). Ele marcou um pênalti inexistente que resultou no primeiro gol do Coxa. No segundo tempo, Neno aproveitou a irritação atleticana e fez dois gols, empatando o jogo.

A partida ficou dramática. Guará marcou o quarto gol, mas o artilheiro Neno voltou a empatar o jogo. A vitória só foi obtida nos últimos minutos. Lauro cometeu falta na entrada da área do Coritiba. O goleiro Miro armou a barreira, mas se posicionou mal, deixando o canto direito aberto. Cireno não teve dúvidas: mandou um petardo no canto e garantiu a vitória atleticana.

Com esse resultado, a decisão ficou para um jogo extra. Irritada com a derrota, a torcida do Coritiba depredou a cerca do Estádio da Baixada, em cenas de barbárie nunca antes vistas em nosso futebol. Até os jogadores se envolveram na briga. O médio Lolô, do Atlético, foi atingido com uma garrafada e machucou o braço. Esse episódio causou tanto desgosto no Capitão Manoel Aranha, presidente do Atlético, que acabou motivando seu pedido de renúncia, logo depois da terceira partida da final.

Mais um título sobre os coxas

Com uma vitória de cada time, a decisão do título foi para um jogo extra, sem vantagem para nenhuma equipe, apesar da melhor campanha atleticana. Se ocorresse empate, haveria prorrogação até que se definisse o ganhador. Por sorteio, definiu-se que a terceira partida seria jogada no Estádio Belfort Duarte. O jogo atraiu a atenção de todo o estado. Organizaram-se caravanas do interior e de outros estados para o grande o jogo. No domingo, dia 30 de dezembro, foi aumentado o número de bondes à disposição dos torcedores. A cada dez minutos, partia um bonde da Praça Tiradentes para o Belfort Duarte, carregado de pessoas interessadas no Atletiba decisivo.

O resultado não poderia ser outro: os mais de oito mil torcedores proporcionaram a maior renda de um jogo no estado até então. Ao contrário dos jogos anteriores, essa partida foi mais disputada tecnicamente e não houve tantas jogadas violentas, talvez porque os jogadores tenham ficado intimidados com a arbitragem de fora. Alguns consideraram esse o melhor Atletiba, em termos técnicos, já disputado.

O time campeão de 1945: mais uma vitória em Atletiba


O Coritiba foi melhor no primeiro tempo, mas Caju estava inspirado e parou todas as tentativas. Melhor para o Atlético, que voltou melhor na segunda etapa e abriu o marcador aos 25 minutos. Jackson puxou rápido contra-ataque e tocou para Lilo. O meia lançou Guará na área. O centroavante se enrolou com a defesa, mas conseguiu driblar Lauro e tocar para Lilo, que bateu seco e fez o gol atleticano.

A torcida atleticana já estava comemorando o título quando o artilheiro Neno, autor de quatro gols nos dois jogos anteriores, voltou a marcar. Ele arriscou um chute de fora da área e acertou o ângulo superior esquerdo de Caju, que nada pôde fazer. Na comemoração do gol, o zagueiro Lauro resolveu provocar o atleticanos. Mexeu com Caju e depois com Lilo. O árbitro paulista não fez vistas grossas e excluiu o zagueiro da partida.

O empate no tempo normal levou a decisão para a prorrogação. Com gana de campeão, o Atlético foi para cima disposto a vencer a partida. Aos 8 minutos do primeiro tempo, o zagueiro Augusto se mandou para frente e iniciou a jogada do gol do título. Ele passou pelo ponta Babi e tocou para Cireno. O ponta driblou Fedato e cruzou para Xavier marcar o gol da vitória. Nos minutos finais, o Rubro-Negro ainda criou outras ótimas chances para marcar, mas o goleiro coritibano Miro evitou a goleada.

A festa rubro-negra

Encerrado o jogo, a torcida atleticana invadiu o gramado para vibrar com seus jogadores. O título foi comemorado com uma reedição do "show da vitória" de 1943: festa no Cassino Ahú, jantar na Sociedade Thalia e churrasco no Joaquim Américo. Estava completa a festa atleticana, para todas as classes e todos os torcedores.

Fontes: Hot site dos 80 anos (Furacao.com), Atlético: a paixão de um povo (Heriberto Ivan Machado e Valério Hoerner Júnior) e Futebol do Paraná (Heriberto Ivan Machado e Levi Mulford Chrestenzen)

Matéria originalmente publicada na Furacao.com em 22 de abril de 2008 e adaptada para a final do Paranaense de 2016



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