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19 jan 2008 - 19h04

Repetição

Uma das brincadeiras prediletas do meu tempo de menino era escalar a seleção brasileira. Brincadeira essa da qual participavam pessoas maiores também. Era muito fácil: bastava lembrar o nome do dono da posição em cada um dos grandes clubes brasileiros e escrever numa folha de papel a seleção ideal. Depois, comparávamos com as seleções escaladas pelos outros participantes e daí começava um discussão sem fim. Fulano é pipoqueiro, esse não joga com esse, esse é trombador,etc.Para mim era divertido.

Não sei se essa brincadeira se faz hoje em dia. A última vez que ouvi foi numa transmissão de rádio em 2001 após a vitória do Atlético sobre o Fluminense que nos deu o direito de jogarmos a final do campeonato brasileiro daquele ano. Os locutores e comentaristas, entusiasmados, escalaram oito jogadores do rubro-negro na seleção principal e, de quebra, um do Paraná Clube. De qualquer forma não deve ser muito fácil hoje brincarmos de Dunga, porque existem jogadores brasileiros espalhados pelos mais diferentes mercados do globo. Muitos somente se destacam jogando fora do Brasil pois foram levados com pouca idade para o exterior.Nossos times mudam a cada temporada e é difícil num estádio conhecer os jogadores ou pelo menos a maioria deles numa equipe.Antes os clubes tinham uma base e pouco se alterava de um ano para o outro.

Mas às vezes alguns clubes adotam uma filosofia diferente, menos imediatista e colhem bons resultados. Um bom exemplo é o Santos, que formou seu time campeão de 2002 nos anos anteriores, agüentando pacientemente todas as críticas que eram feitas. Não foi um time formado de uma hora para outra. Muitas vezes a feliz conjugação de craques oriundos das divisões de base e a falta de dinheiro para a contratação de jogadores consagrados dá certo o que acaba gerando títulos e lucros com a venda dos craques.

O Atlético, apesar de não ter produzido nenhum craque nos últimos três anos, segue mantendo a sua base. Pouca coisa se alterou.Poucos jogadores foram embora.Poucos foram contratados.Por um lado isso é bom.Os jogadores se conhecem melhor, o grupo vai ficando mais unido, mais forte e se o futebol é antes de tudo um esporte coletivo, essa união é um diferencial importantíssimo.

Por outro lado, para aqueles atletas que saem deveria haver uma substituição à altura. O São Paulo faz isso muito bem. Para cada um que sai, chega um do mesmo nível técnico.

Vendo e jogo contra o Engenheiro Beltrão na quarta-feira passada notei que o time rubro-negro tem um padrão de jogo, tem entrosamento, os jogadores se conhecem, existem jogadas ensaiadas, tudo fruto da convivência, mas, por outro lado, e essa realidade não pode ser mascarada, falta qualidade técnica.

No gol os três principais goleiros estão num mesmo nível técnico. Joga quem estiver melhor. Hoje o melhor é o Vinícius.Mas não sei porque parece que ele esteve um pouco nervoso nesses primeiros jogos de campeonato paranaense.

A zaga ganhou consistência com o esquema de três zagueiros implantado pelo Ney Franco no campeonato brasileiro passado. Rhodolfo, lançado por Antônio Lopes, foi a maior revelação atleticana do ano passado. Antonio Carlos era o zagueiro que o time precisava.Sóbrio e eficiente (apesar da pixotada que ele deu contra o Engenheiro Beltrão, quando ele perdeu o tempo da bola num mano a mano com o atacante e que felizmente não deu em nada)e Danilo que apesar de ser inferior tecnicamente aos outros dois zagueiros é uma espécie de operário do time, o jogador que mais tempo esteve em campo vestindo a camisa rubro-negra o ano passado e cujo futebol pode melhorar.

Nas laterais, outro operário, Jancarlos, que tem seus truques, mas do qual não se pode esperar muito. Na esquerda, a maior incógnita do elenco: Michel, que tanto pode sair de um jogo como o maior herói, como no ano passado contra Botafogo e Grêmio, como pode entregar o ouro como no único Atle-tiba do ano passado, quando permitiu o cruzamento que deu o gol de empate para eles. Dois novos laterais seriam bem-vindos, mas se for para trazer esquisitices, melhor permanecer com os dois mesmo.

No meio, Valencia e Claiton reinam absolutos. Contra o Engenheiro Beltrão Valencia esteve apagado, o que não é normal e Claiton correu os noventa minutos. Ele fez tudo.Defendeu, roubou bolas, driblou, tabelou e foi para a frente tentar o gol.Além de ser o capitão que há muito o time não tinha.

Na armação e no ataque as coisas complicam. Tudo gira em torno de Ferreira, que é o último remanescente de uma linhagem de craques velozes como Kelly, Lucas, Adriano, Kleber, Jádson, Dagoberto, Fernandinho, Denis Marques e Marcos Aurélio que outrora caracterizavam o Atlético. Os outros dois parceiros do Ferreira dependem do posicionamento dele em campo e da opinião de cada torcedor que queira se meter a Ney Franco.

Está na cara que o Atlético não tem em 2008 dois atacantes como Alex Mineiro e Denis Marques. Rodrigão é um jogador esforçado, mas não está no mesmo nível dos dois que foram. Contra o Engenheiro Beltrão, Rodrigão era a afobação em pessoa. Marcelo Ramos tem história no futebol brasileiro, mas três gols é muito pouco para um matador da fama dele. Geílson ainda não disse a que veio e Pedro Oldoni, apesar do faro de gol não tem ainda a qualidade técnica necessária para ser titular de um time como o Atlético.

Com o que temos eu escalaria o Ferreira no meio, armando o jogo e o Netinho na frente com o Marcelo Ramos. Explico: No jogo de quarta-feira passada o futebol do Netinho cresceu quando ele foi mais para frente no segundo tempo.Antes disso, ficou batendo cabeça o tempo todo no meio dos volantes do Beltrão sem força, habilidade ou velocidade para se desvencilhar deles. O Claiton driblava um monte de jogadores adversários e quando passava a bola para o Netinho, ele perdia fácil para a zaga.Com a bola em velocidade o Netinho é mais perigoso.Além do que, o Ferreira no meio puxaria o contra-ataque com mais velocidade, dada a sua habilidade.Contra o Engenheiro Beltrão o Ferreira esteve perdido lá na frente ( a bola não chegava nele) no meio da zaga, implacavelmente marcado, sem espaço para mover-se e sem contar com um parceiro habilidoso na frente.Se o passe do Claiton encontrasse o Ferreira ao invés do Netinho,poderíamos esperar coisas melhores.

Assim sendo meu time hoje seria: Vinícius, Antonio Carlos, Rhodolfo e Danilo; Jancarlos, Michel, Valencia, Claiton e Ferreira; Netinho e Marcelo Ramos.

Um time praticamente igual ao que Ney Franco tem escalado ultimamente. Quem sabe mantendo a base o Atlético consiga melhorar o retrospecto em relação ao ano passado. Quem sabe tenhamos alguma boa surpresa com o Irênio se destacando ou algum prata da casa despontando como craque. Quem sabe Ferreira ou algum outro jogador importante não seja vendido durante o ano. Já estamos nos acostumando a esse time, mas é preciso que esse time corresponda às nossas expectativas e quem sabe nos dê algum título ou títulos para comemorarmos.Se não se trazem craques então que se mantenha o grupo, dêem chance (no momento certo) aos novatos e se aposte na repetição da escalação e do esquema tático como a chave para o êxito nas competições durante a temporada de 2008.



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